segunda-feira, 15 de abril de 2024

.: Crítica: "O Sabor da Vida" é história de amor pela culinária e cozinheira

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em abril de 2024


O profundo amor entregue a cada prato. Eis uma singela pitada do filme francês "O Sabor da Vida", em cartaz na Cineflix Cinemas em Santos. A produção de 2h16 de duração, com direção do vietnamita Tran Anh Hung é um convite a praticar a calmaria de saborear os prazeres da vida. Assim, a dupla Eugenie (Juliette Binoche) e Dodin (Benoît Magimel), cozinheira e patrão há 20 anos, são desafiados por uma desagradável surpresa do destino que os coloca numa difícil corrida para desfrutar um da companhia do outro.

No entanto, na cozinha do renomado chef surge uma jovem figura com grande habilidade para apreciar e aprender as fazer os pratos que são irretocáveis obras de arte na telona: Pauline (Bonnie Chagneau-Ravoire). De paladar apurado, mesmo ainda estando em formação, por ainda ser criança, quando entra em cena, a Pauline da atriz mirim cativa, complementando a história de amor da dupla perfeita de protagonistas composta pelos talentosos Juliette Binoche ("Chocolate") e Benoît Magimel ("Memórias de Paris").


"O Sabor da Vida" não é um filme que deixa o público passar impune, seja pela história de amor do casal que abrange o ato de cozinhar, como também provocar fome, até em quem assiste a tudo do outro lado estando bem alimentado. A cada cena na cozinha que faz parecer levar o público aos bastidores de produções artísticas que servirão de refeição, há muita paz e cumplicidade. 

Assim, Eugenie e Dodin fazem parecer que quem assiste a tudo é convidado a acompanhar o passo-a-passo, mas sem a oportunidade de provar. Tanto é que, em certas sequências, a cozinha efervescente do casal deixa a sensação de que o cheiro ultrapassou a tela do cinema, o que remete outro longa francês, "Delicioso" ou o mais recente "Sob as Estrelas", sendo cada um com seu jeito tocante de tratar a culinária no cinema. Vale a pena conferir no elenco ainda tem Galatea Bellugi de "Tralala"!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link. Compre seus ingressos no Cineflix Cinemas Santos aqui: vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm 


"O Sabor da Vida" ("La passion de Dodin Bouffant"). Ingressos on-line neste linkGênero: romance, dramaClassificação: 14 anos. Duração: 2h16. Ano: 2023. Idioma original: francês. Distribuidora: Diamond Films. Direção: Tran Anh Hung. Roteiro: Tran Anh Hung. Elenco: Juliette Binoche, Benoît Magimel, Emmanuel SalingerSinopse: A cozinheira Eugenie e seu patrão Dodin se afeiçoam ao longo de 20 anos, e seu romance dá origem a pratos que impressionam até chefs ilustres. Quando Dodin se depara com a relutância de Eugenie em se comprometer, ele começa a cozinhar para ela.
Trailer de "O Sabor da Vida"


Leia+

.: Fábio Ferretti estreia o solo "Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes" no teatro


Espetáculo é uma espécie de contação de histórias para adultos e surge a partir da obra "Les Faux-monnayeurs", escrita em 1925 pelo autor francês André Gide. 


Considerado um dos expoentes do romance moderno, o livro “Les Faux-monnayeurs” (traduzido no Brasil como “Os Moedeiros Falsos”) do escritor francês André Guide (1869-1951) é o ponto de partida para o solo "Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes", escrito, dirigido e protagonizado por Fábio Ferretti. O espetáculo tem sua temporada de estreia no Teatro Arthur Azevedo, entre os dias 2 e 26 de maio (exceto de 16 a 19 de maio), com apresentações de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 18h.

Uma espécie de contação de histórias para adultos, Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes não é uma adaptação do romance, mas opta por refletir sobre as relações existentes nas personagens retiradas do romance e ao mesmo tempo criar relações destas personagens com a quarta personagem introduzida na encenação. Todo o processo dramatúrgico é construído a partir destas relações de amor e amizade, encontros e desencontros.

André Gide, vencedor do prêmio Nobel de literatura em 1947 por seu romance "L'immoraliste" ("O Imoralista"), foi contemporâneo e amigo de grandes escritores marginalizados como: Jean Paul Sartre, Oscar Wilde e Jean Genet. E é um dos grandes nomes da literatura na primeira metade do século 20. Sua obra é marcada pela recusa a restrições morais e puritanas.

A sexualidade, sempre presente na obra de André Gide, é explorada sem filtros, sem julgamentos. Heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade estão presentes através desses personagens, porém não definem as suas relações interpessoais. Para Gide, os homens devem mostrar afeto, carinho e amor entre si, independente da sua sexualidade.

Na trama, após a morte do companheiro, um homem entra em contato com um acervo de cartas e diários guardados pelo amado. No material encontrado, o homem descobre fatos e acontecimentos até então desconhecidos, que ocorreram há 40 anos e que foram determinantes para que ele pudesse encontrar seu companheiro. 

O material encontrado foi escrito e deixado por Eduardo, seu sobrinho Oliver e o amigo deste, Bernardo. Os fatos descritos narram a relação destes três homens, onde cada um expõe seu ponto de vista sobre os acontecimentos. A amizade de Oliver e Bernardo, a amizade de Bernardo e Eduardo e a relação amorosa entre Oliver e Eduardo são descortinadas e possibilitam ao homem, depois de todo esse tempo, descobrir os meandros da sua própria história e os acontecimentos que possibilitaram a ele ser o homem que se tornou.

A dramaturgia do espetáculo parte da premissa de que os fatos que serão narrados por Eduardo, Bernardo e Oliver são extraídos de cartas, diários e depoimentos e estão impregnados de sentimentos contraditórios: amor, amizade, companheirismo, ciúme e inveja. Assim, através destas referências, a encenação procura descortinar essas personagens, no intuito que o espectador possa reunir elementos que lhe permitam refletir sobre os temas e as relações dessas quatro personagens.

"Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes" dá continuidade ao processo de pesquisa da Cia. Ferris sobre as relações humanas, buscando ampliar o olhar sobre certas questões e mergulhando nas relações das personagens. Relações surgidas a partir de sentimentos inesperados e indefinidos e que provocam rupturas emocionais. 

Entre as tantas perguntas sugeridas pelo texto, podemos citar: Há algo de concreto no amor e na amizade? Há diferenças comportamentais nas relações amorosas ou de amizade? E esses comportamentos diferem com a idade? A experiencia pessoal prévia é garantia para relações saudáveis?

Com "Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes", a Cia. Ferris reafirma a importância do teatro na busca de criar mecanismos que permitam ao espectador vivenciar experiências diversas e que possibilitem o autoconhecimento.


Ficha técnica
Monólogo "Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes"
Texto e Direção: Fábio Ferretti
Interpretação: Fábio Ferretti
Figurino, cenário e luz: Cia Ferris.
Realização: Cia Ferris


Serviço
Monólogo "Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes"
Teatro Arthur Azevedo – Sala Multiuso - Avenida Paes de Barros, 955, Mooca
Temporada: 2 a 26 de maio, de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 18h (na semana de 16 a 19 de maio não haverá espetáculos devido a programação da Virada Cultural)
Ingressos: Gratuitos, retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo.
Reservas on-line em www.sympla.com.br
Duração: 75 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 50 lugares
Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

.: Entrevista: Adriana Simão conta como se inspirou em canções para escrever


Será que é possível transformar as diferentes linguagens artísticas em processo terapêutico? Adriana Simão , autora de "Tempestade de Som e Fúria", descobriu que sim. Best-seller da Amazon, o livro de poemas foi concebido enquanto ela escutava canções e deixava o próprio fluxo de consciência se tornar versos reflexivos.

Como uma espécie de terapia, essa imersão resultou em textos que abordam as relações com o tempo, os diferentes sentidos para a vida, a importância da memória e as formas de viver em meio às contradições da realidade. Iniciado devido a uma sugestão da psicoterapeuta da escritora, o trabalho poético serviu como um momento catártico de autoconhecimento para ela entender seus sentimentos e lugar no mundo por meio da arte.

Grande fã das playlists em fitas cassetes, populares nos anos 1990, a autora compilou em uma playlist on-line todas as faixas que inspiraram sua criatividade. Ao longo da leitura, leitores podem interagir ainda mais com a obra ao ouvir a miscelânea de artistas como Arcade Fire, Oasis, Tribalistas, Florence + The Machine, Adele, Phoebe Bridgers e Beirut. Nesta entrevista, Adriana Simão conta como se inspirou na produção poética para se conectar com si mesma e de que forma a escrita terapêutica pode contribuir para o desenvolvimento pessoal de cada um.

