sexta-feira, 31 de outubro de 2025

.: Cineflix Cinemas estreia filmes na semana de Halloween com promoção


Hoje, dia de Halloween, o ingresso na Cineflix Cinemas Santos custa R$ 13


Estão em cartaz três estreias nas telonas da Cineflix Cinemas de Santos a biografia "Springsteen: Salve-me do desconhecido", o drama "Sonhos", com a atriz Jessica Chastain e a comédia romântica francesa "Uma mulher diferente"

Também está em exibição até a próxima quarta-feira, em comemoração aos 20 anos da animação de Tim Burton, "A Noiva Cadáver", com sessões às 19 horas. Vale destacar ainda que hoje, dia 31 de outubro, dia de Halloween, os ingressos estão em promoção custando R$ 13 cada e até o lanche de cinema foi remarcado.

Seguem em cartaz o drama "Se não fosse você", com Mckenna Grace ("Os Caça-Fantasmas"), Mason Thames ("O Telefone Preto"), Allison Williams (Megan), o anime explosivo para maiores de 18 anos, "Chainsaw Man – O filme: O arco da Reze", a cinebiografia do quadrinista brasileiro "Mauricio de Sousa: O Filme" e o terror com Ethan Hawke, "O Telefone Preto 2".

Sábado, dia 1 de novembro, às 20 horas, tem sessão especial com pré-estreia do thriller dramático nacional "O Agente Secreto", estrelado por Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone. O lançamento oficial do filme cotado para o Oscar 2026 acontecerá somente em 6 de novembro.

Já estão abertas as vendas para a exibição de "Harry Potter e o Cálice de Fogo" em comemoração aos 20 anos que acontecerá, no sábado, dia 15 de novembro, às 14h40, 17h50 e 21h00. Outros ingressos abertos para vendas são de "One In a Million" e "Wicked - Parte II"

A unidade de Cinemas Cineflix Santos, fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga.


"Springsteen: Salve-me do desconhecido" (Deliver Me From Nowhere). Direção: Scott Cooper Roteiro: Scott Cooper, baseado no livro Deliver Me from Nowhere: The Making of Bruce Springsteen's Nebraska de Warren Zanes. Gênero: Drama, Biografia, Musical. Duração: 2 horas. Ano de Lançamento: 2025 (no Brasil, estreou em 30 de outubro de 2025). Distribuição: Disney / 20th Century Studios. Elenco Principal: Jeremy Allen White como Bruce Springsteen Jeremy Strong como Jon Landau (empresário de Springsteen), Paul Walter Hauser como Mike Batlan, Stephen Graham como Douglas "Dutch" Springsteen (pai de Bruce), Gaby Hoffmann, Odessa Young. Sinopse:  A jornada de Bruce Springsteen na criação de seu álbum de 1982 "Nebraska", que surgiu enquanto ele gravava "Born in the USA" com a E Street Band.

"Sonhos". (Dreams). Direção: Michel Franco. Gênero: Drama, Erótico, Romance. Duração: 1h e 35min. Ficha técnica. Roteiro: Michel Franco. Produção: Michel Franco, Eréndira Núñez Larios, Alexander Rodnyansky. Elenco: Jessica Chastain, Isaac Hernández, Rupert Friend. Sinopse: O filme acompanha o romance entre Fernando (Isaac Hernández), um bailarino mexicano, e Jennifer (Jessica Chastain), uma socialite americana. O drama se desenvolve a partir da diferença socioeconômica e da tentativa de Fernando de atravessar a fronteira ilegalmente para ficar com ela. 

"Uma mulher diferente" (Différente ou Une Femme Différente). Direção: Lola Doillon. Roteiro: Lola Doillon. Gênero: Ficção, Comédia Dramática, Romance. Duração: 100 minutos (1h40min). Elenco: Jehnny Beth (como Katia), Thibaut Evrard, Mireille Perrier. Sinopse: Katia, uma brilhante documentarista de 35 anos, demonstra singularidade na maneira como vive seus relacionamentos, todos mais ou menos caóticos. Sua participação em uma nova reportagem a leva a, finalmente, dar um nome à sua diferença.

"Se não fosse você". Diretor: Josh Boone. Elenco: Mckenna Grace (Clara Grant), Mason Thames (Miller Adams), Allison Williams (Morgan Grant), Dave Franco (Jonah Sullivan), Scott Eastwood (Chris Grant), Willa Fitzgerald (Jenny Davidson). Sinopse: Um acidente devastador revela uma traição chocante. Morgan Grant e sua filha, Clara, exploram o que restou enquanto confrontam segredos de família, redefinem o amor e se redescobrem.

"Chainsaw Man – O filme: O arco da Reze". Gênero: animação. Diretor: Tatsuya Yoshihara. Vozes: Kikunosuke Toya, Reina Ueda. Sinopse: Denji finalmente vive como o temido Homem-Motosserra, um jovem com coração de demônio que integra a Divisão Especial 4 de Caçadores de Demônios. Depois de um encontro marcante com Makima, a mulher de seus sonhos, ele busca refúgio da chuva e acaba conhecendo Reze, a misteriosa atendente de um café.

"Mauricio de Sousa: O Filme". Gênero: cinebiografia. Diretor: Pedro Vasconcelos. Elenco: Mauro Sousa, Diego Lamar. Sinopse: A infância de Mauricio, sua paixão por quadrinhos, a invenção de uma carreira em um momento em que era considerada improvável e a criação de seus personagens icônicos. a produção sobre o quadrinista mais importante do Brasil, traça os primeiros passos que tornaram realidade o seu sonho de se tornar desenhista. Criador de Turma da Mônica, a trama traz um olhar pessoal e sensível para a vida de um artista e das referências que o formaram. Da descoberta e paixão pelos quadrinhos à construção de uma carreira considerada impossível na época, a coragem de Mauricio de Sousa em sustentar suas ideias, histórias e personagens.

