terça-feira, 28 de junho de 2022

.: Nasi e Scandurra apresentam clássicos do IRA! no Sesc Santo André

O show, intimista e encorpado, conta com a cumplicidade musical do dueto e celebra 40 anos de estrada. Foto: Ana Karina Zaratin 

O primeiro fim de semana de julho traz ao Sesc Santo André um clima de celebração, com a histórica marca de 40 anos de estrada de uma das mais queridas bandas de São Paulo: o IRA! Os shows acontecem na sexta, dia 1º, às 21h, e no sábado, dia 2, às 20h. O guitarrista Edgard Scandurra e o vocalista Nasi, fundadores do grupo, estampam a sintonia e vigor que marcam a parceria que atravessa décadas, mantendo a mesma adrenalina juvenil e inquieta que só uma genuína banda de rock consegue preservar.

A banda paulistana, foi criada em 11 de outubro de 1981, por músicos autointitulados “operários do rock”. Ao longo dos anos passou por algumas mudanças, mas manteve sempre preservado seu núcleo criador, com Nasi (vocal) e Scandurra (guitarra). Nos dias de hoje, os parceiros de palco se encontram mais maduros e experientes, afiados como nunca. O resultado são apresentações marcadas pela cumplicidade e vibração, que arrebatam plateias híbridas, formadas por fãs incondicionais e novos admiradores, em todos os locais por onde passam. 

O IRA! de hoje realiza espetáculos onde a vibração e sintonia afloram naturalmente. A entrega ímpar e cheia de energia da dupla, ao desfilar os clássicos com a sempre estonteante e inexplicável sonoridade de guitarras, não deixa ninguém imune. No roteiro estão “Dias de Luta”, “Envelheço na Cidade”, “Flores em Você”, “Tarde Vazia”, “Eu Quero Sempre Mais”, “Núcleo Base”, “O Girassol”, “Vida Passageira” e “Rubro Zorro”, entremeadas por outras pérolas que estão na memória afetiva de milhares de pessoas. 

O IRA! retornou aos palcos em 2014, depois que uma “hecatombe” quase a destruiu por completo na década anterior. Como a mitológica Fênix, ressurgiu, indomável e mais sólida do que nunca. Nada mais Rock´n´Roll do que se reinventar e resistir, fazendo o que se ama, pois IRA! é o que se sente. 

O Teatro do Sesc Santo André opera, neste momento, com capacidade total de público. O uso de máscaras faciais como forma de contenção da Covid-19 é recomendado em todos os espaços da unidade e, principalmente, durante os espetáculos no teatro, por se tratar de ambiente fechado. Os shows, peças teatrais, espetáculos de dança e circo tem ingressos marcados, que podem ser adquiridos on-line, pelo  Portal Sesc SP, ou presencialmente nas bilheterias das unidades da Rede Sesc SP.   


Edgard Scandurra 
Músico canhoto e autodidata, toca com as cordas invertidas e é considerado um virtuose das guitarras. Produtor criativo, possui um autêntico gênio musical, uma marca registrada da banda. 


Nasi
O enérgico, incansável e, às vezes, polêmico vocalista é um band leader nato. Dono de uma voz que o distingue onde quer que se apresente, transita com muita desenvoltura e carisma na cena do Pop e Rock Nacional. 


Serviço
Show "IRA! Folk - 40 anos de Estrada"
Com Nasi e Scandurra
Dias: 1º de julho, sexta-feira, às 21h, e dia 2, sábado, às 20h
Local: Teatro do Sesc Santo André
Classificação etária: 12 anos
Venda de ingressos: on-line no Portal Sesc SP a partir de terça-feira, às 14h, e presencial nas Bilheterias da Rede Sesc a partir de quarta-feira, às 17h.
Importante: a cada semana são disponibilizadas as vendas dos ingressos para os shows e espetáculos teatrais da semana seguinte. 
Valores de Ingressos: R$ 40 - público geral. R$ 20 - categorias elegíveis ao desconto de 50%, de acordo com a legislação vigente. R$ 12 - Credencial Plena válida.
Valor Estacionamento - Espetáculos: R$ 6 - Portadores de Credencial Plena válida. R$ 11 - Público geral.
Sesc Santo André: Rua Tamarutaca, 302  Vila Guiomar - Santo André
Outras informações: (11) 4469-1200 


