sexta-feira, 12 de maio de 2023

.: "Veado Assassino", uma novela provocativa de Santiago Nazarian


Um presidente de extrema-direita é morto por um adolescente não binário. Por meio de uma longa entrevista, conhecemos a história do jovem e as decisões que o levaram a cometer o ato. Com o cinismo e o sarcasmo típicos de Santiago Nazarian, o livro "Veado Assassino", lançado pela Companhia das Letras, é uma louca novela especulativa, divertida e reflexiva na mesma medida.

A história gira em torno de Renato, um adolescente não-binário de Santa Catarina. Viciado em games, ele tem uma relação conflituosa com os pais conservadores e a irmã, uma mulher trans. Mas sua vida não teria nada de tão singular se não fosse um ato cometido por ele que passaria a defini-lo: o assassinato do presidente de extrema-direita que estava no poder.

Assim, mergulhamos em sua história: os anos de formação, o ódio biliar e os preconceitos velados ou explícitos mostrados por meio de um vertiginoso diálogo entre Renato e um interlocutor misterioso. Questões raciais, sexuais e de gênero são colocadas numa balança sempre desequilibrada, e o leitor, como um detetive, busca razão e coerência em um menino que é, em muitos sentidos, retrato de uma geração em crise.

Depois de se aprofundar no legado do genocídio armênio em "Fé no Inferno", finalista dos prêmios Jabuti e Oceanos, Santiago Nazarian retorna à prosa cáustica e experimental que marcou sua obra. Seu existencialismo bizarro serve de base para um livro atual e provocativo, que discute temas controversos ao mesmo tempo em que preserva a leveza pop do autor. Compre o livro "Veado Assassino" neste link.


O que disseram sobre o livro
"Santiago Nazarian coloca em colisão duas vozes, a de um adolescente que fetichiza o ódio e a de uma instância que perscruta os seus atos, ambas tão trepidantes e incertas quanto a história recente do país." — Andréa del Fuego, autora de "A Pediatra"


Sobre o autor
Santiago Nazarian nasceu em 1977 e é paulistano. Publicou diversos romances, entre eles "Mastigando Humanos" e "Biofobia", e verteu ao português dezenas de livros como tradutor. Pela Companhia das Letras lançou "Fé no Inferno" (finalista do Prêmio Jabuti, Oceanos e Machado de Assis) e o romance de terror "Neve Negra". Garanta o seu exemplar de "Veado Assassino" neste link.


.: Susanna Hoffs redescobre pérolas musicais no CD "The Deep End"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Quem ouve o novo disco solo da cantora Susanna Hoffs, ex-integrante do grupo Bangles, pode imaginar que está ouvindo composições novas. Mas na verdade, trata-se de um ótimo álbum de releituras, algumas bem desconhecidas do grande público. E o resultado ficou acima da média. Gravar releituras, aliás, não é bem uma novidade para Susanna. Ela já tinha feito três discos em parceria com Matthew Sweet, intitulados "Under The Covers", com repertório focado nos anos 60, 70 e 80.

Nesse projeto atual, intitulado "The Deep End", ela ousou um pouco mais. Talvez a canção mais conhecida do disco seja "Under My Thumb," clássico dos Rolling Stones dos anos 60. O restante do set list é composto por canções mais obscuras, do tipo daquelas que ficavam no lado B dos antigos compactos de vinil. 

Susanna teve o cuidado de escolher canções com as quais se identificou perfeitamente. E é preciso destacar a produção do lendário Peter Asher, aquele mesmo que produziu algumas pérolas musicais de James Taylor, Linda Ronstadt e de outros tantos artistas nos anos 70. É um deleite ouvir a bela voz de Susanna cantando a balada "Only You", da banda Yazoo, com um arranjo mais acústico comparado com a versão original. E a igualmente ótima "If You Got a Problem", de Joy Oladokun.

Há canções bem interessantes redescobertas por Susanna, como "Say You Don´t Mind", de Denny Laine (ex-integrante da banda Wings de Paul McCartney), e "You Don´t Own Me", um hit antigo de Lesley Gore dos anos 60.

Da safra mais recente, Susanna traz "Afterglow", de Ed Sheeran, e "When The Party´s Over", da Billie Ellish. Gostei muito também de "Time Moves On" (da banda Phantom Planet) e de "Deep End" (de Holly Humberstone, que acabou dando título ao álbum). Ao trazer canções com as quais se identifica plenamente, Susanna acabou gravando um dos seus melhores trabalhos como intérprete. E a sua voz continua tão bela como nos tempos das Bangles. Vale a pena conferir esse novo trabalho, que também está disponível nas plataformas de streaming.

"Under My Thumb"



"Time Moves On"



"Only You"

.: "Caminhando com os Mortos", o novo romance de Micheliny Verunschk


"Caminhando com os Mortos"
é o novo romance de Micheliny Verunschk. Da autora de "O Som do Rugido da Onça" - vencedor do Prêmio Jabuti -, é um livro aterrador sobre as consequências perversas da intolerância e da doutrinação religiosa. Lançamento da Companhia das Letras, a história gira em torno de um crime que choca os moradores de uma pequena cidade no interior do Brasil: uma mulher é queimada viva, em um ritual motivado por razões religiosas, a fim de purificar a vítima e endireitá-la para o "caminho do bem".

A violência parece ter se tornado parte da paisagem: desde que uma comunidade evangélica se instalou na região, episódios do tipo se tornaram cada vez mais comuns. Cabe então ao leitor juntar fragmentos, seguir as pistas e acompanhar os rastros de uma mulher que tenta organizar a narrativa desse trágico acontecimento - enquanto ela mesma tenta lidar com seus próprios traumas e a ausência de um grande amigo.