"O Agente Secreto". Gênero: thriller, drama. Diretor: Kleber Mendonça Filho. Elenco: Wagner Moura, ao lado de Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone. Sinopse: Em 1977, Marcelo trabalha como professor especializado em tecnologia. Ele decide fugir de seu passado violento e misterioso se mudando de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida. Marcelo chega na capital pernambucana em plena semana do Carnaval e percebe que atraiu para si todo o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, ele começa a ser espionado pelos vizinhos. Inesperadamente, a cidade que ele acreditou que o acolheria ficou longe de ser o seu refúgio.


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


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Cena de "Se Não Fosse Você", em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em outubro de 2025


Uma história de amor cheia de reviravoltas e capaz de arrancar suspiros na telona Cineflix Cinemas. O romance "Se Não Fosse Você", sai do mundo dos livros escritos por Colleen Hoover e vai para a telona transbordando paixões adormecidas (tanto de uma história iniciada há 17 anos como numa segunda que acontece detalhadamente diante do olhar do público). Em 1 hora e 56 minutos, a adaptação cinematográfica dirigida por Josh Boone, o mesmo do sucesso "A Culpa é das Estrelas", entrega de modo envolvente um drama familiar tão comum a ponto de permitir identificação com os personagens em certas situações.

Após apresentar o casal Morgan (Allison Williams, "M3gan") e Chris Grant (Scott Eastwood), ao lado da irmã da mocinha, Jenny Davidson (Willa Fitzgerald, série "Pânico") e o amigo Jonah Sullivan (Dave Franco, "Artista do Desastre"), a notícia de uma gravidez derruba possibilidades -lançadas por olhares. E assim acontece por 17 anos quando um acidente devastador revela uma traição chocante, levando Morgan e a filha, Clara (Mckenna Grace, "Ghostbusters") a serem mais próximas.


Contudo, um pouco antes do maior dilema da trama, no caminho da jovem surge Miller Adams (Mason Thames), filho de um garoto problema conhecido por Morgan, da época do colégio. Tentando guardar o maior segredo de família, mãe e filha, redefinem o amor e se redescobrem com interferências mais diretas de Jonah. Enquanto que a amiga de Clara, Lexie (Sam Morelos), é a personagem que traz leveza para o drama focado na complicação das relações.

Não há dúvida de que "Se Não Fosse Você" é um filme agradável de se acompanhar, mesmo tendo como base uma história de traição e perda de familiares. Seja pela trilha sonora, pela ambientação que inclui um cinema de cenário, ambiente de trabalho de Miller, sendo que Miller e Clara desejem trabalhar na área. É sempre bom ver o retorno do gênero romance com pitada de comédia -mesmo pesando no tema-, uma vez que é nítida a falta de produções atuais seguindo o gênero romance com pitada de comédia, sendo que no início dos anos 2000 perpetuou sucessos como "De Repente 30" e "Se Fosse Verdade". Vale a pena conferir!


"Se não fosse você". Diretor: Josh Boone. Elenco: Mckenna Grace (Clara Grant), Mason Thames (Miller Adams), Allison Williams (Morgan Grant), Dave Franco (Jonah Sullivan), Scott Eastwood (Chris Grant), Willa Fitzgerald (Jenny Davidson). Sinopse: Um acidente devastador revela uma traição chocante. Morgan Grant e sua filha, Clara, exploram o que restou enquanto confrontam segredos de família, redefinem o amor e se redescobrem.

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Trailer de "Se Não Fosse Você"


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Por Vieira Vivo, escritor e ativista cultural.

"Farejar a carne do universo
e comer o caos."


Cláudia Brino em sua constante, profícua e incansável lide poética nos oferece em “Almas com Fome” a plasticidade da palavra para desnudar o âmago de situações onde o texto submerge em um emaranhado cataclísmico. A atmosfera dos poemas, extremamente densa e convulsa, faz com que caminhemos através da leitura absorvendo seiva e sumo a cada imagem e assim adentrarmos aos nossos próprios labirintos emocionais: "A lágrima que escorre de seu espírito escurece a tarde na pupila do tempo."

Os versos nos apresentam um eficaz, insistente e revelador diálogo onde a obscuridade insípida do cotidiano revela-se desnuda e indefesa ante a constatação concreta da passagem das horas em um ambiente envolto em reticências, omissões e silêncios: "Não há nada mais estranho que ver o espanto pousado na própria face."

Por outro lado, o brado intrínseco na resolução poética revela-nos um súbito e surpreendente sentido direcional para onde a poeta conduz o desfecho sobrepondo-se à imagem gerada no espelho de seu próprio interior: "O medo do poema é ter seu íntimo revelado pelo mais profundo ego."

Cada poema assemelha-se a um oráculo onde a passagem angustiante das horas é dissecada minuciosamente e exposta de forma crua e consistente ante nossos olhos ao trazer à luz da poesia o peso opaco e renitente das incertezas rotineiras e sufocantes das vidas sem perspectivas: "Contemplei a ferida que se estendeu sobre a minha memória."

Há, ainda, à ressaltar o ofício da lapidação dos versos a enaltecer a coloração propícia de cada palavra no intuito de torná-la o guia condutor que desvendará, aos leitores, os mistérios ocultos de seu ímpar universo: Havia uma lágrima nossa na teia suspensa no abismo.


