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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

.: "O pior cego é aquele que não quer ver", por Mary Ellen Farias dos Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2022


Vivemos em tempos tão sombrios que brasileiros estão chafurdados num eterno "Caso da Escola Base", quando ainda não havia internet, mas os fatos distorcidos já faziam miséria. Eis que em pleno 2022, com o excesso de tecnologia nas mãos -principalmente dos celulares-, há ainda pessoas optando por consumir desinformação e replicar mentiras. Tudo isso sem punição. Claro! As providências para que as fake news corressem soltas foram tomadas, não é mesmo?!

Ontem, por um acaso, o link de um vídeo no instagram de uma ex-apresentadora de telejornal da emissora do Edir Macedo chegou até mim. Um vídeo descaradamente editado com frases cortadas e juntadas para dar o sentido desejado. E não é que, logo abaixo, nos comentários, os discípulos do "amém" endossaram com críticas pesadas, como se aquela imagem estourada e com cortes grotescos fosse uma grande verdade revelada. 

A informação está aí, só não lê quem não quer ou por não querer derreter o bezerro de ouro de estimação. Pois é! Ignorância tem limites quando se tem de tudo disponível para averiguar e conhecer a verdade. Todavia, há pessoas em pura letargia por total preguiça, afinal, "o pior cego é aquele que não quer ver"!

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

.: Crônica: "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" no Cineflix Cinemas

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em setembro de 2022

Assisti mais uma vez "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa". Delas, duas foram em 2021, primeiro legendado, na estreia, e dias depois dublado. Nesse ano de 2022, com a versão estendida limitada, voltei ao Cineflix Cinemas pela terceira vez, em 7 de setembro, para assistir a produção legendada com mais minutos e, dia 13 foi a vez de rever tudo dublado. Não há dúvida de que eu amo o melhor amigo da vizinhança de todos os tempos.

Tal predileção ganhou força quando eu ainda era uma adolescente e uma foquinha -estudante de jornalismo. Assisti, na primeira fila, a do gargarejo, com o meu namorado -hoje marido-, o ator Tobey Maguire interpretar um nerd zoado na escola que, após ser picado por uma super aranha, passava a lançar teias do pulso e pular de prédios em prédios enquanto combatia os vilões maquiavélicos. 

Era 2002 e saímos da sala de cinema arrebatados. Até então, tudo o que se tinha de filmes de heróis com qualidade era reduzido aos vários filmes do "Batman" ou o primeiro filme dos "X-Men". Tanto é que no ano seguinte saiu "Hulk" -que temos duplicata em DVD- e, apesar dos pesares, amamos assistir nos cinemas também.

Mas o assunto aqui é o cabeça de teia, não o verdão. E surge a questão maior: como não se encantar com aquele herói juvenil sendo também adolescente?! O trunfo maior de "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" (2021) está justamente em reforçar o lado jovem do Peter Parker de Tom Holland. Ainda que tenha lutado com "Os Vingadores", não sabe como agir diante de uma negativa ou por somente querer fazer o bem a todos, apesar de ter a insegurança caminhando lado a lado, o que é típico de todo adolescente. Além disso o longa coloca na telona mais uma vez aquele que representou esse adolescente tão bem lá em 2002.

Ver o Peter de Tom Holland diante de Tobey Maguire, é como uma espécie de espelhamento, mas reformulado para a atualidade. Brincadeira insana que bagunça, fatalmente, as emoções daqueles jovens que hoje estão mais velhinhos e quarentões hoje. E, claro, a entrada de Tobey arrepia e faz escapar lágrimas. Por mais que se lute ardorosamente, é inevitável! Quem curtiu aquele aranha, automaticante volta no tempo e reflete sobre como era e como se está hoje em dia. 

É algo como quando se vê a Xuxa agora, sendo que se cresceu com ela. Neste caso, é você ver alguém que virou adulto junto com você. Ok. O Tobey não era assim tão jovenzinho, mas a mudança física -ele está para virar um cinquentão- é nítida no novo filme em que a equipe de edição, parece ter dado o melhor para preparar o chororô do público. O drama é iniciado com Peter perdendo a tia May. Sim! Tom Holland dá um show nessa cena que cutuca as vias lacrimais. 

Na sequência, acontece a entrada dos outros "Peters" com o fator surpresa. Primeiro surge Andrew Garfield, com o uniforme e depois, entra Tobey sem o traje e com roupas comuns, sendo chamado até de "pastor". De toda forma, mesmo descaracterizado, provoca um turbilhão de emoções! Segurar o choro é impossível. Chorei nas quatro vezes em que assisti.

Afinal, como se não bastasse ter três miranhas atuando juntos na telona, ainda voltam os vilões deles, menos o Venom de Topher Grace. E, mais uma vez é o vilão de Willem Dafoe, o Duende Verde quem taca fogo no parquinho, respingado coisa muito séria para o teioso de Tom Holland. Em resumo: este filme é mais um que me prenderá do início ao fim e sempre que for exibido na televisão, farei questão de rever. 

O drama do excesso de hate, de parte da população, para quem luta pelo bem e a exaltação desmedida pelo vilão Mysterio, que fez o diabo com o teioso no longa anterior "Homem-Aranha Longe de Casa", lança a provocação a respeito do que vivemos hoje em dia: a deturpação dos fatos e lobos em peles de cordeiros, além de certos veículos de comunicação espalhando fake news. Foi nessa quarta sessão do longa que a frase "toda gentileza tem seu preço", dita pelo doutor Norman me fez pensar a respeito. Será?! 