Em "Caminhando com os Mortos", a premiada escritora Micheliny Verunschk constrói um romance inovador e assustadoramente atual, que demonstra como o ódio às mulheres e às minorias atravessa os séculos, sobretudo quando se vale do fanatismo religioso. Compre o livro "Caminhando com os Mortos" neste link.

O que disseram sobre o livro
"Como o trágico se constrói através de uma teia de violências, mais ou menos silenciosas? Cumprindo um dos papéis mais fortes da boa ficção, provocando tensões com o real em sua potência imaginária, Micheliny Verunschk nos leva pela mão e pela linguagem ao interior de um Brasil pouco visível, onde habita a fera que pode, também, devorar seu caçador. Se em seu premiado livro de estreia era a onça quem rugia, neste há um imenso silêncio. Assombrado." — Bianca Ramoneda

"Micheliny Verunschk vai longe e mergulha na história da colonização das Américas através de uma experiência pessoalíssima e terrível de como as religiões foram um braço forte de um projeto que ajudou a destruir um povo e seus costumes, sua terra, sua alegria de viver, sua relação com o divino." — Natalia Borges Polesso

"Quem chega nas regiões em que tudo é ausência? O que fazem quando ocupam todo o espaço? Caminhando com os mortos é sobre o fogo capaz de queimar Celeste em Tapuio, outras mulheres no Brasil e tantas bruxas ao longo da história da humanidade." — Manuela d'Ávila


Sobre a autora
Micheliny Verunschk nasceu em 1972, em Pernambuco. Escritora e historiadora, é autora de livros de contos, poesias e romances, incluindo "Nossa Teresa: Vida e Morte de Uma Santa Suicida" (Patuá, 2014), ganhador do prêmio São Paulo de Literatura, e "O Som do Rugido da Onça" (Companhia das Letras, 2021), que conquistou o Jabuti de melhor romance literário e o terceiro lugar do prêmio Oceanos. Garanta o seu exemplar de "Caminhando com os Mortos" neste link.

.: "O Caso": Otávio Muller e Letícia Isnard na comédia

"O Caso" estreia 20 de maio no Teatro Bravos. Foto: Ricardo Brajterman


Com direção de Fernando Philbert, a peça conta a história de um homem que busca na terapia a solução para um problema um tanto excêntrico: vive tomado por uma sensação de desinteresse absoluto por tudo e todos ao redor. Acha tudo muito chato e não consegue prestar atenção em nada que as pessoas dizem.

Num texto ágil, repleto de humor e diálogos rápidos, a peça fala de questões contemporâneas como a dificuldade de concentração em meio à avalanche de informações e estímulos que chegam sem parar, e da falta de interesse pelo outro e pelo coletivo. 

“Corra para ver o divertimento teatral mais elegante da temporada (...) vai ser um sucesso estrondoso, exatamente por causa do extremo requinte do seu dom de iludir. É para rir, um riso inteligente, redentor.” (Tania Brandão, crítica e jurada dos prêmios APTR e Cesgranrio)

“Fernando Philbert assume o comando (..) em precisa artesania que se destaca pela sintonização de sua proposta dramatúrgica, do riso crítico à ironia mordaz.” (Wagner Correa, crítico e Jurado Prêmio APTR)

Depois de grande sucesso de crítica e público no Rio, chega a São Paulo a comédia O CASO, com Otavio Muller e Leticia Isnard, e direção de Fernando Philbert - atualmente um dos mais profícuos diretores teatrais em atividade. A comédia “O caso Martin Piche”, inédita no Brasil até esta montagem, e aqui rebatizada como "O Caso", estreia dia 20 de maio no Teatro Bravos. O texto é do autor e ator contemporâneo francês Jacques Mougenot, cuja obra aporta pela segunda vez em terras brasileiras. O autor é o mesmo do sucesso “O Escândalo Philippe Dussaert”, com que Marcos Caruso ficou anos em cartaz, arrematando todos os prêmios de melhor ator e melhor espetáculo.

A comédia "O Caso", um texto ágil, repleto de humor e diálogos rápidos, fala de questões contemporâneas como a incapacidade de se concentrar em meio à avalanche de informações e estímulos que chegam sem parar, e da falta de interesse pelo outro e pelo coletivo.

“Partir de um incômodo simples, quase natural nos dias de hoje, que é se chatear - sim simplesmente às vezes me chateio e passa, mas e quando não passa? Este é o ponto de "O Caso", como o mito de Sísifo que rola sua pedra até o alto do morro e a vê rolar e novamente a empurra, o nosso personagem está mergulhado no enigma de se chatear pela eternidade dos dias. Partindo desse comportamento quase excêntrico, discutimos o todo das nossas relações e modos de conviver em sociedade. Os códigos, o que fingimos, o que julgamos ser incrível e muitas vezes é chato, terrivelmente chato. Nesta comédia com pitadas de absurdo, a investigação psicanalítica se depara com o simples fato de um homem que se chateia pura e simplesmente, e sofre por isto.”, reflete o diretor, Fernando Philbert.

Sinopse: Arnaldo (Otávio Muller), um homem aparentemente comum, procura uma psiquiatra (Letícia Isnard) alegando sofrer de um distúrbio desconhecido: é tomado constantemente por uma sensação de desinteresse completo por absolutamente tudo e todos ao redor. Acha tudo muito chato e não consegue prestar atenção em nada que as pessoas dizem. A psiquiatra, por sua vez, intrigada, tenta de todas as maneiras decifrar a patologia. Quando crê que começa entender o que se passa, o caso toma um novo rumo.

