quarta-feira, 16 de setembro de 2009

.: Resenha de "Asfalto Selvagem - Engraçadinha", Nelson Rodrigues

Engraçadinha é eterna
Por: Helder Miranda

Em outubro de 2009


Releitura: O que esperar de um livro que se relê 13 anos depois? Engraçadinha, de Nelson Rodrigues, pode superar as suas expectativas!


Intrigante reler um livro depois de muito tempo. Assustador, ao mesmo tempo. Não sei se porque 13 anos depois, quase a idade com que li o livro a primeira vez, aos 14, sou outro, ou porque "Asfalto Selvagem – Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados", que reúne em um só exemplar as duas partes do folhetim, relançado em uma impecável edição da Agir, continua exercendo o mesmo fascínio.

Explico: quando li a obra pela primeira vez, entre a minha casa e as carteiras do primeiro colegial, conheci, sobre um primeiro olhar, quem era Engraçadinha. Enigmática, talvez seja a personagem que sintetize toda a essência da obra do controverso autor, que vem sendo republicado pela Agir com edições que remetem a um merecido reconhecimento.

A história, originalmente publicada como folhetim de 112 capítulos no jornal Última Hora, entre agosto de 1959 e fevereiro de 1960, gira em torno da trajetória de Engraçadinha, uma mulher traumatizada por uma tragédia em sua adolescência, quando pertencia à alta sociedade, e supostamente regenerada, já em um subúrbio carioca. Enquanto tenta, de maneira autoritária e, ás vezes, desesperada, fazer com que a filha caçula, a sensual Silene, não repita os mesmos erros de sua juventude, que a marcaram e destruiram sua vida, Engraçadinha reencontra personalidades que fizeram parte de seu passado nebuloso, que tenta esquecer a todo custo.

Só pelos termos propostos no livro – incesto, lesbianismo e estupro – em uma época em que o moralismo imperava, Nelson já pode ser considerado um visionário e, principalmente, um corajoso. Asfalto Selvagem é um livro que, embora tenha sobrevivido ao tempo, é daqueles que tem a marca de uma época, muito doce, que já não volta mais.

Se os títulos da coleção são capazes de atrair o interesse das novas gerações, justamente pelo cuidado com que são produzidas e diagramadas, fato raro quando se trata de Nelson Rodrigues, na época em que li pela primeira vez não havia exemplares novos disponíveis nas livrarias, o que me fez recorrer a sebos. Leia Asfalto Selvagem – Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados, de Nelson Rodrigues e viva intensamente cada palavra desta obra rodrigueana!

Livro: Asfalto Selvagem – Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados
Autor: Nelson Rodrigues
655 páginas
Ano: 2008
Editora: Agir

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

.: Resenha crítica do longa "O Sequestro do Metrô 1 2 3"

Edição favorece a adrenalina em longa com Travolta e Washington
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2009


Sequestro inusitado dá a Travolta a chance de ser um grande vilão. Saiba mais de "O Sequestro do Metrô 1 2 3"!


Um ser humano sem dó e piedade de tudo o que está além dele. Estes são alguns traços de Ryder (John Travolta), líder de um grupo de sequestradores que ataca o metrô Pelham. Do outro lado da balança está o controlador de tráfego do metrô da cidade de Nova York, Walter Garber (Denzel Washington). Inicialmente Ryder é o bandido, enquanto que Garber é o mocinho, mas, no decorrer da história, descobre-se que nem todo mundo é tão perfeito quanto parece ser.

Ryder dá início ao sequestro às 01h23, quando o metrô parte da estação de Pelham, no Brooklyn, em direção a Manhatan. Esperto e rápido, seu plano, embora seja complexo e muito bem executado, cria tensão em todos os moradores de Nova York que acompanham tudo "ao vivo" pela televisão, graças ao notebook de um garoto que teclava com a namorada enquanto tentava fazer o seu caminho. É por meio da tecnologia que o bando acaba sendo reconhecido por ex-colegas de trabalho. Entretanto, todo cuidado é pouco, pois Ryder sabe muito bem o que quer e adora fazer joguinhos psicológicos com as pessoas.

Após render o maquinista e parar em um ponto estratégico, Ryder faz contato com a central do metrô nova-iorquino e pede a bagatela de 10 milhões de dólares. Com o prazo de uma hora para a entrega da quantia, cada minuto de atraso equivale a um refém morto. É então que Ryder, junto de sua equipe, não pensa duas vezes em acabar com a vida do azarado que estiver por perto.

Enquanto, a tensão cresce entre Garber e Ryder, o público fica no meio deste "fogo cruzado" com a adrenalina a mil. A diminuição de tempo para cumprir o trato é lembrada na telona, o que contribui para que a ansiedade cresça e envolva o espectador. Contudo, o melhor do longa está reservado para a atuação marcante de Travolta na pele de um criminoso irracionável. 

O desfecho da história pode não ser convincente. Afinal, como Garber foi sair justamente diante de nosso vilão e, assim, dar início ao embate esperado entre "mocinho" e bandido? No entanto, temos novamente a história do bom americano que defende a sua nação com unhas e dentes e, até, colocando a próxima vida em risco, sem nem se quer pensar na família que o espera em casa.

Filme: O Sequestro do Metrô 1 2 3 (Taking of Pelham 1 2 3, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Aventura / Ação
Duração: 121 minutos
Direção: Tony Scott 
Roteiro: Brian Helgeland
Elenco: Denzel Washington, John Travolta, John Turturro, Luis Guzman, Michael Rispoli, James Gandolfini, Ramon Rodriguez

.: Resenha crítica de "Up - Altas Aventuras", animação Disney Pixar

A redenção de um tremendo rabugento
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2009


Um velhinho que sempre está de mal com o mundo e um garoto curioso rumo ao desconhecido. Saiba mais de Up - Altas Aventuras!


Um senhor rabugento que gosta de se isolar em casa e um garotinho que está em busca da sua derradeira medalha de escoteiro. Ao brincar com os contrastes e semelhanças entre Carl Fredricksen (Edward Asner) e Russell (Jordan Nagai), a Disney-Pixar dá o seu recado e convence mais uma vez. "Up - Altas Aventuras" é simplesmente perfeito e com grande folga garante o seu espaço entre os melhores filmes exibidos na telona em 2009.

Como encantar-se com um senhor sem paciência e, por muitas vezes, grosseiro? Eis que a animação cheia de detalhes e um colorido de dar inveja nos outros estúdios, consegue tal proeza. Embora Carl seja a antipatia ambulante do desenho, fica fácil aceitá-lo e, até, estabelecer alguma identificação com ele. Resultado: Protagonista e público criam um elo emocional.