.: Crítica: "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" versão estendida é melhor

.: "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" é filmaço de memória afetiva

* Mary Ellen é editora do portal cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.com.br. Twitter:@maryellenfsm

quarta-feira, 27 de julho de 2022

.: Shopee e EBANX não devolvem valor de reembolso de compra cancelada

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em julho de 2022


A novela da falta de devolução do meu reembolso com a Shopee/EBANX começou com o cancelamento da compra de uma camisola no valor de R$ 19,22, feita em 5 de maio. Motivo? O vendedor não fez o envio do produto e a própria plataforma de compras fez a anulação. Aguardei um bom tempo, mas o dinheiro não foi devolvido em conta. Tentei o chat, no qual não tive a orientação de um atendente que fosse. Somente a opção de clicar em respostas automáticas que me indicaram que o valor seria devolvido dentro de no máximo 15 dias.

Na sequência, tive outra compra -feita em 1 de junho- cancelada por falta de envio do vendedor, desta vez foi um boneco do Gênio, do Aladdin, no valor de R$ 65,00. Assim, o valor a ser devolvido somente foi crescendo e nunca devolvido a mim. Eis que passado algum tempo, recebi a mensagem, no próprio aplicativo da Shopee, de que os pagamentos dos reembolsos foram aprovados e que havia a necessidade de cadastrar uma conta para que o pagamento fosse processado. 

Eis o grande imbróglio: a conta está cadastrada há tempos, inclusive, recebi todos os reembolsos anteriores da própria Shopee/EBANX. De compras realizadas da mesma maneira que essas: boleto. Sendo assim, a plataforma mandou aguardar o prazo de 15 dias -no caso, mais outros 15 dias. Como nada aconteceu. Enviei um e-mail e recebi uma resposta padronizada de que a devolução estava em processo e que eu aguardasse mais 15 dias. 

A verdade é que os tais 15 dias foram dados a cada vez que entrei com o pedido de reembolso e nunca consegui a devolução do total das compras. E, claro, com tanta enrolação, tive uma terceira compra cancelada por falta de envio do vendedor, desta vez no valor de R$ 10,99 -compra de uma máscara capilar reconstrutora. 

Cansada, entrei em contato via Twitter, no qual fui informada de que a devolução estava para ser realizada e que eu deveria esperar de 7 a 15 dias. Hoje, dia 27 de julho, completam os tais 15 dias e sigo sem receber os reembolsos, que, agora, somam R$ 95,21. Resumo: o mês de julho está no fim e ainda não recebi o reembolso das minhas compras, uma paga no dia 7 de maio, outra no primeiro dia de junho e a última paga em 7 de julho.

Tentei todas as formas de contato que somente estenderam o prazo, mas nunca solucionaram o problema. Agora, vejo como única forma de solução procurar o PROCON, uma vez que no grupo de compradores da plataforma há a mesma e repetitiva reclamação: a tremenda dificuldade da Shopee/EBANX em fazer o reembolsos das compras canceladas. 


* Mary Ellen é editora do portal cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do www.photonovelas.com.br. Twitter:@maryellenfsm


quinta-feira, 21 de julho de 2022

.: Crônica: a mulher da casa abandonada que virou um circo

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2022


Acredito que tenha pouco mais de duas semanas que meu marido veio puxar papo sobre a história da mulher da casa abandonada que conhecera num podcast. Veio me dizendo como se fosse uma novidade. Contudo, eu já sabia do que se tratava, por estar em grupos de relatos sobrenaturais. Num deles, há coisa de um ano, alguém deu um jeitinho de mencionar o caso da mansão localizada em Higienópolis. 

"A Mulher da Casa Abandonada", o podcast sobre a trama criminosa, inteirou meu marido e outras pessoas sobre essa "assombração". Tanto é que a narrativa ganhou proporções assustadoras sobre Margarida Bonetti. O que ela realmente fez? É acusada de explorar e agredir uma empregada, ao lado do marido, René Bonetti, quando moravam nos Estados Unidos. 

Enquanto ele cumpriu pena em solo americano, Margarida refugiou-se no Brasil, onde viveu com a mãe, na tal casa que hoje está em processo de degradação, até ficar sozinha. Eis que aos 78 anos, com a história alcançando a opinião pública, Margarida passou a ser vigiada -em tentativas de fotos de bisbilhoteiros para ganhar likes nas redes sociais- e ameaçada -por meio de pichações. Foi assim que o espetáculo começou.

A cereja do bolo veio na quarta-feira, dia 20 de julho de 2022. Enquanto a polícia cumpria um mandado, a mídia marcou presença e transformou tudo num grande circo. Diante das câmeras, a mulher discutiu com a polícia que arrombou a mansão, enquanto que na internet, foi exibido ao vivo o resgate de um cachorrinho. Nas palavras de um apresentador, a mulher fora abandonada pela família nesses 20 anos, logo, uma vítima. Em contrapartida, por fora da mansão, a grande plateia xingava Margarida.

Eis o problema de um caso sério cair na pauta do jornalismo sensacionalista. Não só por transformá-lo num completo show de horrores estampado em todos os meios, mas por colocar em segundo plano, de certa forma, o verdadeiro crime cometido. Será que alguém lembra que a senhora é acusada de manter uma pessoa em condições análogas à escravidão?!


*Editora do portal cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

quinta-feira, 9 de junho de 2022

.: Espetáculo "Brilho Eterno" prova que Jorge Farjalla é o Tim Burton brasileiro

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2022


"Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" com Jim Carrey e Kate Winslet é indiscutivelmente um filme emblemático. Mas, como trazê-lo para o teatro? A curiosidade é ainda mais potencializada, sendo "Brilho Eterno" uma montagem na visão do diretor Jorge Farjalla, a mente brilhante dos espetáculos "Senhora dos Afogados" e "O Mistério de Irma Vap"

Consequentemente, espera-se o espetacular da produção que tem idealização, direção e encenação de Farjalla. E é o que se vê no palco do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Ao centro, uma grande caixa, que ora abre, ora fecha. Ora clareia, ora escurece. Assim, Farjalla prova ser o Tim Burton brasileiro. Enquanto trabalha os dois lados da moeda, numa história de amor que emociona, toca, leva ao palco muito do gótico, com espaço para algum elemento em cor vibrante. Seja um coração ou uma rosa.