Palavra de ator:

“Quando li pela primeira vez o texto, a primeira impressão já foi muito boa. Apesar de ser um texto francês contemporâneo, eu acho que o que ele diz é muito para cá e para agora, hoje. Como ator, como artista, eu quero cada vez mais, junto com os parceiros deste projeto, que a peça seja bastante relevante. Que a gente possa acentuar ainda mais essa relevância para o Brasil de agora. A peça fala de um sentimento que todo mundo já teve, em momentos e épocas diferentes na vida, e também agora. Essa coisa do tédio, de achar tudo uma chatice, de não aguentar mais.” (Otávio Muller)

“Em ‘O mal-estar da civilização’, Freud já explicava muito da nossa eterna insatisfação e da inatingível busca da felicidade. O avanço do capitalismo, da tecnologia no cotidiano e a pandemia aprofundaram ainda mais esses sentimentos de infelicidade e tédio. Enquanto não solucionamos a falta de sentido existencial, refletir e, principalmente, rir dela nos alivia e nos conecta com o verdadeiro sentido de tudo: a tal da alegria e da felicidade. Essa peça fala de tudo isso, nos confronta com a nossa estranheza, nos faz rir do nosso próprio caos e ainda manda o tédio e a chatice pro espaço.” (Letícia Isnard)

FICHA TÉCNICA

Texto: Jacques Mougenot

Tradução: Marilu de Seixas Corrêa

Direção: Fernando Philbert

Elenco: Otávio Muller e Letícia Isnard

Cenografia: Natalia Lana

Figurino: Carol Lobato

Iluminação: Vilmar Olos

Trilha Original: Francisco Gil - Gilsons

Arte Gráfica: @orlatoons

Direção de Produção: Carlos Grun

Uma produção Bem Legal Produções

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany, em parceria com Flavio Fusco Comunicação


Espetáculo "O Caso"

Estreia: dia 20 de maio (sab), às 20h

Local: Teatro Bravos - Rua Coropé, 88, Pinheiros / SP

Complexo Aché Cultural, entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais

Horários: sab às 20h e dom às 17h / Ingressos: plateia premium R$120 e R$60 (meia); plateia inferior R$100 e R$50 (meia); balcão R$80 e R$40 (meia) / Onde Comprar: bilheteria e https://bileto.sympla.com.br/event/82142 / Horário da bilheteria: 3ª a dom das 13h às 19h ou até o início do último espetáculo / Gênero: comédia / Capacidade: 611 espectadores / Acessibilidade: sim / Estacionamento: MultiPark / Classificação indicativa: 12 anos / Duração: 80 min / Temporada: até 09 de julho

.: "Profanos: histórias de terror e mistério": horror escondido na mente

O horror que se esconde por trás da mente. Orlando Rodrigues lança "Profanos: histórias de terror e mistério", livro com oito contos sobre a crueldade das ações humanas e os limites da insanidade


No livro "Profanos: histórias de terror e mistério", escrito pelo goiano Orlando Rodrigues, o horror não está em seres sobrenaturais como vampiros, lobisomens, demônios, anjos e bruxas. Todas as situações perversas e ameaçadoras são causadas por humanos, por pessoas comuns que talvez não parecessem capazes de tanta perversidade.

Por meio de oito contos de suspense psicológico, o autor lança um olhar para o terror que está nos casos recorrentes do dia a dia, estampados nas manchetes nos jornais. Relações abusivas, feminicídio, assassinatos em série e problemas psicológicos estão entre as problemáticas expostas. “O livro não é meramente fantasioso. Ele aborda temas muito reais do nosso cotidiano”, explica o escritor.

Em “A Casa dos Sete Espelhos”, um homem e uma mulher decoram o novo apartamento com espelhos inspirados nos essênios, uma seita judaica que classificou as relações humanas a partir destes objetos. Mas essa decisão coloca à prova o equilíbrio dos protagonistas, que perdem os limites entre a sanidade e a loucura.

Outro conto é “O Gato”, que narra a visão de um homem obcecado pela morte. Depois de muitos estudos, ele começa a fazer procedimentos para compreender o processo de morrer em outros seres vivos. A sequência desta história se tornará um livro próprio, que será o próximo lançamento do autor.


Uma mistura de medo, horror, encantamento e curiosidade, marcariam todo o resto de minha vida até aqui. O processo de morrer. Daí em diante, minha maior necessidade era vivenciar o processo, como ele se instala e como ele termina. E passei a fazer experiências nesse sentido, algo que no início me proporcionou uma mistura de sentimentos de tristeza e medo, mas, também, de diversão. (Profanos: histórias de terror e mistério, pg. 86)


Você pode comprar "Profanos: histórias de terror e mistério", de Orlando Rodrigues aqui: amzn.to/3Bl9vBO


A partir de textos curtos que analisam a subjetividade humana de forma crua, o público se envolve em narrativas angustiantes com finais imprevisíveis. Inspirado em mestres do horror como Arthur Conan Doyle, Edgar Allan Poe e Stephen King, além de apresentar referências da cultura pop, como as séries “American Horror Story” e “Sobrenatural”, Orlando Rodrigues transparece a monstruosidade cotidiana que muitos preferem esquecer da existência.