 Consequentemente fica fácil embarcar, literalmente, na história do vendedor de balões de 78 anos. Afinal, Carl está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. Tudo porque a casa dele está no lugar errado, ou melhor, está "atrapalhando" um empresário na construção de um moderno edifício. Fato muito corriqueiro nos dias atuais, isto é, mais um ponto positivo para o protagonista de "Up - Altas Aventuras". De fato, envolver-se com a história de Carl é somente uma questão de alguns minutinhos de película.

Para piorar toda a situação, ao defender a sua moradia, o senhor Carl perde o controle de sua bengala, arruma uma grande confusão (que inclui um homem ferido) e, ao ser considerado ameaça pública, acaba não tendo escolha: terá que deixar sua casa e viver no asilo. Na tentativa desesperada de salvar sua casa e todas as lembranças de sua finada esposa, Carl enche milhares de balões em sua casa, fazendo com que ela levante vôo. 


Ao obter total sucesso na execução de seu plano, ele segue rumo a uma floresta na América do Sul, local em que Carl e Ellie sempre desejaram morar. Contudo, já no início do trajeto o senhor descobre não estar sozinho, mas ter a companhia do escoteiro de 8 anos, Russel. Ao tentar resolver este "probleminha" de percurso, o vendedor de balões chega até a imaginar o que fazer para se livrar do garotinho (cena hilária).

"Up - Altas Aventuras" não só proporciona minutos agradáveis em família. O longa de animação aborda com maestria alguns dilemas da vida, como por exemplo, a dor da perda, a inevitável passagem do tempo e a busca pela renovação. Sem deixar de comentar a redenção do protagonista, esta que acontece de modo envolvente e eletrizante, tornando Up - Alta Aventuras simplesmente imperdível!

Filme: Up - Altas Aventuras (Up, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Aventura / Animação
Duração: 96 minutos
Direção: Pete Docter, Bob Peterson
Roteiro: Pete Docter, Bob Peterson, Thomas McCarthy
Elenco: Edward Asner, Christopher Plummer, Jordan Nagai, Bob Peterson, Delroy Lindo, John Ratzenberger


.: Resenha crítica de "A Verdade Nua e Crua", com Gerard Butler

A guerra dos sexos modernizada
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2009


Uma mulher controladora e um homem despojado mostram detalhes sobre A Verdade Nua e Crua. Saiba mais desta comédia romântica!


Abby Ritcher (Katherine Heigl), produtora de televisão, é uma mocinha que vive integralmente para o trabalho e pensa que os relacionamentos devem acontecer de modo metódico e milimetricamente do seu jeito. Mike Chadway (Gerard Butler) é um machão que, com muita criatividade e ousadia, deu vida a um programa na TV a cabo para falar a verdade e seu lado negro nos relacionamentos entre homem e mulher. Essencialmente, este é "A Verdade Nua e Crua" (The Ugly Truth). Contudo, o tempero a mais do longa metragem dirigido por Robert Luketic está na atuação de Butler.

Tudo acontece entre uma produtora de programa de TV e um conselheiro amoroso às avessas. Embora não se conheçam pessoalmente, Abby e Mike trocam farpas por telefone, após, o gatinho da moça, acidentalmente, pisar no controle remoto da televisão e "colocar" no programa A Verdade Nua e Crua (The Ugly Truth). Para piorar a situação, o programa em que Abby é produtora está perdendo audiência e a moça corre o risco de ficar desempregada. Em uma solução relâmpago Mike ganha espaço no programa em que Abby comanda por trás das câmeras. Entretanto, os atritos entre os dois somente cresce, afinal ela espera demais dos homens, enquanto que ele sabe o que os homens querem. 

O ex-Fantasma da Ópera domina todas as cenas e torna as peripécias de Mike cada vez mais convincentes. Embora esteja um pouco fora de forma física (há um certo volume em seu abdômen), o galã usa e abusa de todo o seu poder de sedução e, sempre, deixa um gostinho de quero mais! É impossível não notar que Butler está totalmente seguro na pele deste mulherengo de plantão!

Enquanto isso, a verdade é que Katherine Heigl teve a oportunidade de mostrar seus talento na pele de Abby, mas não conseguiu atingir todas as expectativas, talvez por Butler roubar as cenas em grande estilo. No entanto, talento não se perde, mesmo diante de um showman, mas Heigl terá muitas chances de mostrar a que veio. O negócio é esperar que isso aconteça!

Esta comédia romântica, embora dê um toque de frescor no gênero, acaba se tornando um tanto que pesadinha, devido ao tom sensual em seus diálogos e algumas piadas picantes, algo que se torna mais ameno na versão dublada. Pelo sim e pelo não, todos sabemos que tais piadas são verdadeiras. 


"A Verdade Nua e Crua" é imperdível para aqueles que gostam de uma história de amor cheia de provocações. É claro que o longa de Robert Luketic tem grandes chances de não ser o filme da sua vida, mas conseguirá deixar o seu dia muito mais alegre, seja pelas piadas "saidinhas" ou pela presença marcante de Gerard Butler. Confira!

Filme: A Verdade Nua e Crua (The Ugly Truth, EUA) 
Ano: 2009
Gênero: Romance / Comédia
Duração: 96 minutos
Direção: Robert Luketic
Roteiro: Nicole Eastman, Karen McCullah Lutz, Kirsten Smith
Elenco: Katherine Heigl, Gerard Butler, Bree Turner, Eric Winter, Nick Searcy, Cheryl Hines

terça-feira, 1 de setembro de 2009

.: Entrevista com Paula Fernandes, cantora de sucessos da teledramaturgia

“Quero agora colher o que eu plantei até agora. Os primeiros frutos estão sendo deliciosos e nutritivos.” - Paula Fernandes


Por: Patrick Selvatti
Em setembro de 2009


Intérprete de canções que embalaram e embalam casais da teledramaturgia brasileira, cantora jovem, representa a ala feminina no sertanejo. Saiba tudo de Paula Fernandes!


Com apenas 25 anos e já no seu quinto disco, Paula Fernandes, mineira de Sete Lagoas, é dona de voz impressionante e uma das poucas compositoras brasileiras dedicadas ao gênero sertanejo – ou pop rural, como prefere frisar - com jeitão de MPB, com doses de rock/folk e atmosfera new age. Seu atual CD, Pássaro de Fogo, possui 14 canções com assinatura própria, sozinha ou com parceiros como Victor Chaves (da dupla Victor e Léo) e Marcus Vianna. 

É de Paula Fernandes a voz que embala, ao lado de Almir Sater, a canção Jeito do Mato, tema dos protagonistas da novela global Paraíso. Assim como também na canção Ave Maria natureza - tema da novela América e que, durante muitos anos, cantou pelos rodeios do Brasil afora – e em Dust in the wind, que entrou na trilha da novela Páginas da vida. 