Nesse jogo da dualidade visual, luz e escuridão dão o tom da trama protagonizada por Jesse (Reynaldo Gianecchini) e Celine (Tainá Müller). A estética impecável das cenas conversa e enriquece o texto a ponto de dar força na leveza romântica do Jesse de Gianecchini -com toques de Jim Carey e que também remetem ao personagem Sheldon Cooper, de "Big Bang: A Teoria"- ou na energia amalucada e apaixonante impressa por Tainá Müller para Celine. 

"Brilho Eterno", narrado de forma não-linear, apresenta um novo texto dinâmico, divertido e atual, incluindo o mal que tirou vidas e o teatro de cena, nos últimos anos, a pandemia. Elemento que também se conecta aos seres soturnos que sacodem capas pretas e usam máscaras da peste negra. Assombrosos e determinados a darem fim ao que lhes incomoda: o amor. 

Assim, há muito mais a se testemunhar na história de Jesse e Celine, casal fascinado pelo filme de 2004 -embora ela nem tenha mais onde assistir o DVD-, alvo de figuras-chave interpretadas por Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian. Sejam pragas que desacreditam no amor ou encenações perfeitas das tentações. Com empenho e insistência, descobre-se que o amor é de sentir e, para isso, não há tratamento ou cura. 


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

Serviço
"Brilho Eterno"
Apresentado por Ministério do Turismo e São Leopoldo Mandic
Patrocínio de Seguros Unimed e Petro Rio
Temporada: de 25 de março a 12 de junho de 2022.
Local: Teatro Procópio Ferreira (R. Augusta, 2823 - Cerqueira César) - Informações: (11) 3083-4475
Gênero: comédia romântica | Duração: 70 minutos | Classificação etária: 12 anos
Sessões e horários: sexta-feiras (21h), sábados (17h e 21h) e domingos (18h)
Ingressos: a partir de R$ 35 -  À venda em www.sympla.com.br e na bilheteria do teatro.
Preços (válidos para todas sessões)
Setor 3: R$ 35 (meia-entrada) e R$ 70 ( inteira)
Setor 2: R$ 75 (meia-entrada) e R$150 (inteira)
Setor 1: R$ 90 (meia-entrada) e R$ 180 (inteira)
Capacidade: 636 lugares, incluindo 7 poltronas adaptadas para obesos e 12 lugares reservados para cadeirantes.
Bilheteria – Horário de funcionamento: Terça e quarta-feira das 14h às 19h; de quinta a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Abertura da casa: 1 hora antes de cada espetáculo.
• Aceita todos os cartões de crédito.
• Não aceita pagamentos em cheque.
• Não aceita reservas.
• Ar-condicionado e acesso universal.
• Não são permitidos alimentos, câmeras fotográficas e filmadoras no interior da sala.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

.: Crônica: só não gosta de ler, quem não encontrou o livro certo

Por Luciana de Gnone*


Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro revelou que o brasileiro lê em média 4,96 livros por ano. Pode parecer bastante, mas os franceses, por exemplo, chegam a ler mais de 20 obras no mesmo período. O que explica então o desinteresse pela leitura, especialmente entre os mais jovens, no nosso país?

Acredito que estas estatísticas negativas sobre leitura estão, em parte, ligadas à obrigatoriedade de ler os grandes clássicos da literatura brasileira durante o ensino básico. Não me entenda mal, não estou criticando os clássicos, longe de mim.

O que quero dizer é que a maioria das pessoas tem dificuldade em ler e interpretar a linguagem rebuscada dessas narrativas. Esta formalidade, aliada à obrigação imposta sobre estas leituras, acaba criando um afastamento entre os jovens e a literatura que infelizmente se estende para a vida toda.

Há algum tempo, em uma conversa de família, soube que minha sobrinha de 15 anos, que até então não gostava de livros, finalmente descobriu sua paixão pela leitura. Isso aconteceu porque ela estava lendo um livro que despertou seu interesse.

Este caso retrata minha crença que defendo quase como um mantra: a pessoa diz não gostar de ler até ler um livro que gosta. Não acho que o ser humano seja avesso à leitura. Acredito apenas que cada um tem estilos, gostos e interesses diferentes.

Desde que comecei a escrever romances profissionalmente, tento reverter este movimento contra a leitura que parece ter se enraizado na nossa cultura. Na verdade, todas as pessoas que não leem hoje são potenciais leitores, basta encontrar o livro certo.

Como escritora, uso meu ativismo pró-leitura para enfatizar a importância dos livros no desenvolvimento humano. Inclusive, costumo indicar três caminhos para quem não gosta de ler descobrir como identificar os títulos certos para investir seu tempo.

Para saber quais são os seus gêneros literários preferidos, basta analisar os filmes e séries que você mais assiste. Depois, vale procurar os trabalhos de autores destes gêneros e ler resenhas de livros escritos por eles para encontrar aquele que mais chama a sua atenção.

Tem ainda a regra 80/20: se você leu 20% do livro e não gostou, o melhor é deixá-lo de lado e começar uma nova leitura. Se até ali você não se encantou por aquela história, talvez não seja o livro certo ou mesmo o momento ideal para ele.