.: Instituto Moreira Salles promove seminário on-line sobre povos indígenas

A programação, que acontece nos dias 29 e 30 de junho, reunirá pesquisadores e artistas para discutir o tema. Com transmissão ao vivo pelo YouTube e Facebook, o seminário é um evento preparatório para a exposição Xingu, prevista para outubro no IMS Paulista. Ritual do Jawari, no Alto Xingu, 1955. Crédito: Henri Ballot / Acervo Instituto Moreira Salles


Nos dias 29 e 30 de junho, quarta e quinta-feira, o Instituto Moreira Salles realiza o seminário virtual Arquivos de imagens de povos indígenas. Composta por quatro encontros gratuitos, a programação reunirá pesquisadores e artistas para debater a representação dos povos indígenas em acervos históricos de filmes e fotografias. O seminário será transmitido ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook do IMS, com interpretação em Libras.

 Como avançar na identificação das imagens desses acervos? Como expô-las? Como os povos indígenas podem participar desses processos e criar novas narrativas para os registros? Questões como essas serão abordadas no seminário, que é um evento preparatório para a exposição "Xingu", prevista para o mês de outubro no IMS Paulista.

A programação inicia no dia 29 de junho, às 14h, com uma mesa composta pela antropóloga Marlene Moura, professora da PUC Goiás, pelo curador e antropólogo Thiago Oliveira e pela historiadora Vanessa Cavalcante, do núcleo de catalogação e difusão do IMS. Os três conversarão sobre os desafios de repensar a catalogação desses acervos. 

Historicamente, imagens de indígenas, produzidas por não indígenas, foram arquivadas com informações insuficientes ou incorretas sobre as pessoas e os lugares documentados. Como ampliar esses dados e rever a forma como são apresentados? A mediação será de Roberta Zanatta, responsável pela gestão do banco de dados do IMS.

Em seguida, às 17h, serão debatidos os desafios enfrentados pelas instituições que abrigam e expõem coleções dessa natureza, abordando como pesquisadores e comunicadores indígenas podem atuar nesse campo. O encontro terá a presença de Gustavo Caboco, artista visual Wapichana, do músico e poeta Santo Cruz Mariano Clemente Ticuna e do historiador Suzenalson Kanindé, com mediação de Ileana Ceron, responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia do IMS.

O seminário continua no dia 30 de junho, às 14h, com uma conversa sobre iniciativas de devolução que, nos últimos anos, têm buscado levar imagens históricas de indígenas de volta aos povos retratados. A mesa abordará a forma como essas ações são organizadas e como se dá o diálogo com as comunidades envolvidas. Participam do bate-papo o fotógrafo e videojornalista Kamikia Kisêdjê, o antropólogo Renato Athias, professor da Universidade Federal de Pernambuco, a arquiteta e curadora Valentina Tong e Rachel Rezende, do departamento de Fotografia do IMS, que fará a mediação da fala.

Às 17h, o evento encerra com uma mesa a respeito da reapropriação das imagens dos acervos históricos por parte de artistas, escritores e pesquisadores indígenas. Como esses registros podem ser usados para a criação de novos trabalhos e olhares sobre a trajetória dos povos indígenas no Brasil? O debate será composto pela artista Gê Viana, pelo cantor e pesquisador Yamalui Kuikuro e pela escritora Márcia Mura, com mediação de Guilherme Freitas, editor-assistente da revista serrote e cocurador da exposição Xingu, junto com o cineasta Takumã Kuikuro.

Sobre a exposição
Em outubro, o Instituto Moreira Salles Paulista inaugura a exposição "Xingu". A mostra discutirá o papel das imagens na história da relação entre indígenas e não indígenas no Xingu. Berço de um sistema social milenar, o território foi alvo recorrente da violência do colonialismo. Foi palco também da primeira grande demarcação de terras indígenas no Brasil e inspiração para a luta por direitos indígenas e pela preservação da Amazônia. 