Pássaro de Fogo é o quinto trabalho e o quarto CD de Paula Fernandes, que começou a cantar com 8 anos e, aos 10, já atuava profissionalmente, lançando, à época, disco de vinil. Aos 12, se mudou com a família para São Paulo, atrás do sonho de se tornar cantora sertaneja. Viajou pelo Brasil com grupo de rodeios durante cinco anos, cantando inclusive a Ave Maria que abre as competições. Inspirada no sucesso da novela Ana Raio e Zé Trovão, lançou o CD Voarei. Muitos obstáculos no caminho fizeram com que, aos 18 anos, desistisse da carreira artística e voltasse para Minas Gerais. Faz curso de geografia e, paralelamente, tocava e cantava em barzinhos. 

Sou totalmente pé vermelho”, brinca a artista, valendo-se de expressão usada para definir quem gosta da roça e, especialmente, de terra que tem minério no solo. “O que faço é versão feminina da canção sertaneja, que ganha um toque especial pelo modo diferente de a mulher se colocar no mundo. Sei que as mulheres vão se identificar com o mundo brejeiro, romântico, falando do que esperamos dos homens”.




RESENHANDO - Como você define, de fato, o seu trabalho?
PAULA FERNANDES - A minha raiz é totalmente sertaneja. Eu fui criada no interior, ouvi moda de viola, mas, na medida em que fui crescendo, essa questão da personalidade musical foi fluindo o lado de compositora. Eu me considero pop rural, uso elementos do campo, falo sobre o amor puro, como eu acho que deveria ser, não banalizado como está. O que faço é versão feminina da canção sertaneja, que ganha um toque especial pelo modo diferente de a mulher se colocar no mundo. Sei que as mulheres vão se identificar com o mundo brejeiro, romântico, falando do que esperamos dos homens. É uma mistura, mas eu não posso perder a essência, que é sertaneja. Mas acho importante essa renovação, para sair do repetitivo.


RESENHANDO - A música brasileira está passando por nova releitura?
PAULA FERNANDES -As pessoas estão se ligando na boa música brasileira novamente. Esse mercado onde estou entrando é tipicamente masculino, mas é um momento bacana para as mulheres, tanto cantando como compondo, porque se trata de uma linguagem diferente. Acredito que haverá, sim, uma grande renovação.


RESENHANDO - Como a música entrou na sua vida?
PAULA FERNANDES - Foi tudo muito naturalmente. A música faz parte da minha vida desde que me entendo por gente. Eu não escolhi: fui escolhida pela música. É profissão como qualquer outra, a diferença vem de ser atividade envolvida em magia.


RESENHANDO - A letra da canção Jeito do mato foi escrita especialmente para você como uma declaração. Como você recebeu isso e decidiu transformá-la em música?
PAULA FERNANDES - Em resumo, eu estava fazendo uma matéria para um jornal e esse amigo, o jornalista Maurício Santini, sabendo da minha história real, e não aquela que é contada pelos outros, ficou muito inspirado, muito emocionado e escreveu a poesia, da forma dele, para aqueles olhos tristes, para a menina da voz doce... A poesia chegou para mim ainda sem nome e eu coloquei melodia nela e batizei de “Jeito de mato”. Depois disso, a coisa fluiu, o Almir [Sater] gravou comigo, antes mesmo do contrato com a Universal Music e, depois, foi uma grande surpresa, porque a música de trabalho nem ia ser ela, mas ela acabou entrando na novela, casou perfeitamente com a personagem Santinha e a coisa está aí, do jeito que está...



RESENHANDO - Essa não é a primeira música sua que entra na trilha de uma novela, mas, certamente, é a que faz mais sucesso. Como isso afeta sua carreira?
P.F. - Eu acho que este é um momento ímpar, porque é a primeira vez que eu estou numa multinacional, fui independente até o ano passado. Então, já gravar um disco, que é uma grande responsabilidade para a gravadora, ter uma canção que é tema do casal protagonista de uma novela da Rede Globo, tudo isso foi um presentão da vida. Eu só tenho a agradecer...


RESENHANDO - Quem são os seus maiores ídolos na música? 
P.F. - Eu ouço de tudo, desde Tião Carreiro & Pardinho até Simon & Garfunkel, Bee Gees, adoro Almir Sater, Victor & Léo, Shania Twain, Roberta Miranda, Ana Carolina. Acho que a música deve ser explorada em seus mais diversos estilos. Sendo boa, eu ouço de tudo. Eu gosto muito da música folk, mas aqui no Brasil não se usa muito esse termo. E, fazendo trilhas, acho impressionante a sensibilidade de Marcus Vianna...


RESENHANDO - Apesar da pouca idade, você já tem alguns anos de estrada, mas ainda é uma cantora jovem. Qual é o seu maior sonho? 
P.F. - Eu acho que já me considero uma pessoa vitoriosa por tudo que já passei desde os oito anos de idade. Estou num momento em que tudo o que vier será muito bem-vindo. Quero agora colher o que eu plantei até agora e os primeiros frutos estão sendo deliciosos e nutritivos. O que vier a partir de agora, será lucro.

domingo, 2 de agosto de 2009

.: Resenha crítica da animação "A Era do Gelo 3"

Um por todos e todos por um
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em agosto de 2009


Enquanto que alguns casais são formados, como por exemplo, Scrat e Scratte, a preguiça atrapalhada, Sid, tenta ser "mãe" e coloca todos seus amigos na maior confusão do período jurássico. Saiba mais do imperdível A Era do Gelo 3!


Colorido vibrante encorpado em uma história muitíssimo engraçada. "A Era do Gelo 3", animação dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, chega na terceira sequência sem perder o bom-humor e a genialidade, ou seja, a equipe não perdeu a mão, apenas melhorou o que já era bom e tinha começado em 2002, sem pretensão. Em 2006 o encanto do longa animado foi mantido e incluiu novos personagens, os quais em A Era do Gelo 3, colaboraram para que a rede de amizade aumentasse ainda mais. Só para ter uma idéia, até o querido e cômico Scrat ganhou uma "namorada", a esquilo fêmea Scratte.

Manny, Sid e Diego formam o trio de mamíferos que só faz presepada atrás de presepada. Juntos, desde que socorreram uma criança indefesa, eles estão mais engraçados do nunca. Em A Era do Gelo 3, os amigos do coração estão em constante estado de alerta para qualquer sinal (mesmo que seja uma alarme falso) de Ellie, pois a mamute fêmea está prestes a se tornar uma super mamãe. 

Embora a felicidade esteja irradiando na vida de Manny, tal acontecimento cria sensações diversas em seus companheiros de aventura, o tigre dentes-de-sabre, Diego e, a preguiça, Sid. Enquanto que Manny espera seu filhotinho, Sid, pensa em formar sua própria família e segue em busca da primeira que "encontrar" e acaba num vale perdido. Para completar o desequilíbrio deste triângulo fraterno, Diego decide reaver o seu lado selvagem adormecido, e, para tanto, resolve partir e deixar o "bando".