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#VivoLendo #VieiraVivo #CostelasFelinas #AlmasComFome #ClaudiaBrino

.: “Uma Vida pelo Samba”: livro e álbum digital resgatam obra de Beth Carvalho


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: divulgação

Artista da maior importância da nossa MPB, Beth Carvalho teve resgatada a sua importante trajetória por intermédio do livro “Uma Vida pelo Samba”, escrito pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour. O trabalho, que complementa o álbum digital "Samba  Book", mostra toda a discografia da cantora e ressalta a essência de seu trabalho como descobridora de talentos e sua forte conexão com o gosto popular.

O álbum digital "Samba Book Beth Carvalho" (Musickeria) conta com 26 faixas com canções interpretadas por vários nomes da música. As cinco primeiras edições homenagearam João Nogueira, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara e Jorge Aragão, reunindo elencos estelares, em gravações exclusivas.

A sexta edição, em tributo a Beth Carvalho, inclui um caderno de partituras, com transcrição dos arranjos originais dos sambas; ambiente na web, com portal e redes sociais, além do livro “Uma Vida pelo Samba”, escrito pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour. O livro cataloga os álbuns de carreira e as participações de Beth em discos de outros artistas, compactos e projetos especiais, desde sua estreia em 1965.

Faour conta que a fase inicial da carreira de Beth foi o trecho que rendeu um trabalho maior de pesquisa. “Eu acompanhei a trajetória dela desde os primeiros discos de samba. Mas ela já vinha atuando na música antes, nos anos 60, mais envolvida com o pessoal da Bossa Nova e dos festivais”. Faour lembrou a canção Andança, que Beth Carvalho defendeu com o grupo Golden Boys no Festival Internacional da Canção de 1968 e ficou em terceiro lugar. A composição de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi se tornou um clássico da nossa MPB. “Ela tinha uma personalidade forte. Era uma artista que sabia o que queria e estava sempre conectada com o gosto do público. Prova disso são os seus grandes sucessos”Compre o livro "Uma Vida pelo Samba", de Rodrigo Faour, neste link.

"Coisinha do Pai"

"Saco de Feijão"

"Firme e Forte"

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

.: CCBB São Paulo recebe a 20ª edição do Festival de Cinema Italiano


A 20ª edição do Festival de Cinema Italiano chega ao Brasil celebrando duas décadas de exibição e difusão da cinematografia italiana com títulos inéditos no país e obras clássicas. Na imagem, James Franco e Francesco Di Napoli em “Hey Joe”, de Claudio Giovannese
 


A 20ª edição do Festival de Cinema Italiano no Brasil chega celebrando duas décadas de difusão da cinematografia italiana em nosso país. O evento, que já faz parte do calendário cultural nacional, acontecerá entre outubro e novembro, totalmente gratuito e em formato híbrido, presencialmente em todo o Brasil em mais de 100 salas e também com filmes online que podem ser assistidos no site do Festival. O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo é um dos parceiros do projeto e receberá 21 filmes entre os dias 5 e 29 de novembro de 2025, com sessões todos os dias, exceto às terças-feiras. 

O Festival é um projeto organizado pela Câmara de Comércio Italiana de São Paulo - Italcam, em colaboração com a Embaixada da Itália e com o Ministério da Cultura. O manifesto desta edição é “Il Cinema che Racconta, I Maestri che Ispirano” - O Cinema que Conta, Os Mestres que Inspiram. Neste marco histórico, o evento reúne uma seleção especial que mescla estreias inéditas no país e uma retrospectiva de obras fundamentais, oferecendo ao público um panorama abrangente da riqueza e da diversidade do cinema italiano: mestres do passado, que como verdadeiros faróis éticos e estéticos transformaram ruínas em poesia, o olhar em resistência e a dor em beleza coletiva; e mestres do presente, que seguem expandindo esse legado com obras brilhantes, frutos diretos da herança deixada por seus predecessores.

“Estou muito feliz de poder abrir também este ano ao Brasil a 20ª edição do Festival do Cinema Italiano no Brasil, que propõe o melhor cinema italiano de autor, com os maiores sucessos de hoje ao lado de uma importante seleção de obras-primas do passado”, afirmou o Embaixador da Itália no Brasil, Alessandro Cortese. “Mas o que mais me enche de orgulho é o fato de conseguir levar o grande cinema italiano e a língua italiana não apenas às principais cidades brasileiras, mas também a muitos pequenos centros e, através do streaming, a todas as casas dos amigos brasileiros. Isso demonstra como este evento, único no seu gênero, busca democratizar a arte, tornando-a acessível praticamente a todos e de forma gratuita”.

Na Sessão Inéditos, o público terá oportunidade de ver algumas das produções mais aguardadas do cinema italiano contemporâneo. Entre elas, está "Le Assaggiatrici" ("As Provadoras de Hitler"), de Silvio Soldini, que retrata a experiência das mulheres forçadas a provar a comida de Hitler, e Napoli-New York, de Gabriele Salvatores, inspirado em uma história original de Fellini e Tullio Pinelli sobre duas crianças que migram clandestinamente para os Estados Unidos no pós-guerra. O festival também apresenta "Eterno Visionário", de Michele Placido, um retrato íntimo de Luigi Pirandello; "L’Abbaglio" ("A Ilusão"), de Roberto Andò, sobre as estratégias militares de Giuseppe Garibaldi; e "Hey Joe", de Claudio Giovannesi, estrelado por James Franco, sobre o reencontro dramático entre um veterano americano e o filho que nunca conheceu. As comédias “La Vita da Grandi” ("Irmãos"), de Greta Scarano e “Ho Visto Un Re” ("Eu Vi Um Rei"), de Giorgia Farina trazem humor ao festival, enquanto o tom nostálgico marca o road movie "Le Città di Pianura" ("A Última Rodada"), de Francesco Sossai que esteve na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes 2025. Premiado em Locarno, "Gioia Mia" ("Verão na Sicília"), de Margherita Spampinato, explora o choque entre tradição e modernidade, e Diamanti, de Ferzan Özpetek, brinca com os limites entre realidade e ficção ao reunir atrizes em uma Roma dos anos 1970. Completando a seleção, o documentário Roberto Rossellini, "Più di Una Vita" ("Mais que Uma Vida") revisita a crise criativa e pessoal do mestre do neorrealismo nos anos 1950, revelando novos caminhos para sua obra, e o drama “Amata” ("Amada"), de Elisa Amoruso, revela o amor, a liberdade e a maternidade em suas múltiplas formas.