Sobre o autor: O goiano Orlando Rodrigues escreveu vários livros de terror e suspense, sendo “Profanos: histórias de terror e mistério” sua publicação mais recente. Além deste título, possui no currículo obras como “Não me deixe aqui”, “Terror: ao sair, não apague a luz” e “O fio da meada: uma fronteira entre o bem e o mal”. Sua carreira na literatura ocorre concomitantemente ao trabalho no ramo empresarial. O autor também é administrador com foco em recursos humanos, mestre em Ciências da Educação, professor e consultor organizacional.


Livro: Profanos: histórias de terror e mistério

Autor: Orlando Rodrigues

Editora: Mágico de Oz

157 páginas

Compre "Profanos: histórias de terror e mistério", de Orlando Rodrigues aqui: amzn.to/3Bl9vBO


quinta-feira, 11 de maio de 2023

.: Crítica: "A Freira" emerge demônio Valak em convento romeno

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em maio de 2023


Introduzidos pelos estudiosos de entidades, Lorraine (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson), da franquia "Invocação do Mal", o casal de palestrantes insere uma noviça, um padre e um nativo da Romênia (que entrega os alimentos para as irmãs no convento) para protagonizar o longa de terror, pautado na descontrolada maldade do demônio Valak. "A Freira" é breve, totalizando 1h36, além de ser ágil e cheio de cenas assombrosas de dar bons sustos. 

A trama adapta um demônio poderoso, que originalmente, é representado por uma criança com asas de anjo montado em um dragão de duas cabeças. Contudo, em "A Freira", assume a figura da abadessa de um convento que foi cenário de suicídios. O trio que combate o mal se une para desvendar um segredo profano guardado nas paredes dali, uma vez que a firmeza na reza pode não ser suficiente para reservar um final feliz para todos. 

A noviça Irene de Taissa Farmiga, atriz conhecidas por papéis marcantes em várias temporadas do seriado "American Horror Story", é determinada e corajosa, embora acabe sendo marcada com um pentagrama num dos ombros, perto de fazer seus votos para seguir como freira. Ao lado dela, o responsável pela ação na abadia, padre Burke (Demian Bichir), precisa lidar com demônios, aliás, somente um deles, no formato mirim que chega a enterrá-lo vivo. 

Para completar a trindade do bem, Frenchie (Jonas Blocket), que revela se chamar Maurice -de sobrenome Theriault, baseado em um caso da vida real-, por não ser religioso, sai de cena, mas regressa para a trama num momento chave. Todavia, para ele resta um desfecho desagradável, mas que garante um excelente gancho para "A Freira 2"

"A Freira" é uma excelente contribuição para o gênero terror, seja pela qualidade visual, incluindo uma incrível fotografia, ou pela construção do enredo extremamente embasado e envolvente. Os sustos completamente inesperados, gerados por uma tensão crescente, são a cereja do bolo do longa dirigido por Corin Hardy. Vale a pena conferir, pois "A Freria 2" estreia nos cinemas em 8 de setembro de 2023!


Roteiro: Gary Dauberman 
Elenco: 
Taissa Farmiga (Sister Irene), Demian Bichir (Father Burke), Bonnie Aarons (The Nun), Vera Farmiga (Lorraine)
Sinopse: Presa em um convento na Romênia, uma freira comete suicídio. Para investigar o caso, o Vaticano envia um padre assombrado e uma noviça prestes a se tornar freira. Arriscando suas vidas, a fé e até suas almas, os dois descobrem um segredo profano e se confrontam com uma força do mal que toma a forma de uma freira demoníaca e transforma o convento em um campo de batalha.




Leia +

.: "A Torre": Luiza Villaméa mostra o cotidiano de mulheres encarceradas


Ao reunir dez anos de pesquisa em documentos oficiais e particulares e mais de 100 entrevistas, a jornalista Luiza Villaméa reconstrói no livro "A Torre - O Cotidiano de Mulheres Encarceradas pela Ditadura" a rotina de mulheres enclausuradas por motivações políticas no presídio Tiradentes durante a ditadura militar no Brasil. 

Depois de traçar suas origens pessoais, inclinações políticas e contexto de chegada ao cárcere, a autora mostra como as presas se organizavam no dia a dia, como se relacionavam entre si, com agentes de repressão e com pessoas do lado de fora. O livro é uma lição de resistência, solidariedade e amor à vida que um grupo de presas políticas foi capaz de produzir em reação à violência da ditadura. Compre o livro "A Torre" neste link.


Mulheres unidas contra a brutalidade
A partir de 1969, uma torre centenária - encravada no Presídio Tiradentes - foi o destino de dezenas de mulheres enclausuradas por motivação política durante a ditadura militar no Brasil. Em "A Torre", a jornalista Luiza Villaméa apresenta um panorama de quem eram essas presas políticas e de como sobreviveram às terríveis condições que lhes foram impostas, mostrando como elas se organizavam no dia a dia, como se relacionavam entre si, com agentes da repressão e com pessoas do lado de fora - além de expor uma rotina que se contrapunha firmemente à brutalidade da situação.

Em uma prosa sensível à inteligência e à singularidade de cada uma das presas, a autora reconstitui o esforço dessas mulheres para criar um ambiente solidário e criativo que resistia, em tudo, à violência a que foram submetidas por um regime autoritário, composto basicamente por homens. Você pode comprar o livro "A Torre" neste link.


Sobre a autora
Luiza Villaméa é formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (1989) e mestre em história pela Universidade de São Paulo (2008). De 2012 a 2017 foi repórter especial da revista Brasileiros. Antes disso, trabalhou no jornal O Globo e nas revistas Veja e IstoÉ. Recebeu diversos prêmios, entre eles um Esso pela série “Filhos do Brasil” e o prêmio Direitos Humanos de Jornalismo pela reportagem “Quando Meninos São Fichados como Terroristas”. Garanta o seu exemplar de "A Torre" neste link.