Com esta separação repentina, não dá outra, a não ser confusões e mais confusões "jurássicas", o que implica em novos personagens para "alegrar" ainda mais a história. Sim, eu disse jurássicas. O atrapalhado Sid, dá ritmo na história quando, em um vale perdido, "encontra" três ovos de dinossauros e decida adotá-los.

Como é de se esperar, os ovos não estavam abandonados e a preguiça vira prisioneira de seu próprio "desejo". Para salvá-lo das garras ferozes da mamãe dinossauro a turma toda, incluindo Diego e Ellie (mesmo estando prestes a dar à luz), parte rumo ao vale mais do que perdido para salvar Sid.

É neste ambiente totalmente novo que conhecemos o insano Buck, um caçador de dinossauros, ou seja, um perfeito profissional no quesito jurássico. A jornada do grupo é bastante interessante e divertida, tendo sempre a "participação coadjuvante", porém instigante e curiosa do esquilo Scrat, junto de sua "esposa" e a bendita noz. Vale tudo por uma noz, inclusive um tango nem tão romântico assim. É então que perguntas ficam martelando na cabeça durante o desenrolar da história: Afinal, ele ama mais a noz ou a "esposa"? Será que ele vai deixar a noz por um amor verdadeiro?

Em meio a vários e vários impasses o longa de Saldanha conquista a perfeição, pois agrada a toda a família. Sem exceção! Vale a pena conferir A Era do Gelo 3, nos cinemas enquanto ainda está em cartaz. Não só por ser uma animação de valor, mas por ter em seu diferencial algo bastante inovador (assim como Bolt - Super cão): cenas em 3D na medida certa. E, como dizia antigamente uma certa garota propaganda: "- Isto não é magia, é tecnologia!". Então não deixe de embarcar nesta magia digital repleta de bom-humor e genialidade!


Filme: A Era do Gelo 3 (Ice Age: Dawn of the Dinossaurs, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Animação/Aventura
Duração: 96 minutos
Direção: Carlos Saldanha
Roteiro: Michael Berg, Peter Ackerman
Elenco: Ray Romano/Diogo Vilela (Manny), Denis Leary/Márcio Garcia (Diego), Queen Latifah/Cláudia Jimenez (Ellie), John Leguizamo/Tadeu Mello (Sid), Alexandre Moreno/Simon Pegg (Buck)

.: Resenha crítica de "Inimigos Públicos" com Johnny Depp

Talento à prova de balas
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em agosto de 2009


Filme de gângster estrelado por Johnny Depp é sensacional. Saiba mais de Inimigos Públicos!


Ele é um quarentão com talento para dar, vender e emprestar. Para não desmentir, Johnny Depp, protagonista de "Inimigos Públicos", dá um show de atuação e consegue agradar até os desinteressados em assuntos pouco convencionais como máfia e criminalidade. Com brilhantismo, no longa dirigido por Michael Mann, Johnny não faz caretas hilárias (como em A Fantástica Fábrica de Chocolate) ou usa seus trejeitos irreverentes (como na saga Piratas do Caribe), ele simplesmente (com todo nobreza de ator) interpreta a frieza de um gangster.

Junto dele, em cena, está Christian Bale (o Batman moderno) na pele do policial Melvin Purvis (Christian Bale). É justamente Purvis quem está incumbido de capturar o grande assaltante de bancos, John Dillinger. Até porque este é seu forte, pelo menos é o que fica registrado logo no início do longa, em um momento à moda antiga: Purvis "pega" o bandido Pretty Boy Floyd com uma tremenda bala na barriga, após um breve duelo em um pomar, a céu aberto. 

À frente desta organização com a pretensão de pegar todas as "maçãs podres" da sociedade americana está J. Edgar Hoover. Este, por sua vez, convida Purvis para ajudar a formar FBI (Bureau de Investigação Federal), e assim, unificar as operações em todo os Estados Unidos e, claro, assim, prender o ladrão mais "escorregadio" de todos os tempos. 

Em meio a vários tiroteios e muito sangue esparramado na cidade, o descarado Dillinger mostra suas várias facetas, algumas encantadoras e outras perturbadoras. Assim, na telona, o inimigo público Nº1 mostra-se romântico, calculista, ágil, galenteador, aventureiro, amigo, parceiro, esbanjador, entre outros. Ao seguir cada passo dado pelo ladrão, fica praticamente impossível não aceitá-lo como um "mocinho às avessas". Provavelmente, quando as luzes da sala de cinema acenderem, alguém estará defendendo-o com unhas e dentes, principalmente pelo fato de não ter gostado do final da história. 

Por meio das cenas escuras é possível mergulhar a fundo no submundo da criminalidade que dominava os Estados Unidos, nos anos 70. No entanto, para os que não são chegamos em películas que seguem esta temática, muitas cenas escuras de tiroteios podem ser monótonas e "intermináveis". E como, o que vale é o conjunto da obra, o longa de Mann consegue segurar bem a pressão e moderniza os anos 70 com propriedade. Vale a pena conferir este super longa, embora este não seja "o filme da sua vida"!

Filme: Inimigos Públicos (Public Enemies, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Policial
Duração: 140 minutos
Direção: Michael Mann
Roteiro: Ann Biderman, Michael Mann, Ronan Bennett
Elenco: Johnny Depp, Christian Bale, Marion Cotillard, Jason Clarke, Stephen Dorff, Billy Crudup, Branka Katic, Stephen Graham

sábado, 1 de agosto de 2009

.: Entrevista com Robson Reis, cartunista, criador de Crepusculinho

“Eu sempre fui bom para fazer paródias e brincar com histórias. Enquanto lia (Crepúsculo, de Stephenie Meyer) tive tantas ideias engraçadas que resolvi fazer duas tirinhas. E ficaria só nisso.” - Robson Reis

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em agosto de 2009


Com muita simpatia e atenção, o criador de Crepusculinho, em entrevista EXCLUSIVA ao Resenhando.com fala sobre suas produções e planos na carreira de cartunista. Saiba tudo de Robson Reis!


O talento para desenhar é uma incrível ferramenta para dar vida a tudo o que a imaginação permite. O cartunista Robson Reis, esbanjando este talento, deu vida (em tirinhas) ao maior sucesso do mercado editorial da atualidade, a saga Crepúsculo, da escritora Stephenie Meyer, e conquistou mais fãs para as suas criações bem-humoradas. Sem pretensão, enquanto lia as obras da escritora, o cartunista teve ideias engraçadas e resolveu fazer duas tirinhas. Surgia então, o Crepusculinho. Em entrevista EXCLUSIVA ao Resenhando.com, o cartunista favorito dos jovens dá detalhes sobre a criação deste sucesso virtual, além de falar sobre outras produções, como Orkutonauta e planos para a carreira. Saiba mais de Robson Reis!