Já a Sessão Retrospectiva homenageia os grandes maestros do cinema italiano, trazendo de volta às telas obras que marcaram a história da sétima arte. Entre os destaques, estão "Ladri di Biciclette" ("Ladrões de Bicicletas"), de Vittorio De Sica, marco do neorrealismo, e Paisà, de Roberto Rossellini, que narra em episódios a libertação da Itália na Segunda Guerra. Também integram a programação "Prima della Rivoluzione", de Bernardo Bertolucci, sobre os dilemas ideológicos da juventude; "L’Amore in Città" ("Amor na Cidade"), filme coletivo de Antonioni, Fellini, Zavattini e outros; e "Speriamo che sia Femmina" ("Tomara que Seja Mulher"), de Mario Monicelli, sobre solidariedade feminina em meio a crises familiares. O público poderá rever ainda "Delitto d’Amore" ("Crime de Amor"), de Luigi Comencini, ambientado no universo operário; "L’Assassino", de Elio Petri, estrelado por Marcello Mastroianni; e "Enrico IV", de Marco Bellocchio, inspirado em Pirandello. A seleção inclui ainda "Uomini Contro" ("A Vontade de Um General"), de Francesco Rosi, denúncia contundente da irracionalidade da guerra; "I Ragazzi di Via Panisperna", de Gianni Amelio, sobre as descobertas científicas de Enrico Fermi e Ettore Majorana; "Sopralluoghi in Palestina", de Pier Paolo Pasolini, documentário sobre a busca por locações autênticas para “O Evangelho Segundo São Mateus”; e "La Cena" ("O Jantar"), de Ettore Scola, que entrelaça vidas e dramas em um restaurante, revelando o cinema como palco da própria vida.


Serviço:
20º Festival de Cinema Italiano no Brasil
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
De 5 a 29 de novembro de 2025
Ingressos disponíveis a partir das 9h, no dia de cada sessão, na bilheteria do CCBB e em bb.com.br/cultura
Classificação indicativa: de acordo com cada filme
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico / São Paulo   
Funcionamento: aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: o CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista. 
Táxi ou Aplicativo: desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 mts).
Van: ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h00 às 21h00.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

.: Romance que resgata a ascensão da Aids no Brasil vence o Prêmio Jabuti


Entre figuras da noite, remédios contrabandeados, lares suburbanos e quartos de hospital, "Sangue Neon" tece mosaico da epidemia que redefiniu uma era

A epidemia da Aids não começou com estardalhaço, mas com sussurros: homens jovens e saudáveis, de repente, condenados à morte. "Sangue Neon", romance histórico do médico Marcelo Henrique Silva, joga o leitor de cabeça nesse cenário em que figuras da noite, travestis destemidas, profissionais de medicina recém-formados e comissários de bordo se unem em uma luta contra a doença e a indiferença. Entre contrabando de medicamentos e massacres ignorados, a narrativa ilumina vidas marginalizadas que desafiaram o sistema e moldaram a saúde pública brasileira.

A obra, publicada pela pela Editora Faria e Silva, do Grupo Alta Books, foi a grande vencedora do 67º Prêmio Jabuti, na categoria "Escritor Estreante: Romance" do eixo Inovação. A consagração aconteceu em cerimônia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na noite da última segunda-feira, dia 27 de outubro. Marcado por celebrações à literatura brasileira e conduzida por Marisa Orth e Silvio Guindane, o prêmio é o mais tradicional do país e reconhece o talento de novos e consagrados escritores, reafirmando a força criativa da literatura contemporânea.

Para construir a narrativa, Marcelo se baseia em fatos, não apenas para recriar a dramática ascensão da Aids no Brasil nos anos de 1980 e 1990, mas também como forma de desvelar as camadas de preconceito, desinformação e lutas que marcaram o período. Por meio de uma prosa potente, ele entrelaça personagens ficcionais e eventos históricos, e tece um mosaico de relatos verossímeis sobre coragem, solidariedade e abnegação. Episódios que aconteceram diante de um cenário nefasto de negligência e desigualdade social.

Entre as vozes, destacam-se Vera Lynn, inspirada em Brenda Lee, uma travesti nordestina que transforma dor em acolhimento ao fundar o primeiro abrigo para pessoas com HIV, e Sara, médica residente que enfrenta o peso de ser chamada “a doutora dos viados” enquanto luta para salvar vidas em meio à falta de recursos. Há também um grupo de comissários de bordo da Varig, que traziam os medicamentos do exterior, enquanto médicos idealistas, como o jovem infectologista Itamar, sonhavam com a construção de um novo sistema de saúde.

O surto de vício em heroína e a ausência de testes nas doações de sangue agravaram a propagação do vírus. Além de enfrentar a doença, esses profissionais tinham que combater a desinformação: grande parte da população acreditava na falsa ideia de que heterossexuais eram imunes.  A maneira atabalhoada com que a sociedade enfrentou o que rotulavam como “peste gay” é retratada com intensidade por Marcelo, que expõe, com igual veemência, a ineficiência do poder público.