.: Selo Sesc lança "Wanderléa Canta Choros", com canção inédita


Com clássicos do choro e a inédita “Um Chorinho Para Wandeca", álbum chega ao Sesc Digital e nas principais plataformas de streaming. Trabalho conta com a participação de Hamilton de Holanda no single “Delicado” 


Produzido pelo Selo Sesc, o álbum "Wanderléa Canta Choros" faz um duplo movimento da cantora de volta às suas origens: ela revisita seu início de carreira como intérprete em programas da Rádio Mayrink Veiga, quando era acompanhada por um dos mais importantes grupos de choro da época, o Regional do Canhoto, e, ainda, realiza seu projeto de valorização do choro, destacando o caráter original e primevo desse gênero na música brasileira. 

Com a direção e produção musical de Mario Gil, direção artística de Luiz Nogueira, pesquisa de Roberta Valente e direção de mixagem de Lalo Califórnia, o disco "Wanderléa Canta Choros", de 12 canções, será lançado nesta sexta-feira, dia 12 de maio, em todas as plataformas de streaming. “Wanderléa se entrega - com dedicação e conhecimento - a esse gênero fundador, marcado por uma mistura entre o erudito e o popular e pela genialidade de seus instrumentistas na criação e na execução das composições”, conta Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo. 

“Ao lançar mais esta obra, o Sesc SP reforça sua ação eminentemente educativa de democratização do acesso aos bens culturais, ao contribuir para a difusão de um dos marcos da música popular e da cultura brasileiras, estabelecendo um diálogo entre a produção contemporânea e o legado histórico. A homenagem de Wanderléa ao choro enriquece o repertório da cantora e valoriza um gênero musical centenário, em constante renovação”, comenta.

O choro surgiu em meados do século XIX, no Rio de Janeiro, trazendo em sua raiz a mistura rítmica oriunda da África e das formas europeias. Nessa época, formados inicialmente por flauta, violão e cavaquinho, surgiram os grupos regionais de choro. As mãos habilidosas de Chiquinha Gonzaga fizeram história na evolução do gênero ao levar o chorinho ao piano, o que a consagrou como a primeira e mais influente pianeira - como eram chamados os pianistas do estilo musical - sendo uma das poucas figuras femininas a cravar o seu nome no choro.

A associação automática da figura de Wanderléa com a Jovem Guarda, ainda é muito presente, dado seu sucesso no que se constituiu um dos grandes movimentos culturais de massa do país. Embora Wanderléa tenha um espaço preeminente na memória afetiva dos brasileiros, ela trilhou diversas vertentes da música popular, tendo gravado compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Sueli Costa e Egberto Gismonti. Agora, através do Selo Sesc, Wanderléa pela primeira vez lança um trabalho dedicado ao choro, com um repertório que traz clássicos como “Carinhoso”, de João de Barro e Pixinguinha, “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo e Pereira da Costa, e “Pedacinhos do Céu”, também de Waldir Azevedo e Miguel Lima, incluindo a canção inédita “Um Chorinho para Wandeca”, composta por Douglas Germano e João Poleto em homenagem à relação da cantora com o gênero.

“O choro me encantou desde pequena. Quando ouvia Ademilde Fonseca, articulando com extrema maestria a poesia daqueles versos, que se encaixavam com perfeição na sonoridade daquele repertório musical, era tudo muito mágico e eu, ainda bem menina, me divertia tentando acompanhar a rapidez poética daqueles versos, dentro do malabarismo e da beleza daquelas lindas melodias”, conta Wanderléa. “Hoje, neste disco de choros, neste resgate afetivo, realizo um sonho trazendo minha contribuição com autores pioneiros na criação desse ritmo que tanto valoriza nossa cultura nacional”, complementa.

Wanderléa influenciou gerações e, com seu estilo de cantar, abriu portas em gêneros musicais que ainda tinham pouca ou nenhuma presença feminina. Sua figura ditou moda, comportamento, estilo de vida e empoderamento feminino no campo social. “Este encontro de uma intérprete, que faz parte da formação afetiva do povo brasileiro, com o choro está pautado por quem ela é, por tudo o que canta, pelas pessoas que ela toca e pela plenitude do que vive”, conta o diretor artístico Luiz Nogueira.

O álbum "Wanderléa Canta Choros" também traz um time de ouro com sete arranjadores, entre eles, Cristovão Bastos e Toninho Ferragutti, o próprio João Poletto e Milton de Mori, referências do choro paulista, e Angelo Ursini, professor da Escola Portátil de Música na Holanda. O trabalho chegou ao público primeiro pelo single “Delicado”, canção de Waldir Azevedo e Ary Vieira, e gravada com a participação especial de Hamilton de Holanda, disponível em todas as plataformas desde 5 de maio. O álbum completo será lançado nesta sexta-feira, dia 12.