RESENHANDO - Você é o cartunista favorito dos adolescentes. Quando embarcou na magia das tirinhas? 
ROBSON REIS - Acho meio surreal as pessoas terem gostado tanto da tirinha. Sou grato pela recepção, porque foi feito totalmente sem pretensão e a cada dia aumenta a proporção e a aceitação. Acho divertido interagir com o público, ver os comentários. Tento responder todo mundo que entra em contato comigo. Na época que lancei Crepusculinho eu trabalhava fazendo outra tirinha chamada Orkutonauta que satirizava as sorte do dia do Orkut (www.orkutonauta.blogspot.com). Embarquei na magia das tirinhas abrangendo mais a magia das histórias em quadrinhos quando ganhei meu primeiro gibi quando eu nem sabia falar direito. Tenho esse gibi até hoje. Era uma edição da revista do Mickey em que ele recebia a visita do seu amigo alienígena chamado Esqualidus.


RESENHANDO - Você é jovem. Pretende seguir nesta área? Por que? 
ROBSON REIS - Desde criança sempre fui fascinado por histórias em quadrinhos e por volta dos 6 anos falei para a minha mãe: "- Mãe quero ser desenhista de história em quadrinhos e quero desenhar para sempre". Tenho a imagem desse dia e dessa decisão na minha cabeça como se tivesse acabado de acontecer. Nessa época eu desenhava o dia todo e nunca mais parei. Estou com 28 anos, nunca trabalhei fora da área e pretendo continuar. Trabalhei com agências de publicidade, fazendo freelance, e também ensinando desenho.


RESENHANDO - Quais cartunistas foram e continuam sendo fonte de inspiração no seu trabalho? 
R. R. - Nossa! Foram vários. Eu sempre fui fã dos desenhistas brasileiros que desenhavam as edições dos gibis da Disney, porém, a política nacional de não dar crédito aos desenhistas me impediram de saber quem eram as pessoas que eu admirava. Sei que as histórias que gostava do Tio Patinhas eram desenhadas por Carls Barks. Dos gibis de super heróis sempre me agradaram desenhistas que conseguiam trabalhar de maneira bem limpa o traço, como Sal Buscema, John Romita e John Romita JR. A família Kirb e trabalhos europeus como Asterix e Tintin. Adoro trabalhos nacionais como os do Laerte, Glauco, também de chargistas como Quinho, Chico e Paulo Caruso. Sem contar que também tenho muita influência de anime e mangá, desde antes de ser moda. Meu estilo acaba sendo uma fusão, uma mistura de muita coisa que li, e de desenhos animados que assisti.



RESENHANDO - Você é fã da saga Crepúsculo? Como surgiu a ideia de "animar" as histórias de Stephenie Meyer? 
R. R. - Eu li o primeiro livro da saga. Não sabia que existia toda essa horda de fãs, nem sabia de filme, nem nada. Aí terminei e achei interessante. Eu sempre fui bom para fazer paródias e brincar com histórias. Enquanto lia tive tantas ideias engraçadas que resolvi fazer duas tirinhas. E ficaria só nisso. Mandei para a amiga que me indicou o livro, ela viu adorou e disse que eu devia mandar para o Foforks (www.foforks.com.br) na sessão de fanart. Peguei e enviei. E foi uma bola de neve, me convidaram para participar do site como colaborador e as meninas que acessam o Foforks fizeram campanha pedindo que eu ficasse. Aceitei. Meio que entrei de gaiato na história que era muito maior do que eu poderia imaginar. 


RESENHANDO - O fato de ter se identificado com o personagem Emmett foi importante na criação de Crepusculinho? 
R. R. - Eu me identifiquei com o Emmett, mas não acho que tenha influenciado muito na criação. A criação foi fluindo a cada semana, às vezes nem tenho ideia da tirinha, e ela nasce de acordo com o personagem que escolho.


RESENHANDO - Sabe se a escritora tem conhecimento de suas tirinhas? Afinal, sua produção está sendo divulgada fora do Brasil. Fale sobre o sucesso fora no exterior.
R. R. - Na verdade não sei se a Steph já viu as tirinhas. Sei que o perfil oficial dela e do ator Peter Facinelli (que interpreta Dr. Carlisle no filme) adicionaram o My Space do Crepusculinho. Tenho recebido recados do Japão, Portugal, Alemanha. Mas não tenho ideia de como está a repercussão fora do país. A meta é começar a lançar as tirinhas simultaneamente em português e em inglês para facilitar a divulgação. Gostaria de um dia saber se a autora viu a tirinha e o que achou.


RESENHANDO - Você criou outros personagens antes de Crepusculinho. Estes foram inspirados em pessoas reais ou em personagens?
R. R. - Tenho muitos outros personagens, histórias e situações criados por mim que ainda não foram lançados, é muito material para ser produzido que não tem nenhuma relação com Crepusculinho. Sempre fui bem inventivo. Crio personagens e histórias com facilidade, isso acaba sendo também um problema por que crio muito mais rápido do que sou capaz de produzir, agora estou tentando, paralelamente com Crepusculinho, começar a lançar minhas criações. Algumas foram inspiradas em pessoas reais, mas a maioria eu invento do nada. Gosto de imaginar pessoas, criar situações, ver como essa pessoa inventada reage e ver a vida do personagem nascer.



RESENHANDO - Quais as novidades que o público pode esperar para a saga Crepusculinho? Conta com algum projeto maior, como por exemplo, publicação impressa? 
R. R. - Crepusculinho cresceu demais, e ainda não tenho muita noção do tamanho. Para conseguir atender as pessoas de modo satisfatório eu comecei a produzir uma história em quadrinhos com os personagens e vai ser lançada no Rio de Janeiro dia 13 de setembro no evento promovido pela loja Ice Queen e vai se chamar Crepusculinho in Rio. Vai ser impressa, não tem editora e vai ser independente vendida só pela internet ou em eventos.


RESENHANDO - Qual o processo de produção das tirinhas publicadas em seu blog? Quanto tempo precisa para produzi-las? Qual personagem de Crepúsculo é mais trabalhoso para ser produzido? 
R. R. - Quando iniciei a tirinha não pensei que fosse durar muito e resolvi trabalhar com momentos chave da história e acabei não seguindo nenhuma cronologia. Quando vi que o público cresceu, resolvi começar a trabalhar uma linha de tempo parecido com a do livro e seguir alguns fatos. Com isso eu vejo em que ponto está a história e como posso trabalhar a situação. Então, faço um esboço e crio os diálogos. Se eu não rir, eu normalmente paro, e começo de novo do nada. E acho que o personagem mais difícil de ser feito é a Rosalie por que ela tem que estar sempre linda. Mas nada fora do normal, criei o estilo de desenhá-los para que não fosse complicado. Levo em média uma hora para preparar o desenho da tirinha, mas a idéia as vezes fico matutando por dias. Por que não basta ser engraçado, tem que ser fofo.