“Tempestade de Som e Fúria” surgiu como um processo terapêutico, para externalizar suas próprias emoções em poemas. Como a escrita influenciou em seu autoconhecimento?
Adriana Simão
 - Em 2021, eu estava em busca de autoconhecimento, acompanhada por alguns processos terapêuticos. Num desses, a querida Carol Presotto-Simrat me sugeriu colocar uma música para tocar e escrever o que viesse à mente. Veio poesia. Foi um processo tão intenso que acabou se tornando também uma terapia. Com a escrita diária, percebi o potencial de organizar os pensamentos, o que foi se estendendo para as emoções e trouxe um alívio e uma certa clareza para começar o dia... Virou uma espécie de download da mente para seguir mais leve.


Por que você optou por poesia, ao invés de outros estilos literários?
Adriana Simão
 Interessante essa questão, pois o caminho da poesia foi completamente intuitivo. Neste exercício de escrever o que viesse à mente, não havia compromisso com forma nem estilo. Então, poderia vir qualquer coisa.


Como a poesia se conectou com sua própria realidade?
Adriana Simão
 No começo vieram muitas emoções, mas já em formato de poesia... com ritmo e algumas rimas. O processo foi se lapidando e os poemas foram ganhando mais forma e mais sentido. A partir de tudo isso, fui me interessando pelos poemas como leitora e então veio a ideia de publicar um livro para que chegasse a mais pessoas.


Você recomenda a escrita terapêutica para outras pessoas, até mesmo quem não é escritor? Adriana Simão Sem dúvida. A palavra, seja ela falada ou escrita, tem um poder de transformação muito grande. Acredito que, por isso, muitas linhas terapêuticas se amparam na cura por meio da fala. No caso da escrita, é uma conversa de você com você mesmo, o que pode ser muito potente para conseguir escrever coisas que seriam até difíceis de falar. A transformação mora aí, em tirar isso de você, da sua cabeça, dos seus sentimentos... Como a escrita terapêutica não tem compromisso com forma ou regras linguísticas, pode ser algo muito acessível às pessoas que não se imaginam escrevendo e um recurso interessante para quem, por alguma razão, não faz terapia. É um jeito de começar a entrar em contato com o autoconhecimento.


Além de ser uma escrita terapêutica, a obra tem um bônus: os poemas foram escritos enquanto você escutava a músicas. De que maneira a arte musical está presente na sua vida? Adriana Simão Eu sou uma pessoa bem musical. Sempre conto com uma trilha sonora para me concentrar, produzir algo ou relaxar. Para mim, a música e a poesia têm uma relação muito estreita quando pensamos em cantores e compositores como poetas... Renato Russo, Cazuza, Bob Dylan, que inclusive recebeu o Nobel de Literatura.


Para você, qual o ponto de intersecção entre música e literatura?
Adriana Simão
 A poesia, por sua característica "musicada", a partir da cadência e rimas, torna-se ainda mais fácil de reconhecer essa relação e, inclusive, foi uma conexão muito próxima na antiguidade, na poesia cantada. Vemos essa presença ainda hoje, no cordel ou no slam, com o hip-hop, por exemplo.


O livro suscita uma conexão com os anos 1990, com as fitas cassetes. De que forma estas fitas e aquela década estão presentes nas suas memórias?
Adriana Simão
 Eu nasci nos anos 80 e, na década seguinte, a MTV fazia parte do dia a dia de muitos adolescentes. Para mim, esse canal musical e as rádios me acompanhavam sempre e eram base para criar as fitas K7 ou VHS com as músicas, programas e entrevistas dos meus artistas favoritos. Criar uma playlist era um ritual: antes de tudo, pensar na lista de músicas do momento e ficar grudada na rádio para conseguir gravar. O que poderia demorar dias... 

E por que retomar este mundo analógico no presente?
Adriana Simão É nostálgico lembrar desse tempo, porque essa feitura artesanal criava uma relação ainda mais especial com os artistas, locutores e VJs... recordar desse tempo faz refletir um pouquinho sobre os tempos acelerados em que vivemos.



Para publicar "Tempestade de Som e Fúria", a escritora Adriana Simão escutava as músicas favoritas e, naqueles poucos minutos, escrevia um poema. Os temas dos textos podiam ser inspirados nas letras, ou apenas transmitiam os sentimentos dela enquanto ouvia as canções. O lançamento foi resultado de um processo terapêutico vivido pela autora, que recorreu à arte para entender os próprios sentimentos e conhecer a si mesma.

Com o objetivo de transmitir a relação direta entre as composições musicais e a literatura, a obra tem uma diagramação que lembra as fitas cassetes da década de 1990. Além disso, em cada poema, há o nome das músicas que inspiraram a escrita. Assim os leitores atravessam artistas e grupos como Arcade Fire, Oasis, Phoebe Bridgers, Florence + The Machine e Fiona Apple. Compre o livro "Tempestade de Som e Fúria", de Adriana Simão, neste link. 

Poemas em fita cassete
Quando Adriana Simão era adolescente, em meados da década de 1990, dedicava-se a montar playlists em fitas cassetes. Apesar de sempre ter sido apaixonada por música, entendeu o papel da arte na sua vida somente anos depois, ao utilizá-la como recurso terapêutico para o autoconhecimento. Quando escutava canções, transformava o próprio fluxo de consciência em poemas, que foram compilados em Tempestade de som e fúria.

O livro alcançou a marca de best-seller ao ser lançado em e-book de forma independente e agora é publicado por uma editora tradicional. Dividida em lados A e B, a obra reúne uma série de textos existenciais e reflexivos que abordam questões como as relações com o tempo, os diferentes sentidos para a vida, a importância da memória, as formas de viver em meio às contradições da realidade.

O trabalho poético foi inspirado nas melodias que Adriana Simão ouvia no momento da escrita. No início de cada texto, a autora não apenas detalha a data, o horário e o local em que o conteúdo foi concebido, mas também explicita as canções responsáveis por inspirar sua criatividade. A partir dos poemas, os leitores atravessam uma lista diversificada com Arcade Fire, Oasis, Phoebe Bridgers, Florence + The Machine, Fiona Apple, Beirut, Tribalistas e Adele. Para tornar a obra ainda mais interativa, há uma playlist on-line com todas as produções indicadas.

Enquanto o Lado A é composto por versos influenciados pelas músicas favoritas da escritora, o Lado B foi elaborado com a participação do público. Muitas pessoas buscavam a poeta para produzir textos com base em canções, e ela atendia a esses pedidos. Entre as dedicatórias, um nome se destaca: o de Aline Bei, autora dos títulos “O Peso do Pássaro Morto” e “Pequena Coreografia do Adeus”, que quis um poema para “Volant”, de Sebastian Plano. Neste processo, Pato Fu, Nina Simone, Jimi Hendrix, Taylor Swift e Os Mutantes, entre outros, foram adicionados à miscelânea musical.

Além de ser um breve retorno ao mundo analógico da década de 1990, Tempestade de som e fúria mostra a importância de transformar as diferentes linguagens artísticas em processo terapêutico. Iniciados devido a uma sugestão da psicoterapeuta de Adriana Simão, os versos serviram como um momento catártico de autoconhecimento e se conectam com todos aqueles que, como a escritora, procuram a arte para entender os sentimentos e seu lugar no mundo.

Sobre a autora
Formada em Sistemas de Informação pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, Adriana Simão trabalha com números, mas desde criança é apaixonada por palavras e música. Aprendeu a produzir playlists em fita cassete e, décadas depois, uniu este conhecimento ao fazer poético. Enquanto escutava canções, escrevia os poemas que foram publicados no seu livro de estreia Tempestade de som e fúria. Lançada primeiro como e-book, a obra alcançou a lista de mais vendidos na Amazon e se tornou um best-seller. Agora o título ganha versão física publicada pela editora Letramento. Garanta o seu exemplar de "Tempestade de Som e Fúria", escrito por Adriana Simão, neste link.

domingo, 14 de abril de 2024

.: Relatos universais de Adriana Lunardi em nove contos e uma nota do destino


Arte e literatura são fio condutor para os textos que compõem "Contos Céticos", obra voltada para as relações humanas que marca a volta de Adriana Lunardi  às livrarias. O novo livro da premiada escritora surge como uma ode à literatura e suas expansões artísticas ao abordar temas como o luto, o plágio, a infância e a velhice, entre outros. O elemento que une os nove contos e o pequeno texto de encerramento, chamado de “Nota do Destino”, é a aposta na ficção para dar fora e desafiar o indizível da subjetividade humana.