Faixas
1. "Delicado" (Waldir Azevedo e Ary Vieira)
2. "Pedacinhos do Céu" (Waldir Azevedo e Miguel Lima)
3. "O Que Vier Eu Traço" (Alvaiade e Zé Maria)
4. "Acariciando" (Abel Ferreira e Lourival Faissal)
5. "Galo Garnizé" (Luiz Gonzaga, Antônio Almeida e Miguel Lima)
6. "Doce Melodia" (Abel Ferreira e Luiz Antônio)
7. "Apanhei-te, Cavaquinho" (Ernesto Nazareth, Darci de Oliveira e Benedito Lacerda)
8. "Uva de Caminhão" (Assis Valente)
9. "Nova Ilusão" (Zé Menezes e Luiz Bittencourt)
10. "Carinhoso" (João de Barro e Pixinguinha)
11. "Brasileirinho" (Waldir Azevedo e Pereira da Costa)
12. "Um Chorinho para Wandeca" (Douglas Germano e João Poleto)


Serviço
"Wanderléa Canta Choros". Álbum completo Wanderléa Canta Choros disponível nas principais plataformas de streaming e Sesc Digital. Data: 12 de maio,

.: “O Profeta”, de Khalil Gibran: 100 anos com estreia em versão musical


A história desafia o vazio e descortina a beleza das ideias sobre o que ocorre entre o nascimento e a morte. Foto: João Caldas


Um tratado secular da condição humana adaptado pela filósofa Lúcia Helena Galvão, encenado por Luiz Antônio Rocha, com atuação do músico e cantor libanês Sami Bordokan. A história desafia o vazio e descortina a beleza das ideias sobre o que ocorre entre o nascimento e a morte.

“O Profeta”, de Khalil Gibran, é o livro mais lido depois da Bíblia, tendo sido traduzido para mais de cem idiomas. Este ano, em 2023, o livro completa um século de vida e ganha os palcos a partir de 11 de maio, no Teatro B32. A história da jornada turbulenta e incerta do homem pela vida foi o mote para a adaptação de Lucia Helena Galvão, que acredita na força transformadora da obra. “A vida e os pensamentos de Khalil Gibran se entrelaçam com as nossas vidas e compõem parte importante do que somos”, diz a autora.

Em 12 ensaios poéticos, baseados na obra de Gibran, temas profundos e atemporais como amor, dor, filhos, trabalho, tempo, liberdade, alegria, tristeza, morte, entre outros, são abordados com a sabedoria do oriente. Numa atmosfera de enlevo e encantamento a peça é um convite para buscarmos o nosso melhor, ao que de mais elevado temos em nós.

A encenação é de Luiz Antônio Rocha, indicado ao prêmio Shell (2019) pela montagem de “Paulo Freire, O Andarilho da Utopia”, tem projeto de luz de Ricardo Fujii e cenário e figurinos do artista plástico uruguaio Eduardo Albini. A direção musical é assinada pela dupla Sami e Willian Bordokan.

O espetáculo teve estreia nacional em Fortaleza, no Teatro José de Alencar e pontua a segunda parceria artística entre Luiz Antônio Rocha e Lucia Helena Galvão. Juntos assinaram “Helena Blavatsky, a voz do silêncio”, sucesso de público e crítica e agora repetem a parceria no desafio de transpor para o teatro a releitura filosófica da obra do poeta libanês.“O profeta está enraizado na própria experiência do autor como um imigrante e serve de inspiração para qualquer um que se sinta à deriva em um mundo em fluxo”, completa a autora.

No papel título, o músico e cantor libanês Sami Bordokan desenha essa história com as cordas de seu alaúde. Sami é pesquisador de música árabe clássica e folclórica e faz releituras de temas tradicionais num trabalho de resgate de peças ancestrais. Seu estilo de tocar o alaúde e de cantar reúne influências diversas desde a música clássica árabe, o canto bizantino, o Sufismo, o flamenco e a música popular brasileira.

“Rabab é a palavra árabe mais antiga conhecida para um instrumento de arco. Ancestral do violino e pai de todos os instrumentos de arco, possui apenas uma corda, sendo esta de crina de cavalo, e é o instrumento melódico dos beduínos nômades”, afirma Sami.

É tocado pelo sha'ir, ou poeta-cantor, para acompanhar canções heróicas e de amor. A peça apresenta uma variedade de sons e ritmos, utilizando instrumentos musicais ancestrais como o alaúde, a flauta nay, a rabab e a derbak, tocados pelo músico William Bordokan, além do místico canto oriental entonado pelo próprio ator em cena.

Segundo Sami, “O Profeta” faz com que ele relembre seu passado, a juventude em Miniara, seu vilarejo de origem no norte do Líbano, numa manhã de primavera colorida pela flor da amêndoa e o frescor da brisa das montanhas de cedro que abraçam o seu presente e iluminam o seu amanhã com a luz da esperança de que pode torná-lo um homem cada vez melhor.

Para o diretor, "O Profeta" é uma história de rara beleza. "A força de suas parábolas, a poética musicalidade, a profundeza de seus conceitos são um bálsamo nos dias de hoje. O amor é o fio condutor da história e nos faz redescobrir o papel do coração”, conclui. Você pode comprar o livro "O Profeta" neste link.


Sinopse do espetáculo
Após um ciclo de 12 anos de exílio na cidade de Orfhalese, o profeta All Mustafa está prestes a embarcar em um navio para retornar a sua terra natal. No dia da partida, entretanto, antes da chegada iminente de seu navio, os habitantes da pequena cidade pedem a ele que lhes fale sobre as questões fundamentais da condição humana. E assim, o profeta responde com reflexões que, na sua aparente simplicidade, revelam uma compreensão profunda da vida e do processo de existir.