“O Inamps, responsável por grande parte dos serviços de saúde, atendia apenas trabalhadores com carteira assinada, focando no retorno rápido ao trabalho, enquanto o Ministério da Saúde transferia a responsabilidade para as secretarias estaduais”, expõe. Meses após a criação do SUS, um contrato decisivo entre o Estado de São Paulo e o "Palácio das Princesas" foi concretizado pelo peso jurídico da nova Constituição Federal, o que consolidou a luta contra a doença - e tornou o Brasil referência mundial no controle da Aids.

Carregada de emoções intensas, personagens complexos e questões sociais e humanas profundas, a narrativa desperta uma reflexão inevitável e, muitas vezes, desconfortável: epidemias afetam a todos, mas atingem mais os vulneráveis. Em "Sangue Neon", o autor não permite ao leitor se manter indiferente ou ileso, ele confronta, arrebata e faz questionar.


Sobre o autor
Marcelo Henrique Silva
nasceu em Passos, no interior de Minas Gerais, mas hoje mora em Belo Horizonte. É médico e atuou na linha de frente durante a pandemia de Covid-19. Tem como foco o cuidado de grupos vulneráveis, minorias e pacientes oncológicos. "Sangue Neon" é seu romance de estreia e vencedor da categoria autor estreante do Prêmio Alta Literatura. Compre o livro "Sangue Neon", de Marcelo Henrique Silva, neste link.

.: Antonio Arruda usa a palavra como lâmina e transforma dor em linguagem


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: divulgação

Premiado roteirista, jornalista e mestre em Teoria Literária, Antonio Arruda estreia na literatura com "O Corte que Desafia a Lâmina", publicado pela Editora Cachalote. O livro, que cruza autobiografia e ficção, nasce do confronto entre dor e linguagem. A obra mergulha nas zonas de tensão entre vida e morte, fé e erotismo, desejo e repressão, revelando um autor que transforma o trauma em matéria poética.

Essa relação entre ferida e palavra também atravessa sua trajetória no audiovisual - da série "Cidade Invisível" (Netflix) ao infantil "Era Uma Vez no Quintal" (TV Cultura). Com formação em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP, Arruda propõe o que chama de “estética da cicatriz”: um modo de lidar com o real a partir da dor, mas sem vitimização. 

Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ele fala sobre a voz do pai que ecoa em sua escrita, o perigo e a beleza de escrever a partir da lâmina e o corpo como território de revelação e enfrentamento - quando cada texto é uma tentativa de lidar com o que fere, mas também com o que cura. Compre o livro "O Corte que Desafia a Lâmina", de Antonio Arruda, neste link.


Resenhando.com - O seu livro começa a ser elaborado a partir da ausência da voz do pai. Você acredita que toda obra literária é uma tentativa de devolver a voz a alguém, mesmo que esse alguém seja um fantasma dentro de nós?
Antonio Arruda - Creio que o primeiro movimento seja o de ouvir essa voz. Seja ela interna, pessoal, ou de outros. Uma voz individual ou coletiva, social, política, existencial. Uma voz que tem algo a dizer. Que necessita ora gritar, ora sussurrar o não dito. E o escritor é aquele que se abre à escuta dessa voz. No meu caso, voltar ao trauma vivido quando tinha 12, 13, 14 anos e presenciei o adoecimento e a morte de meu pai, vítima de um câncer que lhe extirpou alguns órgãos e, consequentemente, a fala, me abriu um rasgo na realidade.E eu olhei através dele. Nesse sentido, a partir da não voz do pai, como eu digo no livro, nasceu a voz poética do filho. Então, sim, de certo modo eu dei voz a um fantasma que me assombrou durante muitos anos. Porque quando visitei meu pai no hospital e ele, já mudo, me entregou um pedaço de papel onde estava escrito: “está tudo bem, meu filho”, eu passei muito tempo refletindo sobre esse “está tudo bem”. Hoje, entendo que meu pai não se referia a ele - que obviamente não estava bem -, mas a mim, ao que ele desejava para mim, como se dissesse: “está tudo bem você ser feliz, apesar de; está tudo bem você viver a sua sexualidade, apesar de; está tudo bem você seguir o caminho que quiser em sua vida, apesar de este momento de perda ser muito doloroso”. Eu transformei o trauma em linguagem e ressignifiquei meus fantasmas internos.E, a partir daí, comecei a acessar dores, violências e traumas, como eu disse, existenciais, coletivos. Esse processo, creio, pode ser lido como uma forma de devolver a voz a alguém, de se apropriar do real em sua terrível crueza e, ao tentar perceber e sentir o que esse real pode revelar, valer-se da matéria-prima da escrita, que é a palavra, a linguagem, para verbalizar o que está nas entranhas, nos escombros desse real.


Resenhando.com - Em algum momento, escrever o salvou da própria lâmina, ou apenas ensinou você a manuseá-la melhor?
Antonio Arruda Se eu me salvasse da lâmina, não haveria escrita. Talvez tenha me ensinado, ou, melhor dizendo, me convocado a enfrentar a lâmina da realidade e transformá-la em lâmina-palavra. Ao assumir a palavra como lâmina que corta o corpo-livro e dá vida a ele, me vi mergulhado em um tensionamento constante entre experiência de vida e experiência literária. Não consigo conceber uma literatura que não nasça da experiência, seja ela, como eu mencionei, pessoal ou coletiva, histórica. Um dos meus livros de cabeceira é “O Arco e a Lira”, de Octávio Paz. Há um trecho do qual eu gosto muito: “A palavra é o próprio homem. Somos feitos de palavras. Elas são a nossa única realidade ou, pelo menos, o único testemunho de nossa realidade”. Escrever, nesse sentido, é testemunhar a realidade - no caso do meu livro, cortante, violenta, dilaceradora - para, assim, conferir-lhe um sentido outro, construído por meio de símbolos, metáforas, imagens poéticas, criando um espaço-tempo que passa a ser o literário, não mais o da vida, ainda que tão vivo e pulsante quanto ela própria.