O livro será lançado no Rio de Janeiro, no dia 8 de maio, na Janela Livraria, no Jardim Botânico, a partir das 19h00. No dia 25 de maio, a autora participa em Paris do Clube de Leitura da Embaixada do Brasil, e no dia 30 de maio é a convidada do Quartier du Livre, com a chancela da Librairie Portugaise & Brésilienne

Premiada com o Açorianos, o prêmio da Biblioteca Nacional para Obras em Andamento, o Fumproarte e o Icatu de Artes, ela dedicava-se nos últimos tempos à escrita de roteiros de um seriado de televisão. Para este livro, reuniu contos inéditos e outros que haviam sido publicados esparsamente em jornais e antologias. “Eu me dei conta de que todas as personagens tinham um olhar cético, desencantado, de quem não acredita muito no que era dado por certo”, diz a escritora sobre o título do livro, acrescentando que a publicação marca uma redescoberta do que ela vinha fazendo. “O livro reflete uma despretensão da minha parte, e a valorização da ficção como aposta estética para o que eu vinha vivendo”.

Em seus nove contos e uma nota do destino, conhecemos crianças erráticas, idosos mais erráticos ainda, escritores vaidosos e autoflagelados, e vislumbramos o que chamam de "loucura que acomete gênios e artistas", mas sequer chegamos perto de tocá-la – é impossível. Olhamos no olho do mistério porque, em "Contos Céticos", não há quarta parede diante do luto, das últimas imagens que se tem de alguém. Tudo pode ser maculado. Uma criança, a literatura, Paris.

Mas o que torna "Contos Céticos" uma coletânea excepcional são as imagens extraordinárias que a autora é capaz de criar a partir de elementos triviais da existência. Sua narrativa fascinante não vem apenas de uma habilidade magistral, mas de sua uma profunda intimidade com a palavra. O fio condutor que atravessa os contos deste livro não se estica e não se pretende linear, prefere antes partir-se e buscar o remendo, fazer nós e novelos; sua natureza, no entanto, é inequívoca, e diz: estou aqui para fazer literatura. Compre o livro "Contos Céticos", de Adriana Lunardi, neste link.


Sobre o livro
“Nestes contos, Adriana Lunardi – distante de modismos e dona de um teto todo seu na literatura brasileira – faz da dúvida e da ironia instrumentos para vasculhar uma realidade que glossários, fármacos ou truques diversos já não parecem mais capaz de manejar. Afiada, ela nos confronta com o nosso ridículo, mas também revela o que temos de belo quando as luzes diminuem e a afetação se cansa: salva-se, então, ‘um quê de ternura, um arrepio de poema’.” – Adriana Lisboa


Sobre a autora
Adriana Lunardi é autora de "Vésperas" (2002), "Corpo Estranho" (2006) e "A Vendedora de Fósforos" (2011). Foi publicada em Portugal, França e Argentina, entre outros países. Recebeu os prêmios Açorianos, Biblioteca Nacional para Obras em Andamento, Fumproarte e Icatu de Artes. É coautora do seriado de TV "Ilha de Ferro" (Globo, 2019). Nasceu em Santa Catarina e vive no Rio de Janeiro. Garanta o seu exemplar de "Contos Céticos", escrito por Adriana Lunardi, neste link.

.: Entrevista com Beatriz Reis Brasil: "Vi a Wanessa Camargo e não reconheci"


A alegria de Beatriz Reis Brasil foi motivo de votos, de apontamentos e de brigas no "Big Brother Brasil", principalmente quando nas festas extrapolava certos limites. Foto: Globo/ João Cotta


Ela é do Brás, é do Brasil (até no sobrenome) e do "Big Brother"! Beatriz Reis Brasil deixou sua marca na 24ª temporada do reality show. Desde seus primeiros dias na casa mais vigiada do país, os bordões e as propagandas, herdadas de seu histórico como camelô e de sua atuação como divulgadora de lojas, chamaram atenção do público e deram cara a sua irreverência enquanto competidora. 

Por vezes contestada, sua alegria foi motivo de votos, de apontamentos e de brigas no reality show, principalmente quando nas festas extrapolava certos limites. Mas Bia garante que nada foi planejado nem forçado. “Eu sou assim aqui fora, tenho esse jeito de fazer e de falar. Tenho, sim, uma alegria muito grande que a rua e o camelô me ensinaram, a minha história de vida. É de mim mesma essa felicidade! Pode estar difícil, mas eu vou enfrentar com alegria. Essa sou eu. Não entrei no 'BBB' pensando em falar ‘assim’ ou fazer ‘assado’”, destaca. Integrante do famigerado Top 5, formado integralmente pelas Fadas, a sister, inevitavelmente, precisou enfrentar seus aliados no paredão. A berlinda contra Isabelle e Davi levou a sua eliminação nesta terça-feira, dia 12, com 82,61% dos votos.
 
O "Big Brother Brasil" pode ter chegado ao fim para Beatriz, mas a vontade de permanecer nas telinhas continua viva em seu coração: “Quero trabalhar na televisão, ser apresentadora, fazer novela, propaganda. Eu quero realmente poder acordar bem cedo, antes de o sol nascer, e ir para o set gravar, gravar, gravar; voltar para casa à noite e dizer: ‘Meu Deus, gravei demais hoje!’”, conta. Na entrevista a seguir, a quinta colocada do "BBB 24" revela as sensações da experiência que viveu, declara seu maior rival na casa e diz o que pensa sobre o rompimento recente com o aliado Davi. Bia também fala dos bordões e das propagandas que adorava fazer reality, mas que incomodavam alguns de seus concorrentes.
 

Você falou algumas vezes que o ‘Big Brother Brasil’ era um sonho. Foi como você imaginava? Quais as semelhanças e diferenças?
Beatriz Reis Brasil - Sempre foi um sonho entrar no "BBB" e superou as expectativas. O "Big Brother" é uma coisa fora do normal, mas lá dentro ainda ultrapassa isso. Só sabe o que é o "Big Brother" quem vive o programa. Eu me imaginava entrando na casa, eu me imaginava lá dentro, mas eu nunca planejei nada; eu pensei: "vou viver". Até porque eu não sabia quem seria o elenco que iria entrar, quem eu iria encontrar por lá. Eu fui pronta para me jogar e viver tudo. Como é que você vai planejar uma coisa que você nem sabe como vai ser? Fora que esse "Big Brother" foi bem diferente: a gente já entrou vendados, no meio de uma bola no gramado. Eu olhei para o lado e achei que o Rodriguinho era um lutador; vi a Wanessa Camargo e não reconheci. A minha vista estava turva, foi muita emoção, um "trelelê" danado. Mas realmente supera as nossas expectativas, é muito melhor! Se você vai entregue para viver e para se jogar, supera em um nível extraordinário.
 

Você disse que não se via saindo da casa antes da final, mas nos últimos dias comentou que teria cavado a própria eliminação. Por que teve essa percepção? 
Beatriz Reis Brasil - Eu não me via saindo da casa pela vontade de estar lá. Eu dizia: "Meu Deus, eu quero muito estar aqui, não cabe dentro de mim". Se eu não me engano, eu acho que eu falei essa frase (sobre ter cavado a eliminação) em relação ao Matteus e à Isabelle. Eu e a Alane tivemos um surto, que eu até estou dando risada aqui fora. A gente sempre viu um clima e uma coisa muito bonita entre os dois. Eu conversei com a Alane, a gente começou a shippar e tal... de repente, tivemos um surto. Nessa reta final, em que a gente fica indo para paredão toda hora, o medo apertou. Aí a Alane disse: "Se formos eu, Isabelle e Matteus, eu saio, porque o casal o Brasil quer ver". E aí começaram as paranoias. Mas no outro dia a gente já estava shippando de novo: "Se beijem logo, parem de ser lerdos vocês dois!". A mente fica confusa e as emoções afloradas por conta da final que está chegando. Todo mundo quer chegar até a final, é um mix de emoções...
 

Desde o começo da temporada, no "Sincerão", você foi apontada pelo seu jeito de agir no convívio e nas festas, e justificou que era sua alegria e não a mudaria. Acha que sua personalidade pode ter interferido no seu desempenho nesta reta final? 
Beatriz Reis Brasil - Eu acho que por eu ter uma personalidade muito forte, eu não sei me calar, eu falo. Pode ser para um amigo ou um adversário. Eu sempre sou muito sincera, não sei fingir ou fazer de contas. Eu sempre vou lá falar na cara da pessoa. Talvez, o meu desentendimento com o Davi, esse danado, tenha levado a isso. Mas o que aconteceu entre mim e ele foi porque ele tem a personalidade forte e eu também, então deu um choque. Ele é uma pessoa de quem eu gosto muito, a gente sempre se deu muito bem na casa, só que o jogo tem dinâmicas. Acabou que chegou no "Sincerão" e, no meio da dinâmica, saiu um fuzuê. Talvez isso tenha, sim, acontecido por eu ter uma personalidade forte, esse costume de falar, de me posicionar.
 