RESENHANDO - Qual o papel da internet no avanço de suas produções? 
R. R. - Fundamental, antes para conseguir mostrar minhas criações eu tinha que além de desenhar, montar uma revista e imprimir, em xerox mesmo e tentar arranjar alguém que comprasse, eu tinha um público bom com meus fanzines, mas existia um gasto e pouco público. Agora com a internet eu produzo, coloco na web e o mundo todo pode ter acesso, por um custo mínimo.


RESENHANDO - Qual a sua dica para os pretendem seguir o seu caminho artístico?
R. R. - Ter persistência, não desistir e sempre tentar melhorar, por mais que falem que seu trabalho está ótimo. Sempre tente se superar. Só assim irá aprender e se conhecer como artista, além de ter consciência do que sabe ou não fazer e como resolver o desenvolvimento de sua obra. Quando receber um crítica negativa não pode se ofender e sim pegar e estudar como consertar. Muita gente não leva ilustradores e desenhistas a sério, mas muito disso vem do próprio artista que não se valoriza. Quem tem um sonho e pretende realizá-lo não pode desistir.



PING PONG
Gosto de: Pizza
Detesto: Interesse
Um livro: O caso da borboleta Atíria
Um escritor: Neil Gaiman

quinta-feira, 2 de julho de 2009

.: Em casa: filmes brasileiros são boa opção de lazer e cultura

Por: Patrick Selvatti
Em julho de 2009


Prata da casa: Enquanto nas salas de exibição novos títulos atraem o interesse do público - como Divã e Jean Charles, por exemplo – filmes que já saíram de cartaz estão disponíveis agora nas melhores locadoras.


O cinema brasileiro está cada vez mais em alta. Enquanto nas salas de exibição novos títulos atraem o interesse do público - como "Divã" e "Jean Charles", por exemplo – para você que prefere o aconchego doméstico às filas de cinema, filmes que já saíram de cartaz estão disponíveis agora nas melhores locadoras. E tem opções para todos os gostos: da comédia ao policial, sempre com muita dose de romance e música.

Para quem deseja dar boas risadas, a melhor pedida é o filme "Se Eu Fosse Você 2". Repetindo a dupla que deu certo na primeira vez, Tony Ramos e Glória Pires retornam a cena ainda mais hilários neste longa de Daniel Filho. Trata-se de um bom filme para reunir a família na sala, mas atente-se para a classificação indicativa de 10 anos. Já o filme "A Casa da Mãe Joana", de Hugo Carvana, é menos engraçado, mas é garantia de algumas risadas, principalmente pelo elenco estelar: José Wilker, Pedro Cardoso, Laura Cardoso, Antonio Pedro Borges, Agildo Ribeiro e Arlete Salles, por exemplo. Neste caso, a classificação indicativa é de 14 anos.

Se o seu estilo é mais romântico, a sugestão mais aplicável é o filme Romance, de Guel Arraes – o mesmo dos sucessos "O Auto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro". Por outro lado, você pode também optar por algo menos açucarado em "Os Desafinados", de Walter Lima Jr. O filme traz muita bossa nova e um elenco “bem afinado”: Rodrigo Santoro, Cláudia Abreu, Selton Mello, Ângelo Paes Leme, Jair de Oliveira e Alessandra Negrini.

Agora, se sua estação é um filme de mais ação, com enfoque social e alguma violência, não deixe de assistir "Última Parada 174". Neste longa, o diretor Bruno Barreto aborda com muita sensibilidade o drama dos personagens envolvidos na tragédia do sequestro do ônibus 174 no Rio de Janeiro – tendo como ponto central não a tragédia, mas o desfecho da vida de pessoas que se cruzam em um ambiente marcado pela violência, pobreza e falta de perspectivas. Já Linha de Passe, de Walter Salles, conta a história de quatro irmãos que vivem na periferia de São Paulo em um clima de mais esperança, apesar das dificuldades sociais. Preste atenção na atriz Sandra Corveloni, que vive a mãe desta família: ela ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes em 2008.

Sendo assim, prepare a pipoca, porque as opções são variadas e de excelente qualidade.


quarta-feira, 1 de julho de 2009

.: Entrevista com Juliano Cazarré, ator da minissérie da Globo e de Tropa de Elite

“... Não estou pronto pra lidar com assédio nenhum, e se alguém me interromper um jantar num restaurante, vou achar ruim” - Juliano Cazarré


Por: Patrick Selvatti
Em julho de 2009


Resenhando em Fúria: Juliano Cazarré, ator da minissérie da Globo e de Tropa de Elite, desnuda sua alma só para você.



O ator Juliano Cazarré, de 28 anos, é gaúcho de nascimento, e brasiliense de formação. Chegou na capital federal ainda recém-nascido e graduou-se em Artes Cênicas pela UnB (Universidade de Brasília), em 2004. Vive em São Paulo há cerca de três anos, em busca de trabalhos. E o resultado já é bem-sucedido. Neste ano, debuta na TV Globo, em duas séries consecutivas: Força tarefa e Som e fúria. Mas sua experiência já é vasta. Na TV a cabo, atuou no seriado Alice, da HBO, em 2008.

No teatro, seu berço, já percorreu o País com a peça Adubo Ou A Sutil Arte de Escoar Pelo Ralo, dirigida por Hugo Rodas e aprovada com louvor por Fernanda Montenegro. Já no cinema, Cazarré estreou há pouco seu sexto longa-metragem, A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele. Anteriormente, atuou em A concepção e Meu mundo em perigo, de José Eduardo Belmonte, Tropa de Elite, de José Padilha, Nome Próprio, de Murilo Salles – pelo qual foi indicado ao prêmio de melhor ator no festival de Gramado, em 2008 – e O Magnata, de Chorão e Jonnhy Araújo. E ainda estará nos longas Salve geral, de Sérgio Rezende, e Augustas, de Francisco César Filho. 

Nesta entrevista EXCLUSIVA para o Resenhando, Juliano fala sobre sua paixão pelo cinema, a relação de amor com os palcos e sua insegurança em relação à televisão.




RESENHANDO – Você faz parte de uma nova geração de atores que saíram de Brasília para alcançar o sucesso no País. Como é a sua relação com a Capital Federal, já tão reconhecida como celeiro de grandes nomes da cultura brasileira?
JULIANO CAZARRÉ – Fui criado em Brasília, amo a cidade e sinto falta da qualidade de vida e dos amigos que tinha por lá. Mas me parece que, nesse momento, é melhor ficar por aqui, Sampa, mesmo. Brasília é uma cidade excelente para criar, mas o mercado para atores é fraco.