Resenhando.com - No livro, o corpo é texto e o texto é corpo. Se a sua escrita tivesse um cheiro, uma textura e uma temperatura, como ela seria?
Antonio Arruda Teria o cheiro de um corpo que sangra, mas que também goza; o cheiro do suor que exala no momento do estertor, mas que também irrompe da pele no instante do orgasmo; o cheiro da natureza, muito presente no meu livro, a floresta, o mar, a terra, a brisa, que ora leva o leitor a sentir o terrível e o cruel, ora o epifânico, o etéreo, o impalpável espectral.Teria a textura do ferimento em carne viva e da cicatriz que o constitui como memória nesse corpo atravessado pela experiência da dor e de sua possível transmutação. Teria a temperatura quente, quase escaldante do sol que assola o velho do conto “O Devir”, por exemplo, e também o frio do cadáver do adolescente do conto “A Queda da Estrela”; ou, ainda, a temperatura morna e úmida dos musgos da árvore sobre os quais o personagem do conto “Nu” se senta e vive sua experiência de desejo e temor. Teria esses cheiros, essas texturas e essas temperaturas pois minha escrita nasce da ambivalência, das contradições, do tensionamento constante e inevitável entre pulsão de vida e de morte.


Resenhando.com - Você vem de uma trajetória sólida no audiovisual, na televisão, na Netflix. O que a literatura o permitiu dizer que a câmera jamais permitiria captar?
Antonio Arruda Vou responder seguindo por outro caminho: o que a literatura me permitiu fazer, que é, fundamentalmente, o trabalho, a experimentação com a linguagem. Por mais que na escrita de um roteiro a descrição dos cenários, o tom das cenas, a criação das falas dos personagens passem, obviamente, pela escolha das palavras, com a literatura é diferente. A literatura permite uma elaboração mais complexa. A busca pela palavra que melhor diz, que melhor revela o sentimento do personagem, a atmosfera desejada. A literatura possibilita - não que o audiovisual também não o faça, mas em outra medida, de outra maneira - a sugestão, o mistério que habita as entrelinhas do texto, e que só será revelado - e ressignificado - pelo leitor. Cabe a ele, e apenas a ele, no fim das contas, experienciar o que o livro expressa. E talvez seja essa a grande beleza do fazer literário.


Resenhando.com - A obra é atravessada por erotismo, dor, fé e homoafetividade, temas muitas vezes tratados como “demais” por uma sociedade ainda careta. Quando você escreve, sente que está exorcizando o medo alheio ou desnudando o seu?
Antonio Arruda As duas coisas, e não somente elas, e sem que haja uma distinção pragmática entre o que é meu e o que é alheio a mim. Interessa-me mais o borrão, a mancha que atravessa escritor e leitor. O quanto meu livro pode também desnudá-lo de seus medos? O quanto eu posso exorcizar os meus? O quanto, ainda, para além de um possível exorcismo, se faz necessária a convivência com os demônios, olhá-los de frente, tê-los ao lado? No livro, erotismo, dor, fé e homoafetividade estão emaranhados, são temas que se entrecruzam. Então, acredito, ou pelo menos desejo, que o livro gere no leitor mais encruzilhadas do que estradas retas.


Resenhando.com - A estética da cicatriz que você propõe tem algo de ritual. O que há de oferenda e o que há de profanação no ato de escrever?
Antonio Arruda Você tocou em um ponto bem importante, foi bem agudo em sua colocação. Há, de fato, algo de ritual. Ofertar-se à escrita é o ofício do escritor. Entregar-se ao texto. Como diz a poeta Isadora Krieger, “escrever é desaparecer no texto”. Nesse sentido, há muito de oferenda no processo de escrita. É uma doação intensa, um sacrifício, há algo de litúrgico, mítico, místico. Algo se desvela e se descortina quando escrevo, algo muitas vezes maior do que eu, que existe para além de mim. Ao mesmo tempo, meu processo de escrita e meu texto neste livro carregam uma corporeidade densa. “O Corte que Desafia a Lâmina” trabalha o tempo todo com a dualidade entre sagrado e profano. Profanar a carne para ofertá-la em sacrifício ao espírito. Acessar o espírito para que ele unja a carne e seus cortes, suas feridas. É esse o paradoxo que me interessa. E a minha proposta com a estética da cicatriz é justamente essa: criar um livro-corpo que, ao ser atravessado pela lâmina-palavra, inevitavelmente faça da escrita uma forma de ritualizar as experiências - de vida e literária.


Resenhando.com - No livro, há um homem que carrega uma carcaça de tartaruga até o mar e afunda com ela. Qual seria a sua carcaça hoje, e o que ainda o impede de soltá-la?
Antonio Arruda Vou pensar sobre essa pergunta e levá-la para a minha próxima sessão de análise para elaborar uma possível resposta (risos). Talvez a gente passe a vida toda acessando carcaças que acreditamos já ter soltado. Mergulhar nas dores e nos traumas me parece ser um exercício constante. Não sei especificar qual a carcaça de hoje com a qual ainda não me afoguei no mar. Mas, fazendo uma ligação com a pergunta anterior, talvez seja esse o ritual que mais me constitui como sujeito inquieto e complexo: tatear o inconsceano (para utilizar um dos neologismos do livro) e, assim, quem sabe, acessar as profundezas de ser.