Esses movimentos foram acompanhados por uma profusão de imagens: dos registros de viajantes europeus à documentação de expedições do Estado brasileiro, da intensa cobertura na imprensa sobre o Parque Indígena do Xingu até a revolução desencadeada pelo audiovisual indígena. A exposição interrogará as múltiplas representações do local, colocando obras do acervo do IMS e de outros arquivos em diálogo com o trabalho de artistas e comunicadores indígenas.


Serviço
Seminário on-line "Arquivos de Imagens de Povos Indígenas"
Quarta e quinta-feira, dias 29 e 30 de junho
Gratuito
Ao vivo pelo YouTube e Facebook do IMS
Transmissão com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) pelo YouTube e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


Programação completa
29 de junho (quarta-feira)
14h | Mesa 1 | Acervos
Com Marlene Moura, Thiago Oliveira e Vanessa Cavalcante. Mediação: Roberta Zanatta

17h | Mesa 2 | Museus
Com Gustavo Caboco, Santo Cruz Mariano Clemente Ticuna e Suzenalson Kanindé. Mediação: Ileana Ceron

 
30 de junho (quinta-feira)
14h | Mesa 3 | Devoluções
Com Kamikia Kisêdjê, Renato Athias e Valentina Tong. Mediação: Rachel Rezende

17h | Mesa 4 | Reapropriações
Com Gê Viana, Márcia Mura e Yamalui Kuikuro. Mediação: Guilherme Freitas


Participantes

Marlene Moura
É doutora em antropologia pela Universidade Marc Bloch de Estrasburgo (2000). Atualmente, é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás e integra o Programa de Pós-Graduação em História/PUC Goiás. Participa do grupo de Pesquisa sobre Patrimônio Cultural do CNPq e coordena o projeto de Pesquisa de Qualificação das Imagens da Coleção Audiovisual Jesco Puttkamer.


Thiago Oliveira
Antropólogo, curador e documentarista. Atualmente, é pesquisador de pós-doutorado no Museu Etnológico e no Jardim Botânico, Museu Botânico em Berlim (Gerda Henkel Stiftung). Desde 2011, atua em colaboração com comunidades indígenas da Amazônia em contextos relacionados a museus. Em seu trabalho, coleções etnográficas, de história natural e acervos audiovisuais são usados como ponto de partida para se pesquisar a arte, o território e a tecnologia da floresta amazônica e de seus povos, bem como os limites das ciências e tradições de conhecimento ocidentais em compreendê-los.


Vanessa Cavalcante
Historiadora de formação, atualmente cursa o doutorado no Programa de Pós Graduação em História da Unirio. Atua desde 2008 na área de catalogação e difusão de acervos, tendo passado por instituições como CPDOC/FGV e Museu da Imagem e do Som (MIS/RJ). Desde 2019 integra o Núcleo de Catalogação e Difusão do Acervo do IMS.


Gustavo Caboco
Artista visual Wapichana, trabalha na rede Paraná-Roraima e nos caminhos de retorno à terra indígena Canauanim. Sua pesquisa se produz nos encontros com os parentes e é apresentada através de desenhos, bordados, textos, vídeos, murais, performances e objetos.


Santo Cruz Mariano Clemente Ticuna
Músico e poeta do povo Ticuna. Possui graduação na área de ciências humanas em antropologia, sociologia e filosofia. Desde 2018 é diretor do Museu Magüta. Trabalhou na área de educação durante 38 anos e participou de movimentos indígenas, sempre defendendo os direitos indígenas como um todo, na preservação da cultura, do meio ambiente e na luta contra a discriminação. Foi presidente da OGPTB (Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngues) entre 2000 e 2001.


Suzenalson Kanindé
Indígena do povo Kanindé do estado do Ceará, mestre em humanidades pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB. Doutorando em história pela Universidade Federal do Ceará. Coordenador do Ponto de Cultura e Memória: Museu Indígena Kanindé. Professor da Escola Indígena Manoel Francisco dos Santos. Membro articulador da Rede Indígena de Memória e Museologia Social no Brasil. Representante da Rede Indígena de Museus Indígenas no Comitê Gestor de Políticas Culturais Indígenas no Ceará-- SECULT -- Ceará.