RESENHANDO – No cinema, sua carreira é marcada pela atuação como personagens densos, vestidos de muito naturalismo, como vemos em A concepção e A festa da menina morta. Isso foi proposital?
JC – Eu gosto de filmes e diretores arriscados, e desde A Concepção um trabalho vem puxando outro nesse campo. Estou feliz e surpreso com isso. Já o naturalismo é uma coisa que eu gosto de buscar e acho que o cinema é o lugar pra isso. Mas gosto de outras linguagens e adoraria fazer um filme mais expressionista, mais estilizado. Infelizmente só o Zé do Caixão faz isso no cinema nacional...


RESENHANDO – Em recente entrevista, você declarou que, se não tivesse fazendo esse cinema mais visceral, você estaria fazendo teatro em Brasília. Qual é a sua relação com o teatro, que é onde você fez escola?
JC – Amo o teatro e gostaria de fazer um teatro de pesquisa corporal e vocal, e de escrever pra teatro também. Mas ainda não consegui entrar no teatro em São Paulo. Isso se deve também ao fato de eu gostar e valorizar tanto o teatro que não quero fazer qualquer coisa. Dá muito trabalho criar uma peça, então estou esperando para fazer a coisa certa. 


RESENHANDO – Como você está lidando com a chegada à televisão? O que você sente de diferente em comparação ao teatro e ao cinema e como você coloca cada um em seus planos?
JC – Espero conseguir fazer bons personagens nos três veículos. O que me move, na verdade, o que eu quero é o bom personagem. 



RESENHANDO – Dentro de pouco tempo, surgirão só papéis em novelas e você certamente chegará ao posto de galã que a televisão sempre rotula. Está preparado para lidar com esse assédio?
JC – Espero que não surjam só papéis em novelas, e acho que não vai ser assim. Agora, não estou pronto pra lidar com assédio nenhum, e se alguém me interromper um jantar num restaurante, vou achar ruim. Eu sou ator porque gosto de atuar, não tenho a menor vocação para celebridade. Mas penso que o meu estilo de atuação não é um estilo que cative o grande público da TV, sei lá.


RESENHANDO – Você é um artista completo, que também escreve e dirige. Filho de escritor e irmão de cineasta, pretende investir também na escrita e na direção? 
JC – Um conto meu (Ana Beatriz) foi adaptado para um curta-metragem, que, inclusive, foi premiado no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Eu também roteirizei e dirigi um média-metragem, Véi. Aí respondo: sim, eu gostaria de ir para esses lados, mas preciso me qualificar para tal. Sou novo e tenho muito que aprender. 


RESENHANDO – Quem são os atores que te inspiram e o que você procura trazer de cada um deles para seu ofício?
JC – Marlon Brando, Osmar Prado e Wagner Moura, pela verdade. Selton Melo, pelo carisma. Matheus Nachtergaele pela técnica apurada. Daniel de Oliveira, pela entrega. Johnny Depp, pela maneira lúdica com que constrói seus tipos. Daniel Day Lewis por reunir todas essas características. E Meryl Streep, porque é perfeita, infalível, sobre-humana, divina quase.



RESENHANDO – Qual é seu livro de cabeceira e as músicas que marcaram sua história?
JC – O Apanhador no Campo de Centeio, talvez. Mas tem tanto livro que eu amo!!! Música, talvez os álbuns Cantoria 1 e 2, com Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo.


RESENHANDO – Pode adiantar quais são os seus planos para o futuro?
JC – Estou em Sampa, fazendo testes como sempre. Lendo os gregos como sempre. Vamos ver o que as fiandeiras me reservam. A todos, um abração. Axé.

.: Resenha de "O Reacionário", Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues: O homem por trás do mito
Por: Helder Miranda


Obra lançada pela Agir aproxima leitor dos pensamentos de Nelson Rodrigues. Saiba mais de O Reacionário – Memórias e Confissões!


"O Reacionário – Memórias e Confissões", o célebre livro de crônicas de Nelson Rodrigues lançado em 1977, tem o maior mérito de toda a extensa obra do controverso escritor e dramaturgo: aproximar do leitor parte dos pensamentos do homem que está por trás de toda a polêmica de seus textos e ideias neles contidos. Agora, relançado pela Agir, promete superar o feito de quando chegou às livrarias.

À época, ainda vivo, Nelson Rodrigues era visto com certa desconfiança, sob o rótulo de “reacionário”. Agora, anos depois de sua morte, é material de estudo, respeitado e há quem o considere um gênio. Tudo isso muda a maneira de ler as 130 crônicas desta coletânea. Juntas, como um quebra-cabeça, elas dão um panorama sobre quem é Nelson Rodrigues, pergunta difícil de ser respondida em um primeiro momento.

Tornar os pensamentos de Nelson Rodrigues acessíveis é difícil, mas o livro cumpre essa tarefa com maestria. Personagens absolutamente reais, como Otto Lara Resende, o inimigo político Alceu Amoroso Lima, o psicanalista Helio Pelegrino e o jornalista Cláudio Mello de Souza, entre tantos outros perfis conhecidos da vida real surgem, misturados com outros, como a ricaça com nariz de cadáver, a estagiária de sandália e calcanhar sujo, a atriz inteligente, todos reunidos para contar grandes histórias da vida real.

São crônicas, escritas de março de 1967 a dezembro de 1973 para as colunas Memórias (do jornal Correio da Manhã) e Confissões (O Globo), que não perdem em nada para a ficção rodriguiana. Confirmam-se nelas algo que já se desconfiava na ficção: o escritor julgava, e qualificava muito, as pessoas. Há, também, a ideia de que Nelson Rodrigues, discreto e um tanto tímido, passava como testemunha ocular dos fatos, muitas vezes despercebido – encontrando seu lugar, e a merecida notoriedade, nas letras.

Características pouco divulgadas de Nelson Rodrigues, como quanto o assassinato de seu irmão, Roberto Rodrigues, na redação de A Crítica, o deixou traumatizado, ou a delicadeza, ao confessar que sempre teve medo de ser cego, e o mal veio em sua filha, que nasceu sem visão, podem ser vistas. Mais do que a chance de reencontrar, ou redescobrir Nelson Rodrigues em um momento muito mais propício a conhecer alguém que foi vítima do seu tempo e de duas ideias, o livro passa longe de ser um apanhado de frases de efeito.