Ficha técnica
Texto: Lúcia Helena Galvão. Interpretação: Sami Bordokan. Encenação: Luiz Antônio Rocha. Participação especial: William Bordokan. Cenário e figurinos: Eduardo Albini. Projeto de luz: Ricardo Fujii. Direção musical: Sami Bordokan e William Bordokan. Assistente de direção: Hanna Perez. Vídeo mapping: Júlio Mauro / Cine Mauro. Fotos: João Caldas, Andreia Machado e Marlon Mikon. Direção de arte: Eduardo Albini. Preparação corporal e direção de movimento: Hanna Perez. Caracterização: Mona Magalhães. Adereços e efeitos: Nilton Araújo. Artista têxtil: Priscila Pires. Costureira: Marcela G. F. Artusi. Parceria: Nova Acrópole Brasil. Produção executiva: Luiz Antônio Rocha. Produção: Espaço Cênico Produções Artísticas. Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro/Ofício das Letras.


Serviço
Uma releitura filosófica baseada na obra de Kahlil Gibran. Temporada: De 11 de maio a 11 de junho. Teatro B32: Av. Brigadeiro Faria Lima, 3.732 - Itaim Bibi, São Paulo. Telefone: (11) 3058-9100. Ingressos: plateia: R$ 120 (inteira) e 60 (meia-entrada); e balcão: 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada). Dias da semana: quarta a domingo, às 20h e 17h aos domingos. Capacidade: 490 pessoas. Duração: 1h20. Horário de funcionamento da bilheteria: De terça a sexta, das 13h às 20h. Vendas on-line: https://teatrob32.byinti.com. Classificação etária: livre. Gênero: musical filosófico.

.: Aloizio Mercadante: Roda Viva entrevista o presidente do BNDES

Foto: Flickr Aloizio Mercadante Oliva

Em meio a uma crise do governo Lula com o agronegócio, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou, na última terça-feira (9/5), mais R$ 2 bilhões em crédito rural. No mesmo dia, a Confederação Nacional da Indústria divulgou um plano que inclui sugestões de mudanças na política do BNDES, dizendo que a instituição precisa retomar seu papel de desenvolvimento.

Esses e outros temas estarão em discussão no Roda Viva, que recebe o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na próxima segunda-feira (15/5). Com apresentação de Vera Magalhães, o programa vai ao ar ao vivo, a partir das 22h, na TV Cultura, no site da emissora, YouTube, Tik Tok, Twitter e Facebook.

 A bancada de entrevistadores será formada por Julio Wiziack - editor do Painel S.A. da Folha de S.Paulo; Carla Araújo - chefe da sucursal do UOL em Brasília; Francisco Goes - chefe da sucursal do Rio do Valor Econômico; Luciana Rodrigues - editora de Economia do jornal O Globo; e Andre Basbaum - jornalista do Grupo Bandeirantes.

.: Drama de Lucinda em "Terra e Paixão" trata tema inédito em novelas


Dramas e segredos: conheça a família de Lucinda em "Terra e Paixão". Na imagem, Lucinda (Débora Falabella) e Andrade (Ângelo Antônio), casal que vive um relacionamento abusivo na novela. Foto: Globo/João Miguel Júnior

"Terra e Paixão", a próxima trama das nove escrita por Walcyr Carrasco, tratará de tema inédito em novelas além de assuntos sérios. Gerente da cooperativa da cidade fictícia Nova Primavera, Lucinda (Débora Falabella) é uma mulher correta, justa, que se dedica completamente ao trabalho e à família. Tem um filho, Cristian (Felipe Melquiades), e é casada com Andrade (Ângelo Antônio), um homem que se torna violento quando bebe. Lucinda não aceita as agressões, impõe limites e, ao mesmo tempo, tenta ajudar o marido a se livrar do vício. 

Com o filho, enfrenta a missão de amenizar os efeitos do bullying que ele sofre na escola por ser portador de albinismo - algo que nunca foi tratado em novelas. Animada em voltar aos folhetins globais depois de seis anos longe do gênero, Débora Falabella acredita que a personagem vai gerar identificação junto ao público. "Infelizmente a violência doméstica acontece com muitas mulheres e a Lucinda é uma mulher guerreira, que toma conta da casa, é a provedora da família, então, a princípio você olha para ela e fala: 'Nossa, não acredito que essa mulher sofre violência", mas ela vive isso mesmo sendo extremamente forte". No decorrer da história, o delegado Marino (Leandro Lima) pode ser tornar uma saída para a situação de Lucinda.

Em seu trabalho, um meio bastante masculino, ela também precisa se impor. Especialmente para lidar com Tadeu (Claudio Gabriel), um homem poderoso do agronegócio, que preside a cooperativa. Lucinda fará o possível para ajudar Aline (Barbara Reis) a conseguir se tornar uma produtora rural. Débora comenta como será a relação entre as personagens. "A Lucinda tem como objetivo durante a trama estar ao lado da Aline, que é uma pessoa que ela acredita. Aline também é uma mulher de muita força que vai abrir os olhos da Lucinda diante de muitas situações. Eu acredito que a Lucinda vai ser muito justa com a Aline em relação à cooperativa, de como ela pode se desenvolver plantando, ela vai transmitir seus conhecimentos. Vai ser uma troca muito bonita e um desafio ao mesmo tempo, pois elas vão ter de passar por cima de muita coisa que acontece na cidade"

Ângelo Antônio conta que está descobrindo seu personagem aos poucos nas gravações que realiza ao lado da família. "Na primeira cena que fizemos juntos foi muito legal, tivemos uma unidade, uma cumplicidade. Para mim, o Andrade é um cara que ainda não cresceu muito, que precisa amadurecer como ser humano e a Lucinda é aquela mulher que protege, que cuida, é a provedora. Naquele momento da primeira gravação eu senti tudo o que pode ser essa família".