Kamikia Kisêdjê
Do Território Indígena do Xingu, MT. Formado pelo Vídeo nas Aldeias, é videojornalista e fotógrafo. Registra manifestações culturais e políticas que difunde em seu canal na web, é agente multiplicador em oficinas de audiovisual por todo o país e ainda ativista do movimento de discussão das mudanças climáticas. Essa múltipla atuação o vem tornando uma liderança para seu povo e referência para diversas comunidades e cineastas indígenas em formação.


Renato Athias
Antropólogo, é professor da Universidade Federal de Pernambuco, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (Nepe) e professor associado do programa de pós-graduação em antropologia da UFPE e do máster em antropologia ibero-americana da Universidade de Salamanca na Espanha. Doutor em antropologia pela Universidade de Paris X (França), ele estudou mídia e televisão na Universidade de Southampton (Reino Unido), com bolsas do British Council. Trabalhou em antropologia com povos indígenas do Brasil, em questões de xamanismo, saúde, depois em antropologia visual em coleções etnográficas e museologia. Desenvolveu inúmeros projetos de pesquisa com os povos indígenas de Pernambuco e da região do Rio Negro, na Amazônia. Publicou vários livros e artigos e fez filmes enfatizando a política de reconhecimento e o conhecimento dos povos indígenas da Amazônia. É pesquisador do CNPq e atualmente é o vice-presidente da Comissão de Museus e Patrimônio Cultural (COMACH) da União Internacional das Ciências Antropológicas e Etnológicas (IUAES).


Valentina Tong
Arquiteta, fotógrafa e curadora. Foi curadora-assistente do departamento de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles (2014 a 2020). Curadora-assistente das exposições Claudia Andujar: no lugar do outro (IMS, 2015) e Claudia Andujar: a luta Yanomami (IMS, 2018).


Gê Viana
Inspirada pelos acontecimentos da vida familiar e seu cotidiano em confronto com a cultura colonizadora hegemônica e seus sistemas de arte e comunicação, Gê produz colagens decoloniais a partir de imagens de arquivo, criando experimentos urbanos em formato lambe-lambe.


Márcia Mura
Marcia Mura, nome étnico e político. Márcia Nunes Maciel, nome do registro oficial. Tanãmak, nome espiritual recebido por Namãtuyky. Nasceu em Porto Velho (RO), às margens do rio Madeira, território ancestral Mura. Autora do livro Espaço lembrado: experiência de vida em seringais da Amazônia. Faz parte da Antologia: as 29 poetas hoje - 2021, organizada por Heloisa Buarque de Hollanda. Recebeu o prêmio de intercâmbio cultural do Ministério da Cultura em 2010. Doutora em história social pela USP e membra conselheira do movimento Wayrakunas, atua na articulação de mulheres indígenas.


Yamalui Kuikuro
Filho de Kumatsi Mehinaku e Yamunua Ipi kuikuro, neto do pioneiro tradutor, lutador e conhecedor da cultura Kuikuro, Nárru Kuikuro. Vive na aldeia Ipatsé Kuikuro, na terra indígena do Xingu (MT). É pesquisador indígena e cantor, tendo escrito a história da vida e da luta de seu avô, Nárru Kuikuro.


Guilherme Freitas
(Rio de Janeiro, 1983) é editor-assistente da revista serrote e professor no curso de jornalismo da ESPM-Rio.


Roberta Zanatta
Responsável pela gestão do banco de dados e pela difusão de acervos em formato digital do IMS. Atua na área de pesquisa, preservação, catalogação e difusão de arquivos fotográficos há 17 anos. Trabalhou em projetos de organização de acervos junto ao setor audiovisual do CPDOC da FGV e ao Departamento de Arquivo e Documentação da Fiocruz. De 2008 a 2012, coordenou o setor iconográfico do Museu da Imagem e do Som do Rio.


Ileana Ceron

Pesquisadora e historiadora de arte, é mestra em história social da cultura pela PUC-Rio. Foi diretora da Divisão de Artes Visuais no Instituto Municipal de Arte e Cultura (RioArte). É autora de Marc Ferrez: uma cronologia da vida e da obra (2019) e coautora da Coleção Palavra do Artista (2000). Organizou os livros Galeria de artistas: Centro Empresarial Rio 1983-1990 (2020) e Kant: crítica e estética na modernidade (1999). No Instituto Moreira Salles desde 2016, é responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia.