Resenhando.com - Você é roteirista, professor, pesquisador, sacerdote e agora escritor publicado. Qual dessas vozes mais o contradiz, e qual delas você tenta silenciar quando escreve?
Antonio Arruda Talvez a mais contraditória delas seja a do escritor. Justamente por abarcar as demais? Não sei. Respondo em forma de pergunta, pois a assertividade, aqui, mataria, justamente, a contradição. Nunca tinha parado para pensar sobre isso. Mas sinto que a voz do professor, por ser carregada de um inevitável didatismo, seja aquela que, ainda que inconscientemente, eu tente silenciar. Minha escrita é altamente simbólica, imagética, alegórica. Acredito que não haja nela espaço para didatismos.


Resenhando.com - A dor é matéria-prima da arte, mas também um mercado. Você teme que o leitor leia suas feridas como espetáculo, e não como identificação?
Antonio Arruda Não. A dor como espetáculo está na mídia, nas notícias que transformam corpos violentados, agredidos, estraçalhados em números, em estatística. Está nas redes sociais. Está, infelizmente e cada vez mais, nos algoritmos. Sua pergunta me fez pensar que talvez o leitor não leia minhas feridas (que já nem são mais minhas, na verdade, uma vez que, depois de terem sido matéria-prima para a escrita, viraram ficção; são, portanto, as feridas dos narradores, dos personagens, do livro-corpo) como espetáculo, mas, se não como identificação, talvez como estranhamento, repulsa? Acredito que a literatura, ao se valer de elementos que atravessam, transgridem, subvertem o real, leva os leitores a processos complexos de investigação sobre si. Pelo menos é o que desejo que eles sintam ao acessar os cortes e as cicatrizes que eu transformei em experimentação estética.


Resenhando.com - Se o corte é inevitável, o que você ainda não teve coragem de transformar em lâmina?
Antonio Arruda Não sei… Às vezes eu sinto um pouco de medo da falta de medo que eu sinto (risos). Talvez quando descobrir qual a carcaça de hoje que ainda não carreguei para o mar eu consiga responder a essa pergunta. Como algumas pessoas que leram meu livro enquanto eu o escrevia e antes de enviá-lo à editora me disseram: “seu livro é fruto de muita coragem”. E eu senti mesmo isso ao escrevê-lo. Foi muito intenso e profundo mergulhar nas dores, nos traumas, nos cortes. E foi libertador. E estou disposto a continuar encarando as lâminas, a fazer delas o elemento mefistofélico que me aguilhoa a existência.



.: "Longe do Ninho" vence Prêmio Jabuti na categoria Biografia e Reportagem


O livro "Longe do Ninho", escrito pela jornalista Daniela Arbex, foi anunciado como vencedor da categoria Biografia e Reportagem da 67ª edição do Prêmio Jabuti em cerimônia realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta segunda-feira, dia 27 de outubro. Este é o segundo Jabuti da jornalista mineira, que já recebeu a honraria por "Cova 312", em 2016, e ficou em segundo lugar com "Holocausto Brasileiro".

Em "Longe do Ninho", Daniela apura a tragédia anunciada que vitimou dez jovens atletas do Flamengo no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do clube. Publicado em fevereiro de 2024 pela Intrínseca, cinco anos após o incêndio que fez a nação amanhecer de luto, a obra investigativa é um relato forte, sensível e humano sobre a memória em torno da morte dos meninos e o fim dos sonhos de se tornarem ídolos no país do futebol.

Com base em informações exclusivas sobre o caso, Longe do ninho é uma peça fundamental para a compreensão do que de fato aconteceu na madrugada do incêndio. A obra apresenta laudos técnicos, trocas de mensagens e e-mails, além de dados e relatos até então não divulgados. Depois de dois anos de apuração, entrevistas com os familiares dos dez jovens, sobreviventes e profissionais da perícia criminal e do IML, Arbex montou um quadro completo e elucidativo sobre a trajetória de vida dos rapazes e suas famílias e de como o contêiner-dormitório do Ninho do Urubu se transformou numa armadilha fatal que vitimou os dez jovens atletas em uma tragédia sem precedentes. Compre o livro "Longe do Ninho", de Daniela Arbex, neste link.


Sobre a autora
Daniela Arbex é vencedora dos Prêmios Jabuti e Vladimir Herzog e do Troféu Mulher Imprensa, tendo se tornado referência no jornalismo literário investigativo. A mineira é autora do premiado livro Holocausto brasileiro, adaptado para documentário pela HBO. Em 2023, sua obra Todo dia a mesma noite, sobre o incêndio na Boate Kiss, deu origem à minissérie homônima da Netflix, uma das mais assistidas do ano na plataforma. Foto: divulgação/Editora Intrínseca. Compre os livros de Daniela Arbex, neste link.

.: Arte pública: The Gallery faz exposição a céu aberto em capitais brasileiras


A mostra, uma das maiores de arte pública do mundo, ocupa painéis digitais em oito capitais brasileiras e traz obras de artistas do Brasil, Reino Unido e outros países, convidando o público a refletir sobre a crise climática no espaço urbano. Imagem de obra em São Paulo. Foto: divulgação


Sob o tema “Não É Fácil Ser Verde”, o projeto The Gallery traz obras de 16 artistas do Brasil, do Reino Unido e de outros sete países a centenas de painéis e telas de publicidade digitais espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre e Belém, sede da COP30, além de Londres, Margate, Dorking, Manchester, Edimburgo, Belfast, Inverness, Newcastle, Liverpool, Bristol, Exeter, Bournemouth, Cornwall e outras regiões no Reino Unido.