Fora da casa, muitos desses momentos viralizaram como memes nas redes sociais. Alguns julgaram ser um personagem criado para o programa. O que tem a dizer a esse respeito?  
Beatriz Reis Brasil - Eu dei risada, fiquei chocada. Isso é muito doido, porque eu fui eu mesma o tempo todo. Eu sou assim aqui fora, tenho esse jeito de fazer e de falar. Tenho, sim, uma alegria muito grande que a rua e o camelô me ensinaram, a minha história de vida. É de mim mesma essa felicidade! Pode estar difícil, mas eu vou enfrentar com alegria. Essa sou eu. Não entrei no "BBB" pensando em falar "assim" ou fazer "assado". Se a pessoa entra lá planejando o que vai falar e o que vai fazer, tende a dar muito errado, porque não funciona. Você não vai conseguir ser você e vai acabar se perdendo ao tentar criar algo que não é você. Eu já passei por muita coisa na minha vida, eu sou essa Beatriz que é humana, tagarela, que fala mesmo – gostou, fala; não gostou, fala – doidinha, maluquinha, mas muito alegre. 
 

As propagandas e os bordões eram sua marca registrada. Como foi levar essas ferramentas do seu trabalho aqui de fora para o "BBB"? 
Beatriz Reis Brasil - Foi muito natural! Eu não pensei "Ah, vou fazer as propagandas para ver o que vai dar". Eu amo o que eu faço aqui fora, poder divulgar, fazer meus vídeos no Brás, falar das roupas... E lá no "BBB", eu sentia uma alegria muito grande, como eu sinto aqui fora. Quando eu pegava um produto, o meu coração batia mais forte, a alegria explodia em estar ali e falar das marcas. E eu também me sentia numa escola onde eu estava aprendendo. Eu já faço isso aqui fora, mas eu estava falando de marcas grandes, então eu via como um aprendizado, como uma bagagem para mim que tenho vontade de trabalhar na televisão. Como é falar da marca X ou da marca Y? Como eu faço? A alegria é algo que me move de uma maneira muito forte. Teve uma ação, que eu nunca esqueço – embora eu ficasse extremamente feliz em todas – durante uma festa, em que chegou um carrinho da marca e meu coração bateu tão forte, subiu um fogo, um negócio tão forte ao fazer a propaganda. Realmente, é a alegria que me move. Pode ser exagero ou não, mas é o que tem dentro de mim. E eu não sei esconder essa coisa pulsante.
 

Você foi do grupo Fadas. O que gerou a conexão e união dos integrantes, em sua opinião? E a que atribui o fato de seu grupo compor todo o Top 5 desta temporada?
Beatriz Reis Brasil - Eu acho que o que uniu a gente foi a alegria e a sinceridade. Todo mundo do quarto Fadas – eu, Matteus, Davi, Alane e Isabelle – somos muito verdadeiros e pessoas extremamente alegres. A gente fala um na cara do outro, puxa a orelha, dá conselho. A gente se abraça e joga junto. A gente se uniu por gostar, por ter conexão, foi além de jogo. O jogo veio de forma natural, como uma consequência da amizade, do laço. O Davi e a Alane sempre me colocavam para cima. Às vezes um estava triste e o outro começava a pular, a cantar, aí todo mundo começava a fazer o mesmo. O outro estava triste e alguém falava: "vamos na piscina". Aí ia todo mundo pular na piscina, dar uma de louco, fazer e acontecer. A gente tem essa alegria em comum, essa verdade, essa sinceridade, um jogo limpo. Eu acho que o que fez com que a gente chegasse aos finalmentes – eles ainda estão lá lutando pelo prêmio – foi, na verdade, essa espontaneidade, essa conexão que fez com que nascesse um jogo espontâneo, verdadeiro, natural e orgânico, sem precisar forçar nada.
 

Inicialmente, Davi e Isabelle não jogavam com vocês. Acha que o destino do grupo teria sido diferente caso eles não tivessem se aproximado? 
Beatriz Reis Brasil - Talvez sim. Eu acho que tudo acontece como tem que acontecer e cada um do quarto Fadas tem um jeitinho muito único, cada um traz a sua história, a sua marca, sua garra, sua força e sua coragem e isso se complementa quando estamos juntos. Forma um fogo, um laço, um negócio. Eu acredito que, para quem assistiu, também era bem isso que eu estou dizendo, e para mim que estava lá dentro vivendo com eles, também era assim. Eu acredito que Deus fez o encaixe ali certinho, perfeito, como tinha que ser.
 

Qual foi a contribuição de ambos para o grupo das Fadas? 
Beatriz Reis Brasil - A amizade com a Isabelle começou com uma calcinha que ela me deu. Ela sempre foi muito solícita, muito doce, meiga e sempre querendo ajudar todo mundo, com um coração gigante. A gente dormia na mesma cama, eu, ela e Wanessa (Camargo); às vezes, só eu e ela. A gente tentava falar de jogo, mas tinha meio que um bloqueio. Quando ela me deu a calcinha, eu vi uma coisa muito boa na Isabelle e falei que não votaria nela. O Davi tem uma alegria muito grande que sempre me chamou atenção, fora a história dele que eu acho muito bonita. Ele tem vontade de ser médico e é uma pessoa extremamente alegre. Eu sempre achei o jogo dele coerente, é uma pessoa que se posiciona, que fala o que pensa. Eu sempre enxerguei um jogo legal, apesar de a casa toda ir contra. Eu sempre vi e senti coisas boas nele. O Davi já tentava se aproximar da gente, até que "casou". Primeiro foi o Davi e depois, a Isabelle.
 

O que provocou o seu rompimento com o Davi nos últimos dias? 
Beatriz Reis Brasil - Foi a dinâmica do "Sincerão". Ele tem uma personalidade forte, deu a opinião dele, eu dei a minha e nós dois ficamos ali debatendo. Por termos opiniões diferentes, houve um choque. Ele disse: "Ah, Bia, você não sabe quem você é". Eu gosto muito dele, mas fiquei magoada e desabafei, expus. Em outro momento, eu não queria falar com ele justamente por gostar muito e saber que a gente poderia ir para cima e magoar um ao outro. Quando ele insiste, eu aceito conversar, mas acaba dando choque.


Acredita que isso possa ter impactado o seu jogo de alguma forma? 
Beatriz Reis Brasil - O jogo, às vezes, leva para esses caminhos e a gente estava na reta final, com os sentimentos muito aflorados, muito emocionados. Às vezes uma dinâmica faz com que a gente aflore mais ainda e acontecem as coisas que têm que acontecer. Eu acho que pode ter impactado, porque eu gosto muito dele, então fiquei muito chateada. É muito complicado, porque estávamos ali unidos e, nos finalmentes, dá essa rusga. É triste, eu fiquei magoada por ele ser meu amigo. É uma situação chata, que cria um clima estranho. A gente brinca muito um com o outro: é "lacreu", cantoria, se joga na piscina. A gente já está ali aflorado, sente saudades de família, sente medo, tristeza e, se você se desentende com algum amigo lá dentro, o coração fica um pouco mais apertado.
 

Você foi líder duas vezes no programa. Que liderança foi mais importante? 
Beatriz Reis Brasil - As duas foram de resistência, mas eu acredito que a do hot dog [foi mais importante] por ter sido no Dia Internacional da Mulher. Para mim foi uma honra gigante, inclusive o Davi estava comigo e foi muito guerreiro também, a gente deu o nosso sangue. E foi uma liderança em que eu tive a minha festa do "Brasil do Brasil", meu programa. As duas foram incríveis. A primeira foi a história da minha vida, sobre camelô, e é a minha essência, a minha paixão, aquilo que eu carrego no meu peito, na minha alma. Nas duas lideranças, eu indiquei pessoas ao paredão que eu realmente tinha um posicionamento sobre e acabaram saindo. Deu certo. As duas foram incríveis, fora do normal, sensacionais.
 