Rachel Rezende
Pesquisadora da imagem, é graduada em jornalismo e mestra em história social da cultura pela PUC-Rio, com especialização em antropologia da imagem pelo NAI-UERJ (2002). Atua há 20 anos na realização de projetos documentais no campo das artes e do audiovisual. No Instituto Moreira Salles desde 2009, trabalha na curadoria, pesquisa e no desenvolvimento de projetos da área de Fotografia.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

.: Crítica: "O Próximo Passo" ensina a viver as vidas que a vida dá

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2022 


A bailarina principal de uma companhia de dança clássica que flagra uma traição minutos antes de entrar no palco, dá o seu melhor na grande apresentação, mas acaba num passo errado, tendo que aprender a rever o rumo de um novo caminho a percorrer. Esse é o belíssimo e tocante longa francês, do Festival Varilux, em cartaz no Cineflix: "O Próximo Passo"

O filme de Cédric Klapisch emociona ao criar o perfil de uma jovem mulher forte, que na fragilidade pela ausência da mãe durante a fase de crescimento. Além de ter um pai alheio a seus feitos, ser traída pelo namorado e ainda afastada da dança que tanto se dedicou. Enquanto Elise busca a cicatrização de sua ferida sentimental e física, a dançarina clássica precisa se reconectar com ela mesma. 

Ao acompanhar a mudança de vida da protagonista, vê-se o renascimento de si, o que faz a emoção crescer em cada um presente na sala de cinema. Como não segurar as lágrimas quando o passado e o presente se encontram numa cena perfeitamente produzida? De um lado as bailarinas com seus tutus, nas pontas dos pés, do outro, ao longe, Elise se despede tendo encontrado uma nova forma de seguir na dança.

"O Próximo Passo" é visualmente lindo, não somente pelas apresentações de balé, incluindo os cenários e as filmagens em lugares naturais. Tudo contribui para a beleza da produção que foi a terceira mais vista na França, na sua semana de estreia. É indiscutível que a edição presenteia os olhos com muita arte. Não há como passar impune já no início, com a imagem dos braços de bailarina iluminado em azul. Ali já entrega que há um diferencial artístico no filme.

O que se confirma quando os envolvidos na produção são creditados com efeitos incríveis, nos minutos iniciais do longa. Enquanto que as bailarinas dançam, os nomes surgem na telona e se vão em esfumaçados e, ao fundo, uma canção de batidas mais fortes dita o ritmo. Em "O Próximo Passo" há drama, romance e incentivo à devoção pela arte, desde a culinária, música e, claro, à dança e suas variações. Definitivamente é uma produção mágica. Imperdível!

Em parceria com a rede Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - uma oportunidade para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


Filme: "O Próximo Passo" ("En Corps")

Duração: 1h57

Gênero: drama

Distribuidora: Bonfilm

Diretor: Cédric Klapisch

Elenco: Marion Barbeau, Hofesh Shechter, Denis Podalydès


Mary Ellen Farias dos Santos, editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

Trailer






.: Diário de uma boneca de plástico: 27 de junho de 2022

Querido diário,

Sumi, não é?! Pois bem, eu estou quase que vivendo dentro do cinema em Santos. Sim! Está acontecendo no Cineflix o Festival Varilux de Cinema Francês 2022 e estou empenhada em assistir todos os longas em exibição. Ok. Ontem, domingo, falhei e acabei não assistindo "As Aventuras de Moliére", que eu adoraria ver na telona. Por outro lado, esse é um dos filmes antigos exibido na mostra e eu tenho aqui em casa, em DVD, desde o lançamento. Menos pior, mas... perdi. Seria uma experiência diferente.

Em contrapartida, assisti filmes tocantes e que falam de recomeços e de sempre ter resiliência. como por exemplo. "Querida Léa", "Entre Rosas" e "O Próximo Passo". Aliás, nesse último eu chorei feito um bebê e levei de lição que preciso "viver as vidas que a vida dá". Lindo isso, não é?

Mas também consegui assistir filmes de tirar o fôlego de tanto suspense como "O Segredo de Madeleine Collins" e "Kopromat". Enquanto que no primeiro uma mulher mantém uma vida dupla e tudo acontece de modo surpreendente para levar a um desfecho conectado ao título, "Kopromat" faz roer as unhas, ainda mais por ser baseado em fatos reais. Esse longa também me tocou, pois é a história de um diretor da Aliança Francesa que tem a vida destruída por uma calúnia -que nunca saberá a verdadeira motivação, embora o longa destaque algumas situações.