Se você conhece alguém que se encaixa neste perfil de brasileiros que não gostam de ler, sugira estas técnicas. Pode ser o incentivo necessário para que mais uma pessoa descubra o potencial dos livros e se apaixone pelo universo mágico da literatura.

* Luciana de Gnone é escritora e autora do suspense policial “Evidência 7: Segredo Codificado”.


.: Evidência 7: além do "quem matou" e mergulho na mente do assassino

domingo, 13 de fevereiro de 2022

.: Ri Happy entrega produto igual a lixo e tacha cliente de inerte


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


Passou uma semana inteira da reclamação feita sobre a entrega de produto em estado deplorável que chegou a mim, da Ri Happy, em 4 de fevereiro. Até dia 11, nenhuma resposta me foi dada, mesmo com a reclamação aberta no Procon. Decidi procurar alguma mensagem na rede social em que entrei em contato. Lá pediam os meus dados, enviei. Rapidamente, tive a devolutiva, às 15:47:

"Muito obrigado pelo envio dos seus dados, Mary! Já enviamos o seu caso ao setor responsável e assim que tivermos um retorno entraremos em contato, tá bom? Permanecemos à disposição."

Respondi: "Ok". Depois, às 16:33, recebi a seguinte mensagem:

"Oi, Mary. Verificamos que você abriu caso no Procon. Dessa forma, prosseguiremos com a tratativa e atendimento por lá, tá bom? Permanecemos à disposição."

Respondi mais uma vez: "Ok".

Eis que ao consultar os vários documentos anexados ao caso, encontrei a resposta da Ri Happy no Procon. Detalhe: a devolutiva foi enviada pela empresa somente na sexta-feira (11/02), às 18:10, ou seja, após eu voltar a procurar a Ri Happy no Facebook e enviar os meus dados é que o caso teve uma devolutiva aleatória. Tudo isso sem contar com o perigo que a empresa me expôs, solicitando o envio de dados por rede social. 

Contudo, o absurdo não ficar por aqui. Pasmem! A Ri Happy tirou print da minha reclamação via Facebook e anexou junto ao Procon. Sim! Com minha foto e tudo. Nem se deu ao trabalho de somente usar a conversa, privada, que é o que importa para a reclamação. 

Eis que a devolutiva junto ao Procon foi o pedido de arquivamento e, eu, cliente, compradora, ainda fui chamada de inerte pelo jurídico da Ri Happy, além de ter minha mensagem privada exposta. Com que direito esso tudo é feito?! Que acinte!

Na rede social, apenas apontei o problema na entrega do produto que chegou em estado deplorável e avisei que iria procurar o Procon. Assim o fiz para que a empresa resolvesse o problema, não busquei conversa fiada em rede social. 

Assim, o caso que data de 04/02, com mais de uma semana, segue sem resolução. Sigo eu, com a minha compra parecendo lixo, fui mais uma vez humilhada, agora como uma pessoa com inércia -por não responder rede social, no caso, enviando meus dados pessoais, os quais já estavam no Procon- e o jurídico ainda tem a audácia de solicitar arquivamento do caso sem a resolução devida e solicitada por mim desde o início. 

Quero o produto que comprei em perfeitas condições, em caixa lacrada e não igual a um lixo, que foi o que recebi. 

Qual será o limite da empresa que desrespeita o cliente, por vezes seguidas, tendo a compra em mãos toda avariada?! É de indignar qualquer um o tratamento abusivo que venho recebendo da Ri Happy!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


.: Compre na Ri Happy Brinquedos e receba o produto igual a lixo!


domingo, 6 de fevereiro de 2022

.: Compre na Ri Happy Brinquedos e receba o produto igual a lixo!



Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


Uma boneca colecionável que desejo há tempos. Eis que apareceu uma propaganda do item com um preço muito atrativo. Pensei: - Chegou a minha vez de tê-la! Gerei o boleto, paguei na segunda-feira (31/01) e aguardei a entrega, que aconteceu na sexta-feira (04/02). 

No mesmo dia, de tarde, recebo uma mensagem de zap da minha mãe avisando que havia sido entregue uma caixa toda amassada e fotografou o estado da encomenda. Sim! Tudo o que compro vai para a minha mãe, pois lá há portaria e nunca tive problemas com o recebimento, diferente de quando vinha para a minha casa. 

Compro muito, mas muito mesmo pela internet, inclusive de fora do Brasil. Nesses anos todos, nunca recebi algo novo em estado de lixo. Eis que chegou o dia e veio especialmente com o nome da Ri Happy Brinquedos. Aliás, até mesmo o nome da loja está enquadrado no amarrotado da embalagem. Contudo, o mais assustador foi que o cara-de-pau do entregador teve a audácia de dizer ao porteiro do prédio que a caixa só estava amassada, pois o produto estava inteiro. Mais descaso?! Desconheço!

Ao ver aquilo, fotografei, filmei o produto e procurei o SAC da Ri Happy, no site. Resultado: tentei por vezes enviar a reclamação com foto, porém nas diversas tentativas, a mensagem com anexo não prosseguiu.

Assim, antes de procurar o Procon, achei melhor enviar uma mensagem inbox, no Facebook para a Ri Happy.

"Fiz uma compra que foi entregue pior do que lixo. Contudo, trata-se de um item colecionável. O prédio tem portaria e o produto foi recebido. De acordo com ele, o entregador disse que apesar do estado da caixa, o produto estava inteiro. Ora! Trata-se uma entrega que além de estar com a caixa estragada, ainda estava violada -a ponto de o entregador afirmar que o produto estava inteiro. 

Quero saber qual é a posição da Ri Happy quanto ao ocorrido, uma vez que realizei uma compra, não recebi uma doação. No aguardo de um posicionamento antes de eu entrar no Procon."