Quais foram seus maiores rivais no "BBB" e por quê? 
Beatriz Reis Brasil - A Fernanda (Bande) foi uma grande rival. Logo no começo nós iniciamos um embate, teve o dela com a Alane também... tudo misturado. Todos os embates que eu tive na casa foram por conta dessa minha alegria. A Fernanda me emparedou por isso, o Lucas, também. Mas eu acho que o maior embate que eu tive foi com a Fernanda, porque foi uma coisa estendida. 
 

Quem você elege como o melhor jogador desta edição e por quê? 
Beatriz Reis Brasil - Eu vou me colocar como melhor jogadora desta edição, porque cada um lá dentro é protagonista da sua própria história, cada um briga de um jeito e tem a sua própria estrela. Mas eu digo isso porque eu fui eu mesma e dei o meu máximo, eu me entreguei, me joguei. O "Big Brother" não é uma receita de bolo para você dizer: "Vamos bater dois ovos e jogar uma farinha, que vai crescer o bolo". É ser você. Então, eu me coloco nessa posição de melhor jogadora, porque eu fui eu, fui genuína, sofri, chorei, joguei, pensei, fiz escolhas, mas sempre sendo eu. Vai tomar decisão? Sou eu, Bia, a do camelô, a do teatro, a Bia da jaca, da mexerica, a Bia que eu sou aqui fora. O principal no "Big Brother" é ser quem você é, se entregar sem medo de ser feliz. Se você consegue fazer isso, já é um grande jogador.
 

Teria feito algo diferente no programa para, quem sabe, chegar à final? 
Beatriz Reis Brasil - Eu não teria sentido medo como eu senti. Quando vinham muitos paredões, eu ficava criando teorias na cabeça: "Ai, meu Deus, se eu for com tal pessoa, eu saio". Mas é normal ter medo, porque somos seres humanos, ainda mais no "Big Brother", que é um sonho pelo qual a gente luta muito para alcançar. É inevitável que a pessoa que entra lá sinta medos, receios. Mas é tirar o medo, entregar nas mãos de Deus e ir.
 

Após o "BBB", qual é o próximo sonho que você deseja realizar? 
Beatriz Reis Brasil - Quero ajudar minha família, trabalhar na televisão, ser apresentadora, fazer novela, propaganda. Eu quero realmente poder acordar bem cedo, antes do sol nascer, e ir para o set gravar, gravar, gravar; voltar para casa à noite e dizer: "Meu Deus, gravei demais hoje!". Eu quero poder dar uma vida melhor para a minha família. A minha irmã teve um aneurisma em 2010, quase morreu, e ela faz tratamento até hoje para ver como está o cérebro. Eu quero muito dar uma vida confortável para ela poder ir ao médico e fazer sempre os exames. Cuidar da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos, ganhar meu dinheiro fazendo o que eu amo de uma maneira digna, honesta, e sendo feliz, que é o que importa. Não adianta, se a felicidade não estiver com a gente, não tem graça. Eu amo a televisão, meu Deus do céu! Se eu pudesse, até meu último dia de vida aqui na Terra, eu gostaria de trabalhar na televisão e, é claro, ajudar a minha família. Minha família acreditou muito em mim, meus pais pararam de construir a nossa casa para poderem pagar meu teatro, para eu conseguir me formar. A gente dormiu muitos anos no chão para que eu conseguisse me formar, então eu quero poder retribuir tudo, ganhando meu dinheiro honestamente com o trabalho que eu mais amo.
 

Na televisão, qual é o seu maior desejo?
Beatriz Reis Brasil - É ser apresentadora. Eu gosto, sou apaixonada. No Brás, eu me descobri mais ainda. E dentro do "BBB" foi uma escola, porque eu fazia para mim as propagandas, porque me davam uma alegria, uma coisa muito forte. Eu pensava: "Eu estou aprendendo aqui, porque se eu tiver oportunidade, já vou ter as manhas". Quando a Ana Clara, a Micheli Machado iam lá fazer alguma ação com a gente, eu ficava reparando no jeitinho delas, como elas se portavam com a câmera para eu aprender mesmo. Eu acho que aprendizado é uma coisa que ninguém tira da gente. Estudar, querer sempre aprender mais é muito importante.

.: Com Reynaldo Gonzaga, "O Controle" faz reflexão sobre a liberdade individual


Monólogo “O Controle” é uma reflexão sobre a liberdade individual em tempos de ascensão dos mecanismos de controle coletivo. Foto: Wanderson Alves


Texto inédito de Guilherme Fiuza, o monólogo "O Controle" faz uma reflexão sobre a liberdade individual em tempos de ascensão dos mecanismos de controle coletivo. Com Reynaldo Gonzaga e direção de Alexandre Reinecke, o espetáculo segue até 30 de maio, às quartas e quintas-feiras, às 21h00, no Teatro União Cultural.

O texto inédito é de autoria do jornalista, roteirista e escritor Guilherme Fiuza, autor de “Meu Nome Não É Johnny” (adaptado para o cinema), entre outros livros e roteiros para TV. A interpretação é do consagrado ator Reynaldo Gonzaga, que atua sob a direção de Alexandre Reinecke, um dos diretores mais atuantes do país, tendo dirigido mais de 55 peças nos últimos 18 anos, dos mais variados gêneros e autores.

“O Controle” se passa em um futuro não muito distante. Um homem está preso sem ter noção do porquê. Ele se considerava um cidadão exemplar. Cumpridor abnegado de todas as medidas governamentais garantidoras da ética coletiva. Tinha orgulho da sua elevada pontuação no esquema de crédito social – e estava quase alcançando uma faixa de pontuação cidadã que lhe permitiria morar numa área mais nobre.

Separado do seu iPhone, não tem mais acesso à sua posição social – ou seja, não consegue saber nem quanto tempo vai ficar preso. Vai dividindo sua perplexidade com o companheiro de cela, que se mantém em silêncio até que a morte o alcança. É em seus pertences que o protagonista encontrará as pistas para o motivo da sua prisão.

O espetáculo “O Controle” é uma reflexão sobre a liberdade individual em tempos de ascensão dos mecanismos de controle coletivo. Onde está a fronteira entre o aperfeiçoamento das regras civilizatórias e as tentações totalitárias de controle central. A super conexão entre indivíduos de todo planeta por meio da tecnologia digital pode ser libertadora ou aprisionadora. Estaríamos caminhando para uma espécie de “unificação das mentes”?


Ficha técnica
Monólogo  “O Controle”
Autor: Guilherme Fiuza
Direção: Alexandre Reinecke
Elenco: Reynaldo Gonzaga
Gênero: comédia dramática
Projeto de luz: Fran Barros
Música original e trilha sonora: Ricardo Severo
Idealização, Criação de Projeção e Arte Visual: N2M Criação
Administração: Keila Blascke
Fotografia: Sal Ricardo
Aderecista: George Silveira
Estudo numerológico: Liliana Filardi
Consultoria de produção: Cássio Reis
Idealização e realização: Ricardo Peixoto Produções


Serviço
Monólogo “O Controle”
Duração: 55 minutos
Recomendação: 14 anos
Temporada: até dia 30 de maio. Quartas e quintas-feiras, às 21h.
Ingressos: R$ 80 inteira | R$ 40 meia
Bilheteria: abre 1h30 antes do espetáculo
Ingressos on-line: https://www.sympla.com.br/eventos?s=teatro%20uni%C3%A3o%20cultural
Teatro União Cultural – 269 lugares
Rua Mario Amaral, 209 - Paraiso
Estação Metrô Brigadeiro
Telefone: (11) 3885-2242

sábado, 13 de abril de 2024

.: "A cobrança e a exaustão está deixando a sociedade doente", diz Fabiana C.O.


A escritora Fabiana C.O. publicou "Sra. Capa" para promover diálogos com mulheres acerca das consequências da sobrecarga feminina no cotidiano. Na entrevista abaixo, ela comenta sobre a importância da literatura para a discussão do tema, aborda as próprias experiências de vida e discute sobre os efeitos do excesso de responsabilidades no dia a dia.

Tudo leva a crer que as mulheres estão sobrecarregadas. E isso já foi constatado em dados: o Think Olga, organização não-governamental que promove equidade de gênero, registrou em levantamento que 86% das brasileiras consideram ter muita responsabilidade no cotidiano. Entre as entrevistadas de 36 a 55 anos, cerca de seis em cada dez afirmaram ser responsáveis diretamente por alguém. Fruto desta realidade de exaustão feminina, Fabiana C.O. decidiu utilizar a literatura para conscientizar sobre os efeitos do excesso de tarefas, deveres e obrigações.