A exposição pode ser vista pelo público brasileiro até dia 18 de novembro e faz parte do Ano Cultural Brasil/Reino Unido 2025-26, promovido pelo British Council, organização internacional do Reino Unido para relações culturais e educacionais, em parceria com o Instituto Guimarães Rosa, o órgão de diplomacia cultural e educacional do governo brasileiro.


Serviço
Exposição "The Gallery - Ano Cultural Brasil/Reino Unido 2025–26"
Até dia 18 de novembro de 2025 (Brasil) | Até dia 3 de novembro de 2025 (Reino Unido)
Locais: painéis e telas digitais em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Manaus, e Belém.
Acesso: gratuito, em espaço público.
Coleção permanente online: https://thegallery.org.uk/pt-br/

.: Experiência imersiva e inédita, Machu Picchu chega ao Brasil em novembro


A experiência inédita que permite ao visitante conhecer em detalhes a icônica Machu Picchu, com a ajuda da tecnologia, estreia no dia 20 de novembro em São Paulo. Foto: divulgação

“Machu Picchu: viagem à Terra Perdida”, uma impressionante experiência Fever Original em realidade virtual inspirada em um dos maiores tesouros arqueológicos do mundo, fará sua estreia inédita no Brasil em São Paulo, a partir de 20 de novembro de 2025, na Galeria Extra Morumbi. Apresentada pela Fever, plataforma líder global em descoberta de entretenimento ao vivo, em parceria com a Virtual Worlds, estúdio criativo pioneiro em experiências de realidade virtual, essa produção combina tecnologia de ponta em VR, escaneamento a laser e reconstruções 3D hiper-realistas para transportar o público ao coração do Império Inca.

A precisão da experiência vem de um contexto inusitado: durante a pandemia, a equipe da Virtual Worlds teve acesso exclusivo a Machu Picchu, aproveitando o raro momento em que o sítio arqueológico estava completamente vazio. Essa oportunidade permitiu uma documentação inédita do local, resultando na reconstrução digital mais fiel já feita da Cidade Perdida , agora apresentada ao público brasileiro em uma jornada imersiva onde a ciência encontra a narrativa e a história se mistura à imaginação.


Uma viagem no tempo - e nos sentidos
Com duração aproximada de 45 minutos, a experiência leva os visitantes a uma recriação de Machu Picchu como ela era em seu auge, com todos os detalhes restaurados à sua glória original. É uma oportunidade única de ver a Cidade Perdida como poucos a viram em séculos - viva, vibrante e repleta de histórias.

Através de realidade virtual, trilhas sonoras originais e narrativa cinematográfica, o público atravessa templos sagrados, terraços agrícolas e residências incas, enquanto conhece seus costumes, crenças e modo de vida. Entre os destaques estão momentos como o eclipse solar, os encontros com criaturas mitológicas das lendas andinas e cenas do cotidiano que revelam o engenho e a cultura do povo inca.

Guiando essa jornada está Teri, um divertido robô-guia dublado na versão original por Terry Crews - o Julius da série “Todo Mundo Odeia o Chris”. Na versão brasileira, o personagem ganha voz local, tornando a experiência ainda mais próxima e envolvente para o público nacional.

Mais do que uma experiência visual, "Machu Picchu: viagem à Terra Perdida" transporta os visitantes a um tempo em que a Cidade Perdida estava viva, permitindo que vejam o esplendor da maravilha inca em uma reconstrução espetacular. É uma jornada em realidade virtual que une passado e presente, convidando o público a refletir sobre o legado humano e histórico que continua a nos fascinar até hoje.


Produção e colaboração internacional
O projeto é apresentado pela Fever e produzido pela Virtual Worlds, estúdio reconhecido por recriar digitalmente patrimônios históricos em VR. Durante a pandemia, a equipe da Virtual Worlds teve acesso inédito a Machu Picchu - uma oportunidade única que permitiu mapear cada milímetro do sítio arqueológico sem a presença de turistas. Com o uso de lasers de alta precisão, drones e sensores tridimensionais, o estúdio criou o modelo 3D mais detalhado já feito de Machu Picchu, utilizado desde então em pesquisas científicas e produções cinematográficas, como "Paddington Goes to Peru" e "Transformers: o Despertar das Feras".

Agora, graças aos avanços da realidade virtual e da inteligência artificial, essa mesma reconstrução foi transformada em uma experiência acessível ao público, permitindo que qualquer pessoa explore Machu Picchu como se realmente estivesse lá - uma fusão impressionante entre inovação tecnológica e preservação cultural.


Uma homenagem à herança latino-americana
Após temporadas de sucesso em Berlim e Los Angeles, o espetáculo chega pela primeira vez à América Latina. Sua estreia em São Paulo marca um momento simbólico: o reencontro do público latino com uma das civilizações mais emblemáticas do continente. Cada detalhe foi desenvolvido em colaboração com historiadores, arqueólogos e especialistas em cultura andina, garantindo respeito histórico e sensibilidade cultural - desde a arquitetura até os elementos narrativos e visuais. Os ingressos já estão disponíveis no site oficial e na plataforma Fever.


Serviço
"Machu Picchu: viagem à Terra Perdida"
Abertura: 20 de novembro de 2025
Local: Galeria Extra Morumbi - Av. Major Sylvio de Magalhães Padilha, 16741 - Jardim Fonte do Morumbi
Duração: aproximadamente 45 minutos
Idade mínima: a partir de 10 anos. Crianças de até 12 anos devem estar acompanhadas dos adultos responsáveis
Early Bird: Ingressos Early Bird: 15 % de desconto até 12 de Novembro
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