No sábado, dia 5 de fevereiro, tive o seguinte retorno.

"Oi, Mary! Sentimos muito pela situação, esse não é o padrão de serviço que gostaríamos de proporcionar aos nossos clientes. Você pode nos informar se deseja solicitar a devolução, por favor? 

Você pode nos passar nome completo e CPF do comprador, telefone, e-mail e número do pedido, por favor?

Mesmo se optar por não prosseguir com a devolução, precisamos dos dados para encaminhar seu caso ao setor responsável para que tomem as devidas providências, ok?

Estamos à disposição, aguardamos o retorno."

Ué! Se eu procurei a Ri Happy fazendo uma reclamação é óbvio que quero o item novo, na caixa lacrada e em perfeito estado. Não a devolução do dinheiro e seguir sem o item que ainda tem disponível no site e lojas. 

Com o péssimo serviço realizado até a entrega, eu enquanto cliente, recebi um produto deteriorado e, de brinde, uma dor de cabeça. Claro! Terei de resolver essa, sendo que se a Ri Happy tivesse embalado adequadamento e o entregador não tivesse feito uma pilha em cima dessa caixa, nada disso teria acontecido.

Detalhe: a portaria do prédio da minha mãe não é responsável por recusar uma entrega e muito menos de manter uma caixa amassada na cabine para realizar a troca para mim. Tudo o que quero é o que comprei, a boneca com a caixa em perfeitas condições. No momento, o que garanti foi um gasto para receber um lixo e uma baita dor de cabeça. 

A ironia vem pronta e estampada na mesma caixa deteriorada: OBA! Meu brinquedo chegou! Revoltante!

Agora é esperar a solução no Procon!

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm



sábado, 5 de fevereiro de 2022

.: Crônica: teorizadores do achismo espalham aleatoridades como verdades

Ilustraçao de Banksy

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em fevereiro de 2022


Quem me conhece, sabe o quanto eu detesto o Facebook. Ao meu ver, é uma rede social que foi transformada da pior forma. Aliás, já começou mal. Até implicou no encerrado do Orkut. Sei que o zap é, indiscutivelmente, o meio mais usado para disseminar ideias aleatórias e infundadas. Contudo, a rede social do tio Zuck, não fica tão atrás. Para tanto, aproveito o espaço para refletir a respeito de uma das "Teorias Facebookianas".

Lembro-me de que na época da rede social em que era preciso ser convidado para entrar, existiam comunidades em que se discutiam teorias. De todos os tipos. Com discussões e exposições de ideias. Tudo com respeito. Uma comunidade muito movimentada, era justamente sobre a das teorias do seriado "Lost", sucesso do momento. Embora fossem suposições somente para a história de um seriado, havia uma preocupação em se ter fundamento para convencer os membros participantes. 

No entanto, após tantos anos, tudo o que se vê exposto e defendido, como verdade absoluta, muito disso no Facebook, são insanidades tiradas de delírios. Assim, ideias medíocres, sem sentido, são livremente disseminadas. Hoje em dia, o que mais temos na internet são os achadores do nada.

Lembro de quando estava numa conversa e desconhecia o assunto a fundo, simplesmente me calava. Era hábito procurar saber e não ostentar a falta de conhecimento. Para tanto, logo se pesquisava sobre em livros ou ainda se esperava dar meia-noite para plugar o fio do telefone no computador e tentar encontrar mais informações em sites confiáveis. 

Hoje em dia, ser ignorante, nas mais variadas leituras do termo é sinônimo de lacre puro. Assim, os que nada sabem bradam verdades próprias, sem conhecimento de causa e buscam sempre coro. De fato, uma mentira muitas vezes repetida torna-se uma verdade, ao menos para os de mente fraca. 

Eis que vi entre os comentários de uma notícia, no Facebook, sobre a pandemia um achismo curioso. Segundo o achista, pessoas com sangue do tipo O não se infectavam ao dizer que conhecia alguém que tinha tido contato com o vírus e não havia se contaminado. Abaixo, surgiram diversos apoiadores, enquanto que outros deram exemplos de que aquela teoria era furada. 

Como era sabido, a pessoa que levantou a teoria fundamentada no achismo puro, simplesmente partiu para a ignorância com os que exemplificaram os casos em que pessoas de sangue O foram infectadas, até mesmo ficaram em estado grande ou dos que faleceram. Claro! A pequena amostra de uma pessoa não infectada, para a achista da vida, tinha mais valor do que todos aqueles casos relatados. 

Enfim, o meme "corram para as colinas" faz cada vez mais sentido, embora estejamos em 2022.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm



segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

.: "Fique em Casa", uma crônica sobre o "BBB", de Alexandre F. Azevedo


O escritor Alexandre F. Azevedo escreveu uma crônica sobre o "Big Brother Brasil", que estreia nesta segunda-feira, dia 17 de janeiro. "Fique em casa" faz parte do livro recém-lançado "Conversando com Paredes", sobre a casa mais vigiada do país. Com lirismo característico, Alexandre comparou a saída da casa com a pandemia. Confira!