Assim surgiu "Sra. Capa", que narra a tentativa de uma filha de entender a relação com a mãe. Aos poucos, ela percebe como a sobrecarga faz parte da vida da figura materna e como também está presente na própria vida. “Como mulher, eu fui ensinada, e vejo isso com todas ao meu redor, que precisamos dar conta de tudo, custe o que custar. Parece que em algum momento vamos ganhar uma estrelinha para pôr no peito. Infelizmente esse reconhecimento não chega e acaba levando muitas mulheres à exaustão”, explica a autora. Abaixo, ela comenta a importância de dar visibilidade ao tema por meio da literatura, relaciona o tema com a própria trajetória de vida e dá detalhes sobre o enredo da obra. Compre o livro "Sra. Capa", de Fabiana C.O., neste link.


Em “Sra. Capa”, você retrata a história de uma mulher comum que, com seus medos, traumas e problemas com a saúde mental, criou uma família inteira. Por que você decidiu dar visibilidade a essas situações, tão comuns no cotidiano das mulheres?
Fabiana C.O. - Trazer o comum foi fruto da minha observação, do quanto essa situação é tão normal que banalizamos. Quando um sentimento ou situação é banalizado, ele perde força e até deixa de existir. Como mulher, eu fui ensinada, e vejo isso com todas ao meu redor, que precisamos dar conta de tudo, custe o que custar. Parece que em algum momento vamos ganhar uma estrelinha para pôr no peito. Infelizmente esse reconhecimento não chega e acaba levando muitas mulheres à exaustão. Na verdade, o reconhecimento não devia ser buscado, e precisamos falar sobre isso. A cobrança, a exaustão e o não se olhar está deixando a sociedade doente. Mas como é tão comum e faz parte do que somos, não paramos para observar que algo precisa ser feito.


A narrativa é contada a partir da perspectiva de Sol, filha de Ana. Que paralelos você traça entre filha e mãe? Como as duas representam as relações familiares atuais?
Fabiana C.O. - Eu acredito muito na importância do olhar que precisamos ter para as pessoas do nosso convívio. Quando Sol narra a história de sua mãe, você percebe claramente a preocupação, o cuidado e um certo amor. Mas se você olhar por outro ângulo, você vê uma menina sobrecarregada, que não olha para a sua vida com o foco preciso. Costumo dizer que existe um padrão entre as personagens em alguns momentos. E esses padrões estão no nosso dia a dia; se a gente não olhar para isso, repetimos o que o ambiente familiar nos ensina. Atualmente temos a chance de termos relações com mais diálogos e trazer as trocas para um espaço de afeto e compreensão muito maior do que as gerações passadas. É nossa responsabilidade aproveitar e fazer diferente. Podemos encontrar um equilíbrio. Para mim as duas representam a chance de a gente olhar para isso independentemente da posição que atuamos.


Como a literatura é uma ferramenta para propor o diálogo sobre a sobrecarga das mulheres na sociedade?
Fabiana C.O. - Quando escolho a literatura, entendo que trago para o leitor aquela famosa frase: “parece vida real!  Você escreveu sobre mim”. A ficção do texto faz parte da vida de todos. Se eu apenas falasse sobre a mulher na sociedade em outros meios, a mensagem não teria o mesmo poder. A literatura é capaz de emocionar e de conectar. Literatura é arte, e acredito que essa conexão ultrapassa o ato de ler e entra no coração das pessoas. Depois de ler, a gente reflete, fala, revê e recalcula nossa própria rota se o problema lido faz parte do nosso dia a dia. Literatura é arte, e a arte tem o poder de tocar nossas almas.


Você é mãe e enfrentou uma luta contra crises de depressão. O que há de pessoal sobre sua própria história no livro “Sra. Capa”?
Fabiana C.O. - Comecei a ter crises de depressão com 15 anos, e minha mãe foi a pessoa que mais me apoiou e ficou ao meu lado. Quando ela teve um momento pós-luto do meu avô, eu já com meus 22 anos, não acreditei que ela não tinha o olhar e cuidado para com ela. Costumo dizer que 80% do livro é inspirado na observação que fiz com minha mãe e na sua história. Ela é nordestina, passou pelo luto paterno, saiu de sua terra ainda criança pois perdeu uma irmã e assim por diante. Tudo isso está no livro. A migração da minha mãe, assim como todas as adversidades que ela viveu a transformaram em uma “Sra. Capa”, e ela me criou. Não pontuo no livro vários fatores e crises minhas, mas algo importante na minha cura foi entender que eu precisava estar bem e me amar antes de amar minhas filhas. Foi uma quebra de padrão e um ensinamento muito importante. O pedir ajuda e falar com alguém também é algo que trago da minha experiência. Algo que eu busco semear no mundo.


Como você espera que as mulheres adultas recebam esta obra? E o que as jovens leitoras podem aprender com o livro?
Fabiana C.O. - Acredito que as mulheres adultas têm chance de conhecer suas capas. Torço para que elas entendam que achar um equilíbrio é importante. Algumas, mesmo em silêncio, poderão rever os sentimentos e a relação com sua mãe ou com filhas/filhos. Um olhar de empatia e entendimento pode ser iniciado. Se este ente querido tiver partido, acredito que o questionamento sobre a vida dessa pessoa irá surgir. A pessoa que lê “Sra. Capa” tem a chance de fazer diferente. Para as jovens, vejo a possibilidade de rever e construir essa capa com menos peso. De entender que sua mãe é um ser que sente, o que traz mais conexão e respeito entre as gerações. Minhas leitoras adolescentes sempre citam que deixaram de ver a mãe como heroína, e isso tem ajudado nas trocas do dia a dia.


“Sra. Capa” faz parceria com ONGs que profissionalizam mulheres em situação de vulnerabilidade. Pode contar mais sobre esse projeto?
Fabiana C.O. - Claro! Desde o começo, imaginei o livro sendo entregue em um saquinho de veludo vermelho. Busquei parcerias e apresentei a ideia para os dirigentes das ONG’S. As duas ONG’s atuam em comunidades e possibilitam uma nova profissão e ofício para as mulheres inscritas no curso de costura. Todas as participantes são remuneradas por cada saquinho produzido. O sorriso de uma costureira que faz 1 saquinho e da outra que faz 50 é o mesmo, pois você entende a superação de cada uma e de como aprender a costura e tudo que fizeram para chegar no produto final tem sentido e uma importância inexplicável. Já escutei de uma mulher: “consegui um emprego, pois aprendi a mexer na máquina overlock costurando o seu saquinho”. Meu coração fica como? Enorme! Isso dá outro peso para o meu trabalho, faz eu acreditar mais.

Sobre a autora
Empresária com MBA em Gestão de Empresas e Negócios, pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento e formação em Marketing de Moda, Fabiana Carvalho de Oliveira nasceu em Guarulhos e mora na capital de São Paulo. Após 15 anos de trabalho no mercado têxtil, decidiu explorar o mercado editorial e conversar com o público feminino ao publicar "Sra. Capa". A obra, que trata sobre a sobrecarga feminina, complementa a trajetória profissional que hoje a autora trilha: é palestrante em escolas, empresas e ONGs para falar sobre o valor do autoconhecimento e de respeitar os próprios sentimentos. Também é fundadora do “Eu Posso Ser Você”, espaço de escrita voltado para mulheres. Com essa mudança na carreira, passou a assinar como Fabiana C.O. Garanta o seu exemplar de "Sra. Capa", escrito por Fabiana C.O., neste link.

.: Tuca Andrada estreia no Sesc Pompeia encenação sobre o poeta Torquato Neto


O ator Tuca Andrada estreia em São Paulo, no Sesc Pompeia, na próxima terça-feira, 16 de abril, às 20h30, encenação sobre o artista e poeta Torquato Neto. A peça “Let´s Play That, ou Vamos Brincar Daquilo” faz curta temporada até 10 de maio. De terça a sexta, às 20h30, no Espaço Cênico da unidade. Criado a partir da leitura de “Torquatália”, uma antologia de obras de Torquato Neto, conduzida por Paulo Roberto Pires, a vida e obra de Torquato Neto ganham uma nova dimensão ao migrarem do universo literário para o palco teatral.

No espetáculo sem quarta parede e com duração de 80 minutos, Tuca Andrada apresenta as impressões e marcas que teve ao se envolver com o poeta e convoca o público a interagir; perguntando, fazendo críticas e tirando dúvidas, o que o torna sempre renovado a cada noite.

O espetáculo se desenvolve numa arena ou semi arena onde o público esta dentro da ação. Como se numa roda de amigos o ator começasse a contar a história de um artista inclassicável/não enquadrável, sobre qualquer aspecto, e o efeito produzido dessa obra nesse ator. Durante pouco mais de uma hora, o mundo e o tempo de Torquato Neto toma conta do ator e ele narra sua visão da história, com a ajuda apenas de um banco, sonoplastia, música, dança e com um chão coberto com poesias do Poeta.