Criada e escrita por Walcyr Carrasco, a obra é escrita com Márcio Haiduck, Vinícius Vianna, Nelson Nadotti e Cleissa Regina, com direção artística de Luiz Henrique Rios, direção geral de João Paulo Jabur e direção de Tande Bressane, Jeferson De, Joana Clark, Felipe Herzog e Juliana Vicente. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim e a produção é de Raphael Cavaco e Mauricio Quaresma.  


quarta-feira, 10 de maio de 2023

.: Mário Bortolotto volta refletir sobre família no texto "Notícias de Naufrágios"


A nova montagem dialoga principalmente com outros espetáculos do dramaturgo que se debruçaram sobre o mesmo tema como Fica Frio, Tempo de Trégua, Pequod – Só os Bons Morrem Jovens e Tudo que dói. A peça estreia no Teatro Cemitério de Automóveis e segue para o Teatro Cacilda Becker durante o mês de maio. Foto: Bob Sousa


Com uma trama que navega pelo universo familiar e todas as suas camadas, Mário Bortolotto faz dramaturgia e direção de Notícias de Naufrágios, espetáculo inédito que estreia em maio no Teatro Cemitério de Automóveis (até dia 17 de maio) e Teatro Cacilda Becker (de 18 a 21 de maio) . O elenco conta com o próprio diretor que está em cena junto de Carcarah, Patrícia Vilela, Renata Becker, Fernão Lacerda e Fernando Castioni.

Na trama, um homem volta à sua pequena cidade depois de 20 anos. Deixou para trás uma mulher grávida e um filho que ele não conhece. Seus antigos amigos já não o reconhecem e a maioria tem julgamentos severos a seu respeito. Mas todos esperam que ele tenha explicações para o seu desaparecimento e dos motivos que o levaram a ficar ausente por tanto tempo e, acima de tudo, esperam que ele se penitencie em relação a sua esposa e o filho que abandonou.

Em vez de ir direto para casa, o homem faz um périplo pela pequena cidade como uma espécie de Ulisses relutante enquanto a vida das pessoas que fazem e fizeram parte de sua história é lentamente e quase que imperceptivelmente desnudada, o que faz com que elas entrem em confronto com suas próprias trajetórias a partir das escolhas que fizeram em suas vidas.

Peças que permeiam assuntos familiares sempre são recorrentes na obra de Bortolotto. “Acho que sou meio obcecado com esse tema, mas não exatamente de uma maneira por demais afetuosa, mas de uma maneira torta, tentando entender o porquê as pessoas se apegam tanto a algo que eles imaginam que é fundamental para suas vidas. Eu não estou aqui dizendo que a família não pode ser fundamental. Estou apenas dizendo que as pessoas se agarram a essa ideia como se estivessem tentando se agarrar aos escombros de um barco que naufragou”.

A nova montagem dialoga principalmente com outros trabalhos do dramaturgo como "Fica Frio", "Tempo de Trégua", "Pequod - Só os Bons Morrem Jovens" e "Tudo que Dói". “Essa última também é a respeito de uma filha que não conhece o pai e está tentando se aproximar. Dramaturgos como o americano Sam Shepard ou o inglês Harold Pinter vasculharam muito bem o tema. Estou apenas contribuindo com a minha dose de ceticismo recheado de interrogações sobre o assunto”.

A direção de "Notícias de Naufrágios" é limpa e toda calcada no trabalho do ator e do texto. O trabalho de iluminação e trilha sonora colaboram para criar um clima de estranheza na encenação aliado com um figurino simples que combine com os outros elementos em cena. Mário Bortolotto ainda finaliza: “Seria, mais ou menos, como Jim Jarmusch escreveu no seu Down By Law, trata-se de 'um mundo triste e belo'. No meu caso, acentuaria as aspas no 'belo'. Nem sempre é. Mas é sempre 'triste'"


Ficha técnica
Texto: Mário Bortolotto. Direção: Mário Bortolotto. Assistência de direção: Isabela Bortolotto. Elenco: Mário Bortolotto, Carcarah, Patrícia Vilela, Renata Becker, Fernão Lacerda e Fernando Castioni. Figurino: Grupo Cemitério de Automóveis. Iluminação: Mário Bortolotto. Trilha: Mário Bortolotto. Operação técnica: Isabela Bortolotto. Fotos: Bob Sousa. Programação visual: Vanessa Deborah Hüdepoh. Ilustração: Carcarah. Registro audiovisual: Edson Kumasaka. Produção: Isabela Bortolotto e Paula Klaus. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Classificação Indicativa: 14 anos. Duração: 70 minutos.

Serviço
Espetáculo "Notícias de Naufrágios". Cemitério de Automóveis. Rua Francisca Miquelina, 155 (Bela Vista). Temporada: de 9 a 17 de maio (terça à domingo). Terça à Sábado, às 21h, e Domingo, às 20h. Ingresso: R$ 40 inteira / R$ 20 meia. Venda: https://www.sympla.com.br/produtor/cemiteriodeautomoveis. Venda direito na bilheteria do teatro sempre 1 hora antes do espetáculo. Acessibilidade: o espaço possui acessibilidade para cadeirantes. Teatro Cacilda Becker: rua Tito, 295 - Lapa, São Paulo. Temporada: 18 a 21 de maio. Quinta, Sexta e Sábado, às 21h, e Domingo às 19h. Ingresso: gratuito. Retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro. Acessibilidade: o espaço possui acessibilidade para cadeirantes.

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.