"Fique em Casa"

Por Alexandre F. Azevedo*

— Alexandre… (Longa pausa dramática.) Com 87% dos votos, foi você o escolhido. Seu tempo na casa chegou ao fim. Vem viver sua vida aqui fora!
— Ei, espera aí. Assim, de supetão?
— Como “de supetão”? Já é seu quinto paredão e sua mala inclusive está pronta aí do seu lado.
— Mas eu achei que era só jogo de cena, pra manter a audiência ligada até o final.
— Não, infelizmente não é jogo de cena. Vem! Sua família te espera.
— Você só pode estar maluco. Meus pais já têm mais de 70 anos, não posso ter contato próximo com eles não.
— Olha, eu sei que é difícil se desfazer desse sonho, mas chegou a hora de você encarar a realidade aqui fora. Tem muita coisa boa te esperando!
— Tipo o quê?
— Você agora é uma celebridade. Não vai mais conseguir andar na rua sem ser assediado, pessoas querendo uma selfie pra postar no Instagram, esse tipo de coisa…
— Como assim? Assédio, selfie? Na cartilha que vocês nos mandaram estava escrito em caixa-alta: EVITAR O CONTATO PESSOAL!
— Olha, realmente aconteceu esse probleminha…
— Probleminha? Também estava escrito que não era pra acreditar de modo algum em quem dissesse que era apenas um “probleminha”. Não estou entendendo mais nada, achei que eu entraria nessa casa e sairia com a minha situação resolvida, mas pelo visto me dei mal.
— Alexandre, eu sei que você está preocupado e não tiro sua razão. Estamos em um momento difícil, mas que passará, como tudo na vida. Veja pelo lado bom, agora você é uma pessoa pública e pode ajudar a conscientizar a população.
— Mas quem irá me reconhecer, se sou obrigado a sair de máscara?
— Você pode fazer lives dentro da sua casa mostrando como pode ser boa a vida no confinamento, afinal você já tem experiência no assunto.
— Uma coisa é me divertir numa casona dessa, com festa toda semana, bebida e comida à vontade, tempo livre, gente bonita, piscina, academia e o escambau; outra é ficar preso naquele meu quarto e sala, com vista pra parede do outro prédio e uma internet que cai o tempo inteiro.
— Infelizmente, não podemos nos responsabilizar por tudo que acontece após o programa. Cada um tem que achar um jeito de se inserir no mundo aqui fora. O próprio Rubinho, que saiu no último paredão, tá fazendo um sucesso danado confeccionando máscaras com rostos de ex-BBBs. Se a pessoa quiser sair sem ser notada, é só escolher a cara de alguém que participou dos programas mais antigos que é batata.
— Quer dizer que eu posso usar uma máscara com meu próprio rosto impresso?
— Claro, tem gosto pra tudo. Vem, o Brasil te espera!
— Bom, pelo menos ainda posso fazer presença em festas.
— Não existem mais festas.
— Como assim?
— Acho que falei besteira — murmurando baixinho.
— O quê?
— É isso mesmo, as festas foram proibidas.
— Como vou me sustentar sem fazer presença em festas? Torrei todo o meu dinheiro pra clarear os dentes e fazer uma abdomino plastia. Não sobrou mais nada.
— Você tem smartphone?
— Tenho.
— Então… Você pode baixar um aplicativo que vai te dar direito a receber uma ajuda do governo.
— Que bom… Quer dizer que não vou passar aperto? De quanto é esse auxílio?
— Seiscentos reais.
— Seiscentos reais?}
— Isso.
— … Tá, mas e a Solange? Ainda está me esperando aí fora?
— Bom… Você sabe que ela saiu logo na terceira semana… Olha, eu não vou te enrolar não, ela está morando com o Rubinho.
— Mas o Rubinho saiu daqui semana passada jurando que ia voltar pra Ju.
— Ju?
— Ju, a que saiu na primeira semana.
— Ah, lembrei. Aquela lourinha, né?
— A própria.
— É tanta gente que fica difícil de lembrar. Pois é, ela ficou com medo da pandemia aqui no Brasil e viajou pra longe.
— Foi para onde?
— Nova York.
— Sorte a dela, hein?
— Vamos mudar de assunto? Tenho certeza de que você fará muito sucesso quando sair da casa. Inclusive, existe a chance de você ser recebido pelo presidente da república! Tá cheio de gente querendo saber sua opinião sobre a cloroquina.
— Cloro o quê?
— Esquece. Vem, Alexandre, vem brilhar aqui fora!

*Alexandre F. Azevedo é médico, músico e escritor, lançou a coletânea de crônicas "Conversando com Paredes" pela editora Labrador, publica textos sobre as suas percepções de mundo no Instagram @conversandocomparedes





sábado, 1 de janeiro de 2022

.: O que o filme "Don't Look Up" nos ensina sobre privacidade

Por Francisco Gomes Júnior


Nos últimos dias um filme lançado pela Netflix tem dado o que falar. “Don’t Look Up” ou “Não olhe para cima” é um dos assuntos mais comentado em todas as mídias sociais. Com um elenco repleto de estrelas como Leonardo Di Caprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e Jonah Hill, o filme conta ainda com a participação da cantora Ariana Grande.

O filme causa controvérsia pois vê-se nele um retrato de nossa realidade. Sem dar spoilers, a história apresenta um mundo polarizado, uma imprensa de ética questionável, políticos sem escrúpulos e negacionistas de verdades científicas. O filme apresenta aspectos jurídicos relevantes de nossos dias, a começar por um mundo onde todos são monitorados, vigiados por celulares, redes e celulares desenvolvidos para esse fim.

Na trama, uma gigante de tecnologia controla o mundo digital, diminuindo a capacidade opinativa crítica de seus usuários e o CEO da empresa é considerado um guru tecnológico, um visionário do futuro. É uma mistura de Steve Jobs, Zuckemberg e Elon Musk.  O que se retrata é como as big techs capturam milhões de nossos dados sem que percebamos quando navegamos pelas redes sociais, aplicativos de conversação ou programas para fins específicos como treinos ou dietas. Elas possuem nossos dados pessoais, inclusive os sensíveis, sabem o que você curte, o que comenta, o que compra, enfim, sabem mais de você que você mesmo.