“Não há efeitos grandiosos de luz, apenas atmosferas que vão se estabelecendo com o correr da peça. O figurino é simples também, apenas uma calça e camiseta brancas. A ideia é retomar a simplicidade do contador de estórias, do repentista, do cantador de feira que apenas com a voz e o corpo conduz a audiência para fora do tempo presente, transportando-a para outros universos. E os universos de Torquato são muitos”, diz Tuca. Poeta, jornalista, agitador cultural, compositor, cineasta, ator e um dos ideólogos do movimento mais importante na cultura brasileira, na segunda metade do século XX, a Tropicália.

Torquato era antes de tudo um apaixonado pelo Brasil e pelas diversas formas de Comunicação. Apesar de uma vida curta – se matou aos 28 anos – mudou radicalmente a maneira de se fazer poesia e jornalismo no país. Nunca publicou um único livro em vida, mas sua obra continua reverberando em muitos artistas brasileiros até hoje, haja vista, o presente espetáculo.

Durante a peça o público também é convidado a participar; opinando, criticando, sendo livre para falar o que quiser. Dessa maneira o espetáculo se reconstrói em cada récita, marcando assim uma característica fundamental na obra torquatiana que é o de se reconstruir a cada momento.


Tuca Andrada
Ator, cantor, diretor e produtor. Profissionaliza-se em Recife, sua cidade natal e muda-se para o Rio de Janeiro, onde atua em diversas peças de teatro, filmes e novelas. No Teatro fez: “Rocky Horror Show”, “O Mercador de Veneza”, “Salomé”, “Qualquer Gato Vira-Lata tem uma Vida Sexual mais Sadia que a Nossa”, “O Beijo da Mulher Aranha”, “Veneza”, “Orlando Silva, o Cantor das Multidões”, “O Rei e Eu”, “Seis Aulas de Dança em Seis Semanas”, “Elis, A Musical” e “A Visita da Velha Senhora“.

Na Televisão atuou nas novelas: “O Dono do Mundo”, “Anos Rebeldes” (minissérie), “Fera Ferida”, “As Pupilas do Senhor Reitor”, “O Amor está no Ar”, “Era Uma Vez”, “Suave Veneno”, “As Filhas da Mãe”, “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, “Cordel Encantado”, “Dercy, de Cabo a Rabo”, “Amor de Mãe” entre outras.

Fez parte do elenco dos filmes: “Quem Matou Pixote?”, “Doces Poderes”, “Guerra de Canudos”, “Não me condenes antes que me explique”, “Lara”, “Mulheres do Brasil”. Trabalhou com diretores como: Bibi Ferreira, Amir Haddad, Miguel Falabella, José Possi Neto, Dennis Carvalho, Jorge Fernando, Wolf Maia entre outros.


Maria Paula Costa
Licenciada em Artes Cênicas/UFPE, em Dança na Sorbonne/FR e com Especialização em Coreografia/UFBA. Iniciada em dança pelas Mestras Maria Fux (AR) e Enila de Resende (PE) ainda adolescente. Aos 19 anos, entrou para o Balé Popular do Recife, sendo iniciada no universo danças festivas da Tradição Popular.

Morou em Paris por 11 anos, onde retomou os estudos em dança (Licence em Danse – Paris VIII), frequentou aulas com Laura Proença (Escola Mudra de Maurice Béjart) por 6 anos, e foi interprete e coreógrafa da Cie Les Passagers, de dança aérea. Ao retornar ao Brasil em 2000, criou o Grupo Grial de Dança a convite do escritor Ariano Suassuna. Junto ao Grial criou 13 peças coreográficas. Em 2011, foi indicada como Melhor Espetáculo pela Folha de São Paulo com a peça coreográfica Travessia.

Em 2013 recebeu o APCA de Criadora Interprete, com Terra. Dirigiu o espetáculo de música O Duelo da Rabeca com o Violino com Maciel Salu e Israel França; os espetáculos infantis Dom Quixote no Reino do Meio Dia, e Na Mancha Ninguém me Pega. Exerceu o cargo de Assessora de Dança na SECULT/PE, de 2018 até agosto 2022.

Ficha técnica (São Paulo)
“Let´s Play That, ou Vamos Brincar Daquilo”
Criação: Tuca Andrada, a partir da obra e vida de Torquato Neto
Direção: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
Elenco: Tuca Andrada
Direção de Movimento: Maria Paula Costa Rêgo
Direção Musical: Caio Cezar Sitonio
Criação de Luz: Caetano Vilela
Técnico e operação de luz: Rodrigo Palmieri
Assistente Iluminador (Programador): Nicolas Caratori
Técnico / Operadora de som: Cecília Lüzs
Contra-regra: Mauro Sérgio Feles
Cenário e Figurino: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
Parangolé: Izabel Carvalho
Músicos: Caio Cezar Sitonio e Pierre Leite
Fotografia: Ashlley Melo
Produção Executiva: Tuca Andrada, Adriana Teles e Ana Tito Menezes
Direção de produção - São Paulo: Vany Alves
Projeto Gráfico: Humberto Costa
Realização: Iluminata Produções Artísticas LTDA
Co-produção - São Paulo: Inventos


Serviço
"Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo", com Tuca Andrada
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93. Não temos estacionamento.
As sessões dos dias 18 e 25 de abril, 2 e 9 de maio, quintas-feiras terão interprete de Libras.
Duração: 80 minutos
16 anos
Ingressos: R$ 12,00 (credencial plena), R$ 20,00 (meia-entrada) e R$ 40,00 (inteira).
Local: Espaço Cênico
50 lugares
Ingressos à venda online a partir do dia 09/4, às 17h, e nas bilheterias a partir do dia 10/4, às 17h

.: Trilha sonora do filme “Back to Black” chega às plataformas digitais


A UMR/Island Records acaba de divulgar um lançamento bastante aguardado e especial. Já está disponível nas plataformas digitais a trilha sonora original “Back To Black: Songs from the Original Motion Picture”, do filme “Back to Black”, de Sam Taylor-Johnson, baseado na vida de Amy Winehouse, uma das maiores artistas do nosso tempo. Ouça e baixe aqui: https://umusicbrazil.lnk.to/BackToBlackSFTOMPPR.

A compilação de 12 músicas apresenta três gravações originais do influentíssimo álbum de estreia de Amy, “Frank”, três músicas de sua obra-prima multipremiada “Back To Black” e uma nova faixa, “Song for Amy”, cantada por Nick Cave. A trilha sonora do filme foi composta e gravada por Nick Cave e Warren Ellis. O álbum reúne também outras cinco gravações de artistas que foram uma inspiração para Amy: The Shangri-Las, Billie Holiday, Minnie Riperton, Dinah Washington e Sarah Vaughan, cujas vozes aparecem em momentos importantes do filme. 

Amy Winehouse é justamente reverenciada como uma das maiores artistas da história recente, vendendo mais de 30 milhões de discos em todo o mundo e, atualmente, gerando mais de 80 milhões de transmissões por mês. Sua obra-prima de 2006, “Back to Black”, impulsionou-a para o estrelato global, conquistando um recorde (na época) de cinco prêmios Grammy®, incluindo “Gravação do Ano” e “Canção do Ano” pelo single “Rehab”.

“Back to Black” é o aguardado longa-metragem do aclamado cineasta e artista visual Sam Taylor-Johnson, que será lançado no Brasil no próximo dia 25 de abril. Ao mapear a vida pessoal e profissional de Winehouse em Londres e sua extraordinária ascensão à fama, Taylor-Johnson dirige a estrela Marisa Abela (Industrye) como o ícone da música Amy Winehouse. Junto com Abela estão o ganhador do BAFTA Jack O'Connell, Eddie Marsan, Juliet Cowan e Lesley Manvillle, indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar.

O filme e a música de sua trilha sonora enfocam o gênio extraordinário de Amy Winehouse, sua criatividade incomparável e a honestidade crua que impregnava tudo que ela fazia. Compositora e intérprete verdadeiramente fenomenal, Amy foi e continua sendo um talento único em sua geração. 