A reedição, muito bem cuidada – seja pela encadernação luxuosa, pela diagramação de qualidade ou pelas notas de rodapé com informações relevantes – ainda vem complementada por um quadro cronológico, com fatos-chave da época em que as crônicas foram escritas, ajudando, assim, o leitor construir um panorama geral do contexto em que os textos foram elaborados. Reacionário? Não, a temática confessional do livro aponta para apenas uma resposta: um libertário, que não existiria sem as suas repetições, é verdade.



Livro: O Reacionário – Memórias e Confissões
Autor: Nelson Rodrigues
728 páginas
Ano: 2008
Editora: Agir

sexta-feira, 19 de junho de 2009

.: Resenha de "Crepúsculo" com Kristen Stewart e Robert Pattinson


Uma história de amor que mexe com o coração
Por: Mary Ellen Farias dos Santos


Um vampiro milenar apaixonado por uma adolescente comum que veio da cidade grande. Saiba mais de Crepúsculo!


Ok. No quesito perfeição o longa dirigido por Catherine Hardwicke não atinge a nota máxima, porém, a história de Stephenie Meyer ganhou mais agilidade, sem perder todo o romantismo entre Bella e Edward. Crepúsculo é uma produção simples e sem pretensão de ser um blockbuster.

No estilo de filme para a televisão conhecemos Isabella Swan. A adolescente decide morar com o pai na cidade interiorana, conhecida como Forks, depois que a mãe decide casar-se novamente. Embora deteste o excesso de frio, a chuva e o verde de Forks, Bella encanta-se infinitamente por um membro da família Cullen, Edward.

Os dois se conhecem no colégio e enfrentam as dificuldades do amor entre uma humana e um vampiro milenar. Em meio a vampiros não vegetarianos vemos Edward lutando contra o amor que sente por Bella, pois, sabe que quanto mais a ama, mais a coloca em perigo. Até porque Bella provoca a sede de sangue em Edward.

MUDANÇAS: Para os mais detalhistas, além dos problemas com os efeitos especiais (seja em um salto de Edward na floresta ou no brilho dele exposto ao sol), outro descompasso da produção está na troca de momentos chave, os quais são aguardados pelos leitores, porém acontecem em cenas ou cenários totalmente diferentes.

Entre eles está quando Bella conhece os mais jovens da família Cullen. Sim. Tudo acontece no refeitório, mas todos já estão sentados. "Foi ali, sentada no refeitório, tentando conversar com sete estranhos curiosos, que eu os vi pela primeira vez. [...] Olhei de lado para o rapaz bonito, que agora fitava a própria bandeja, desfazendo um pãozinho em pedaços com os dedos pálidos e longos. Sua boca se movia muito rapidamente, os lábios perfeitos mal se abrindo. Os outros três ainda pareciam distantes e, no entanto, eu sentia que ele estava falando em voz baixa com eles".

No filme, os irmãos entram como se estivessem sendo apresentados, e, já na mesa dos Cullen, não há comida. Como estão em um refeitório e não comem? Boa sacada da diretora. No entanto, algumas mudanças não são tão legais. Seja a inserção de um laptop para o uso de Bella (no livro ela conta somente com um micro velho com internet ruim) ou quando o primeiro contato entre os dois acontece somente dentro do Volvo prateado (e não durante a aula de Biologia). Em meio a acertos e erros na história, o longa agrada (tranquilamente) ao público jovem.

DVD - Edição Dupla: O lançamento da Paris Filmes, região 4, trará o filme (colorido) originado pelo romance de Stephenie Meyer, homônimo, com os atores: Christian Serratos, Nikki Reed, Elizabeth Reaser, Robert Pattinson, Justin Chon, Catherine Hardwicker, Kellan Lutz, Kristen Stewart, Michael Welch, Peter Facinelli, Taylor Lautner. Tem recomendação para espectadores acima de 12 anos.

LOCADORAS: O DVD de Crepúsculo (Twilight), disponível para locação, será lançado em 8 de abril (data prevista de entrega nas locadoras). A versão terá formato widescreen e sem extras.

LUA NOVA: O fenômeno Crepúsculo (Twilight, 2008) já está com a sequência em andamento, isto é, na segunda metade do mês de abril foram iniciadas as filmagens de Lua Nova. Junto ao triângulo amoroso formado por Kristen Stewart (Bella), Robert Pattinson (Edward) e Taylor Lautner (Jacob), retornam Ashley Greene (Alice), Peter Facinelli (Carlisle), Elizabeth Reaser (Esme), Kellan Lutz (Emmett), Nikki Reed (Rosalie), Jackson Rathbone (Jasper), Edi Gathegi (Laurent), Rachelle Lafevre (Victoria) e Billy Burke (Charlie Swan).

Contudo, as locações do filme que estão divididas entre Vancouver, no Canadá, e Toscana, na Itália terão novidades no elenco. Entre as novidades estão Charlie Bewley (Demetri), Jamie Campbell Bower (Caius), Daniel Cudmore (Felix), Christopher Heyerdahl (Marcus), Dakota Fanning (Jane), Cameron Bright (Alec), Noot Seer (Heidi), Michael Sheen (Aro), Graham Greene (Harry Clearwater) e Tinsel Korey (Emily). Na direção, nada de Drew Barrymore ou tantos outros nomes cogitados, Lua Nova terá Chris Weitz (A Bússola de Ouro) como diretor e será lançado no Brasil pela Paris Filmes, simultaneamente, em 20 de novembro.

TEASER: Lua Nova (The Twilight Saga: New Moon), o segundo filme da cinessérie Crepúsculo, já conta com um vídeo de divulgação circulando na web. O vídeo promocional editado pela Entertainment Tonight vai ao ar no dia 23 de abril com entrevistas e cenas do filme.

SUCESSO NAS PRATELEIRAS: O romance de estréia de Stephanie Meyer, sucesso absoluto de vendas, ocupou o primeiro lugar na lista do New York Times, posição a qual permaneceu durante mais de um ano. Em todo o mundo vendeu 45 milhões de livros, sendo 20 milhões em apenas três meses. No Brasil, os livros ocupam as primeiras colocações na lista dos campeões de venda. Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer venderam 45 milhões de exemplares em 37 países. Aqui no Brasil, as vendas já somam 700 mil desde o lançamento do primeiro título, em abril de 2008. Enquanto acumula elogios diversos da crítica internacional, a escritora tem seu mérito por envolver (em massa) o público adolescente, embora a série de livros seja adequada para todas as idades. A história com seres sobrenaturais com sede de sangue continua em outros três livros: Lua Nova, Eclipe e Amanhecer (com lançamento previsto para o final do mês de junho deste ano).


Filme: Crepúsculo (Twilight, EUA)
Ano: 2008
Gênero: Suspense / Romance / Drama / Fantasia
Duração: 122 minutos
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Melissa Rosenberg e Stephenie Meyer (livro)
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Ashley Greene, Nikki Reed, Kellan Lutz, Peter Facinelli, Cam Gigandet
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