Leonardo Di Caprio interpreta o cientista que, juntamente como sua assistente Jennifer Lawrence quer comunicar ao mundo uma importante descoberta. Com o desenvolvimento da trama, as dificuldades para efetivar a comunicação vai crescendo, culminando com a parte final do filme, bastante tensa. O filme traz uma reflexão para nós brasileiros, se todos os nossos dados estão disponíveis nas mídias sociais, se sabemos inclusive que são vendidos na dark web e se os sistemas públicos e privados são com frequência alvo de invasões, será que a LGPD (Lei Geral de Proteção dos Dados) será suficiente para conter os abusos? Ou será que, como na película, as big techs irão capturar inclusive os poderes públicos?


De fato, no filme nenhum de nós de forma individual tem muita autonomia na gestão de seus dados pessoais. E somos estimulados a consumir novos aplicativos que as gigantes da tecnologia nos disponibiliza, sempre com novos avanços tecnológicos e novas funcionalidades. Se é inevitável em um mundo cada vez mais digital esse domínio crescente pelas mídias sociais e pelas empresas que as administram, como evitar um futuro catastrófico, sem nenhuma privacidade ou escolha sobre quais dados concordamos em disponibilizar?

Se muitos dizem que o filme é um retrato e até uma visão de nosso futuro, devemos torcer para que o final de nosso mundo não seja o mesmo da trama. E estamos em um momento chave, pois invasões de hackers estão ocorrendo e expondo dados de usuários, inclusive retirando aplicativos públicos por muitos dias do ar. Se a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) demonstrar que sancionará com equidade empresas públicas e privadas e atuar para que tenhamos uma cultura de cibersegurança, iremos evoluir, aguardemos.

Se você ainda não assistiu “Não olhe para cima”, assista e participe do debate que vem tomando nossas mídias nos últimos dias. E reflita sobre a importância de ser cada vez mais cuidadoso com seus dados pessoais.

Francisco Gomes Júnior - Advogado Especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Instagram: fgjr


.: Crítica: "Não Olhe Para Cima", comédia faz público rir da própria desgraça


.: Shopee: Feliz Ano Velho com venda de livro novinho e envio de brinde

Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em janeiro de 2022


Lidar com o outro é sempre uma tarefa árdua. De fato, o ser humano é muito complicado. Quando o assunto envolve o mínimo valor que seja, muito pode mudar de figura. Tudo começou com o interesse na compra de um livro. Tendo dois perfis, fez a mesma abordagem de "dar desconto como primeira compra". Pensei: "Não tenho uma loja de departamento com tantas opções de escolha, mas tudo bem". Aceitei. Quando queremos nos desfazer do que está além em nossa casa, acabamos aceitando certas propostas. 

Após a abordagem inicial, o comprador sumiu por mais de um mês até que no dia 22 de dezembro fechou a compra clicando na oferta de R$ 20,00. Mesmo o livro estando anunciado por R$ 30,00, lá fui eu tentar emitir a etiqueta. Sem sucesso, os sites dos Correios estavam fora do ar.

No dia 24, cedo meu marido foi procurar onde imprimir a etiqueta que foi emitida na noite anterior. Claro! O lugar estava fechado. Contudo, tínhamos um velório e enterro para ir. De qualquer forma, o pacote do livro tinha sido aprontado anteriormente, tendo junto do livro comprado, um outro de brinde.

Encontramos um lugar para a impressão e o pacote seguiu viagem.

No dia 30, o comprador puxou conversa no chat. Pois é! O vendedor tem a obrigação de responder ou recebe como punição a diminuição da porcentagem no espaço de atendimento como avaliação da loja. Logo, é preciso dar uma devolutiva a cada nova mensagem.

Após tantas perguntas que tentei responder enquanto limpava as minhas janelas de casa, por volta das 18 horas, no mesmo chat, o comprador alegou não ter recebido o livro, embora estivesse computado com encomenda entregue. Foi, então, que a história daquela "amizade repentina de chat" virou do avesso. 

E eu que tinha enviado o livro apesar de toda a dificuldade para impressão da etiqueta, enfrentar um velório e enterro, além da fila nos Correios, no dia 24 de dezembro, passei a ser a culpada pelo comprador não ter recebido o produto. Sim! Fiquei como a responsável pelo não recebimento do produto que constava como entregue.

Assim que li a justificativa de que a culpa de não ter recebido o tal livro era minha, enviei foto do comprovante de postagem com a observação: "Comprador iniciou conversa no chat dizendo estar sofrendo problemas de entrega com a Shoppe. Após longa conversa, entrou com o pedido de reembolso alegando não ter recebido o livro que foi com brinde."

Não satisfeita, voltou ao chat para me intimidar, inclusive usou outro perfil na plataforma de vendas. Contudo, assinalou a opção de recebimento do livro para deixar a seguinte avaliação com uma estrela: "Só pra deixar bem claro que estou saindo no prejuízo, pois confirmei o recebimento sem de fato receber o produto, não que isso seja culpa da vendedora mas a contestação dela foi totalmente sem fundamento, e ainda com insinuações a meu respeito que me magoaram demais, mas fica o aprendizado."

Ao ler isso, não há como ficar intrigado por toda a narrativa em que fui envolvida. Qual o intuito de forçar conversa no período da tarde e pedir por vezes meu número alegando que deixaria de usar a plataforma de vendas? Claro que não passei. Do contrário, minha lojinha seria banida dali. Por que assinalou ter recebido já que não o fora entregue?

Eis que respondi: "um livro novinho anunciado por R$ 30.00, feito a R$ 20.00 para ter 18% descontado, enviado na véspera de Natal, saindo de um velório e enterro, paguei a impressão da etiqueta para logo mandá-lo e seguiu viagem com brinde. Eis que fui tratada no nível do comentário acima. 