.: Sucesso no streaming, seriado "Os Outros" estreia na TV Globo


Primeira temporada de "Os Outros", sucesso no Globoplay, estreia na TV Globo. Na imagem, Antonio Haddad (Marcinho) e Paulo Mendes (Rogerinho). Foto: Globo/Estevam Avellar

Sucesso no Globoplay, a primeira temporada de "Os Outros" chega, no dia 18 de abril, ao horário nobre da TV Globo, com exibição às quintas-feiras, após a novela "Renascer". A série traz uma discussão sobre a intolerância e a dificuldade de diálogo na sociedade atual, a partir da história de duas famílias que vivem em um mesmo condomínio. Os casais vizinhos Wando (Milhem Cortaz) e Mila (Maeve Jinkings) e Cibele (Adriana Esteves) e Amâncio (Thomás Aquino) entram em conflito após uma briga entre seus filhos, Rogério (Paulo Mendes) e Marcinho (Antonio Haddad). A situação chega a extremos, com consequências absurdas que envolvem outros moradores do local. 

Com grande elenco e interpretações surpreendentes, a série é resultado da sintonia fina entre o autor Lucas Paraizo e a diretora artística Luisa Lima, à frente das equipes de criação e realização. Trabalhando há mais de cinco anos em parceria, eles agora celebram a chegada da obra à TV aberta. “’Os Outros’ foi a série mais autoral que escrevi até hoje. Nasce de uma reflexão sobre o que acontece quando todos acham que têm razão, uma característica dos dias atuais. Tentei unir uma narrativa popular à densidade dos assuntos que escolhi tratar: a classe média brasileira endividada, polarizada e cheia de medo, mas com sonhos e ambições legítimas. Estou curioso sobre qual vai ser o impacto dessa obra na TV aberta”, comenta Lucas.

Para Luisa Lima, estrear na TV representa a chance de emocionar e conversar com o país todo. “’Os Outros’ fala do Brasil de hoje, das consequências da intolerância dentro e fora de casa. A trama tem viradas muito surpreendentes. Podemos chorar, rir, nos encantar e sentir frio na barriga a todo tempo. É uma série pop e sem julgamentos, que expõe as relações com os nossos filhos, os medos, o ideal de vida segura e feliz que temos. Me formei na televisão e sei da nossa responsabilidade. Me encanta esse alcance de um vasto público, e fico muito feliz de apresentarmos uma realização que é fruto do trabalho de uma equipe comprometida e talentosa, com um elenco brilhante. Que todos se afetem, como nós nos afetamos fazendo. ‘Os Outros’ somos nós”, ressalta ela. 

Os atores também comemoram a estreia na TV. Adriana Esteves conta que a série é mais um trabalho importante em sua trajetória profissional. “’Os Outros’ é uma grande série da excelente parceria entre Lucas Paraizo e Luisa Lima. Participar das séries brasileiras que estão sendo feitas é um luxo e um orgulho para mim. ‘Os Outros’, teve enorme sucesso no Globoplay, e, com certeza terá também agora na TV aberta”, conta Adriana, que arrebata o público com sua atuação como Cibele. 

Eduardo Sterblitch destaca que seu personagem, Sérgio, representou uma oportunidade de levar ao público uma faceta de sua atuação diferente dos outros trabalhos que costuma realizar. “Sérgio foi a chance para o público entender que eu posso compor personagens que não são só de humor. Na série, a gente tenta fazer uma coisa ultrarrealista. Acho que isso tocou as pessoas, como a vida real pode ser uma tragédia e pode ser um terror, depende de como você reage aquilo”, afirma o ator. 

A atriz Maeve Jinkings lembra que Mila foi sua primeira personagem depois da pandemia e ressalta a importância do trabalho da equipe no processo. “Em 2022, gravamos a série de forma apaixonada, após a pandemia, período de alta pressão social, isolamento e polaridade política. Encontramos, no texto de Lucas Paraizo uma maneira de lidar com nossas próprias perguntas, na direção de Luísa Lima uma firmeza e um acolhimento de temas tão duros. O elenco é brilhante, formado por artistas que admiro há décadas e que, nesse contexto, se tornaram uma família para mim. Por tudo isso, não fiquei surpresa quando ‘Os Outros’ foi tão bem recebida pelos espectadores do Globoplay. Estou muito feliz e ansiosa para que os espectadores da TV Globo tenham acesso à intensidade desse trabalho que nos orgulha tanto”, comemora Maeve.

Thomas Aquino considera essa trabalho muito significativo, pois o levou para um estágio interessante da atuação. “Pude falar sobre o Amâncio, um homem que tem sensibilidade, paciência e calma para resolver as coisas de forma pacífica e sem violência. Para mim, isso falta na sociedade, não há mais diálogo nem escuta. Nós não estamos sozinhos no mundo, vivemos em um lugar coletivo. Eu não posso viver dentro de um condomínio, ver que existem problemas e partir para agressão física ou verbal na tentativa de resolvê-los. Essa série é maravilhosa porque é uma livraria de questionamentos: Quem somos nós? Como podemos ajudar o outro? Como nos ajudar? Como resolver os problemas com maturidade? Precisamos saber que, se dermos as mãos, não estaremos sós. Espero que o público receba bem porque temos muitos temas que podemos discutir”, reflete Thomas. 

Entre as temáticas que a série aborda, está a criação dos filhos. Drica Moraes, que interpreta a síndica do condomínio, Dona Lúcia, destaca as reflexões sobre a adolescência, que promete gerar identificação com muitas famílias. “A história fala também da entrada do adolescente no mundo adulto. Da mudança radical que é assistir o seu bebê crescer, um belo dia se trancar no quarto e virar um estranho, estranho no sentido de se tornar outro para você. Acontece para todo mundo. Lindo e desafiador. Adolescência é uma fase dura, mas absolutamente linda. A vida é ainda uma página em branco. Em tempos distópicos, o temor anda de braço dado com a esperança nesta etapa na vida dos filhos”, conta a atriz, que é mãe de um adolescente na vida real. 

Outra característica da trama é revelar questões mais profundas por trás dos atos de seus personagens. O ator Milhem Cortaz reflete sobre Wando, cuja trajetória leva a uma solidão intensa. “O Wando é um cara complexo. É um homem que luta pelos seus ideais, é o homem perfeito: que trabalha, provedor, que tem um amor muito grande pelo filho, que cuida da família de forma obcecada. Algumas coisas que vão acontecendo ocultam a trajetória dele e vão o levando para um caminho de solidão profunda. Apesar de ser um personagem divertido, um homem um amoroso, o Wando está ali para representar a solidão desse universo todo. Tantas pessoas em volta e ele não consegue olhar para os lados, porque a razão dele, a sua certeza, é muito maior do que qualquer outra coisa”, declara o ator.

O elenco também conta com Ana Flavia Cavalcanti, Cadu Favero, Bea Aragão, Gabriel Lima, Gi Fernandes, Guilherme Fontes, Henrique Eduardo, Kênia Bárbara, Pedro Ogatta, Rodrigo Garcia, Stella Rabello, Xande Valois, entre outros. 


Marcinho (Antonio Haddad), no chão, sangra. Cibele (Adriana Esteves) e Mila (Maeve Jinkings) tentam ajudar. Foto: Globo/Estevam Avellar

A trama
Durante uma partida de futebol no condomínio, com outros adolescentes, Rogério (Paulo Mendes) agride Marcinho (Antonio Haddad) motivado por um desentendimento em um lance do jogo. Mãe superprotetora e capaz de tudo para defender o filho, Cibele (Adriana Esteves) não tolera o que aconteceu e, sem abrir espaço para uma conversa, afronta a família do jovem que o atacou, o casal Wando (Milhem Cortaz) e Mila (Maeve Jinkings) . Movida pela raiva, ela arranha o carro de Wando. A atitude dá início a uma rixa que extrapola os limites da quadra, em uma sequência de atos impensados e agressões que trazem à tona reações adversas. Motivados pelo que entendem como ameaças a si próprios e a suas famílias, os protagonistas deste drama contemporâneo se veem num emaranhado sem fim de atitudes extremas que mudam para sempre o curso de suas histórias. 

Os acontecimentos colocam a aparente normalidade do condomínio Barra Diamond  em risco. Dona Lúcia (Drica Moraes), a síndica, conta com a atenção do porteiro Elvis (Rodrigo Garcia) para mantê-la informada sobre tudo o que acontece por ali. Já Sérgio (Eduardo Sterblitch), um ex-policial expulso da corporação e morador do condomínio, vê oportunidades de obter vantagens diante do conflito entre os vizinhos. "Os Outros" é uma criação de Lucas Paraizo, escrita com Fernanda Torres, Flavio Araujo, Pedro Riguetti, Bárbara Duvivier, Thiago Dottori e Bruno Ribeiro. A série tem direção artística de Luisa Lima e direção de Lara Carmo. A produção é de Luciana Monteiro, e a direção de gênero, de José Luiz Villamarim.

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