Assustador é que a mesma passou a tarde escrevendo no chat, mostrando preocupação com a não chegada das compras que faz na plataforma, alegando que deixaria de usá-la. O que a fez insistir na troca de números de telefones, ação proibida em plataformas de vendas.

Não se culpa o vendedor por não envio ou o ameaça, inclusive por meio de outro perfil, quando um produto consta como entregue, sendo que você não o recebeu. É preciso buscar quem assinou pelo recebimento, nos Correios, para que quando tiver o produto em mãos possa, de fato, confirmar o recebimento dele.

Basta ver meu histórico de vendas, nunca fui de destratar ninguém. Esse não é o meu modo de agir. 

Sou compradora. Aliás, muuuuuuito mais compradora do que vendedora nessa plataforma, portanto entendo muito bem o lado do comprador. 

Situação descabida, mas é vida que segue."

A verdade é que paguei R$ 2,00 pela impressão da etiqueta, logo esses foram os R$ 16,86 mais infernais da minha vida. Contudo, não deixarei de anunciar na minha lojinha, ainda que, mesmo enviando os prints das abordagens para a Shopee, incluindo a forçação para eu dar o número, nenhuma atitudade foi tomada. 

No fim, é preciso contar que do outro lado tenham sempre boas pessoas.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

.: Meu singelo adeus ao mestre Dirceu Fernandes Lopes



Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em dezembro de 2021


Há uma semana, maridão nem bem esperou eu abrir os olhos quando me disse que o professor Dirceu Fernandes Lopes havia falecido. Assim que entendi a mensagem, bateu uma sensação inexplicável de perda. Eu me formei na UniSantos, em 2004, e ele não chegou a ser, efetivamente, professor da minha turma. Uma lástima.

O Dirceu foi nosso professor substituto -o que era sempre uma surpresa. Sendo assim, o certo era sempre chegar no horário para não levar uma chamada dele, diante de todos. Vergonha! Eu adorava quando era ele. Até hoje repito o comentário que fazia sobre a fraca programação televisiva e os realities que estavam começando a emplacar: "isso faz a orelha de burro crescer". 

Ele podia fechar a cara para atrasos, mas sabia sorrir de modo acolhedor. Era a caricatura de um homem bravo: voz de trovão, sobrancelhas arqueadas e um bigodão. Como não tremer de medo de errar com ele? Foi nessa condição que eu o conheci. Não que antes eu não tivesse ouvido falar muito de Dirceu Fernandes Lopes. Havia unanimidade quanto o nome Dirceu: ele uma lenda para os alunos da FACOS, localizada na Rua Euclides da Cunha, em Santos. 

No primeiro dia da turma com o mestre, ouvimos a peripécia de ele ter jogado um celular pela janela. Um aviso direto para caso o de algum aluno presente chegasse a tocar durante a aula. Bem, eu nem tinha um. Minha obrigação era prestar atenção e anotar os ensinamentos. E são tantos repetidos por nós até hoje.

Se tenho mania de falar "Juízo, hein!", é por causa dele. Brincava comigo e meu namorado -que hoje é meu marido-, mas sempre terminava a conversa dando esse alerta. A verdade é que o professor Dirceu tentava assustar, mas logo descobríamos que ele era muito do bem, tal qual um paizão. 

Dava medo quando ele pegava os nossos textos, mas a devolutiva era de orgulho para quem recebia. Grifava tudo o que achava importante e fazia anotações. E até comentava com a gente sobre as ideias abordadas. Ele realmente lia o que tínhamos escrito. Isso conta muito quando somos foquinhas. 

Claro que quando comecei a dar aula de Redação para o ensino médio, muitas das minhas manias vieram dele! Como deixar de se lembrar do "Momento Mágico" quando ele premiava os textos dos alunos com livros? Outro hábito replicado por mim e meu marido.

Além das brincadeiras e conselhos dados nos corredores da antiga FACOS fica uma outra lembrança muito viva. Ao terminar a conversa, numa modalidade de despedida própria, o professor dava uns petelecos na barriga -dos rapazes. Nas moças, encostava de leve no braço e ia embora.

E como era legal encontrá-lo num ponto de ônibus ou numa rua de Santos. Geralmente de calça jeans, Hering branca, boné e mochila nas costas. Hoje em dia, partilho com meu marido, também ex-aluno dele a maravilha que é estar na rua com mochila nas costas, em roupas confortáveis e sair por aí.

Não é que havia a lenda de que ele não pisava em Shopping?! Claro que nós acreditávamos! Contudo, certa vez, eu e meu ainda namorado, encontramos o próprio, o professor Dirceu, no Praiamar Shopping. Iria ao cinema assistir "O conde de Monte Cristo". 

O professor não era só bom em recomendar filmes, mas também livros. Lembro que eu estava no primeiro ano de Jornalismo, quando meu pai deu um bom dinheiro para eu ir ao Gonzaga, comprar livros para a faculdade. Pois bem! Voltei com um que desejava há certo tempo "O Mundo de Sofia", enquanto que trouxe indicações dele: "Minha Razão de Viver" e "História da Imprensa no Brasil". Tenho todos até hoje, em minha estante.

Ensinou sobre ajudar a quem precisa e a ser grato. Essa é a imagem que tenho dele. Ele é a saudade que levamos daquele prédio na Euclides que nem existe mais.

Dirceu Fernandes Lopes foi gigante, não apenas por tudo o que representou para meu marido e, consequentemente, para mim. Ele é o cara!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Acompanhe a página no Facebook "A vida de Dirceu Fernandes Lopes": https://www.facebook.com/A-vida-de-Dirceu-Fernandes-Lopes

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