Ah! Assisti "Golias" e o filme logo me lembrou da produção americana "Uma Voz Contra o Poder", somente pela temática e, o caso em questão, até ser mencionado na produção francesa. A verdade é que o filme dirigido por Frédéric Tellier é muito melhor e profundo. "O Mundo de Ontem" põe em pauta todos combinados que formam a base da política de um país, no casa, na França, pois a presidente quer se aposentar, mas seu sucessor não tem força para vencer.

Já "Peter Von Kant" retrata os bastidores da indústria cinematográfica a partir da vida de um diretor de cinema que pode tudo, inclusive humilhar seu ajudante, até se apaixonar por Karl. Destaco que é uma história para maiores de idade, hein! Enquanto que "King: Meu Melhor Amigo" é um filme família e cheio de aventuras -até mirabolantes- quando um leãozinho surge na vida de Inès e Alex. 

Ufa! Ainda faltam mais filmes para ver. Claro, querido diário, contarei tudinho para você. 

Beijinhos pink cintilantes e até amanhã,

Donatella Fisherburg
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.: "Damas Noir", uma investigação literária repleta de narrativas viscerais

"Damas Noir" é uma antologia de narrativas viscerais que reúne, além de contos, poemas de Margareth Atwood, uma surpreendente história ilustrada de Lisa Lim e o olhar ácido e irresistível de autoras como Valerie Matin, Lucy Taylor, Cassandra Khaw e muitas outras. Organizada pela premiada autora Joyce Carol Oates, Damas Noir nos convida a investigar universos sombrios, descentralizando as figuras masculinas e abrindo espaço para que outras vozes, outros olhares e outros corpos também possam ser representados.


Existe um noir feminino? Foi a partir desta pergunta que a consagrada autora Joyce Carol Oates idealizou uma jornada literária pela paisagem sombria do noir, convocando 15 vozes poderosas em busca de uma resposta. O resultado é "Damas Noir", uma coletânea de narrativas viscerais publicada no Brasil pela Darkside Books que reúne, além de contos, poemas de Margaret Atwood, uma história ilustrada de Lisa Lim e o olhar ácido e irresistível de autoras como Valerie Matin, Lucy Taylor, Cassandra Khaw e muitas outras.

Cada uma das autoras traz seu próprio ponto de vista sobre o gênero, mas o noir feminino revela algo em comum: ele surge cruel, assustador, eletrizante e sanguinolento. Em "Damas Noir", as engrenagens da ficção de crime deixam de girar em torno do eixo patriarcal, que com frequência reduz personagens femininas ao papel de vítimas ou mulheres fatais e as relega à margem de uma existência circunscrita ao domínio masculino.

Dividido em três partes, "Damas Noir" convida o leitor a perscrutar universos intrigantes: "Seus Corpos, Nossos Eus"; "Um Infortúnio Todo Seu" e, por fim, "Homicídio". Ao investigarem novas ideias sobre o noir, as autoras descentralizam as figuras masculinas e abrem espaço para que outras vozes, outros olhares e outros corpos também possam ser representados.

Publicado pela marca Crime Scene Fiction, que traz o melhor do true crime na ficção, "Damas Noir" é uma coletânea para todos os interessados nas vozes mais inspiradas e inovadoras da ficção de crime. Mais do que um livro no qual mulheres fortes e corajosas viram o jogo e recriam as regras, ele é uma celebração dos caminhos da autonomia feminina. Mais sobre o livro neste link.


.: Maracujá Laboratório de Artes estreia peça adulta "Vacamundi"

Com direção de Sidnei Caria, espetáculo cômico-musical inspirado nos quadrinhos de Michele Iacocca narra a jornada épica-histórica de parasitas desbravadores que conquistam e ocupam um território não-civilizado: o corpo de uma vaca. Foto: divulgação. 

O Maracujá Laboratório de Artes estreia o espetáculo adulto "Vacamundi", que marca a quarta parceria da companhia com o premiado autor e ilustrador Michele Iacocca. A peça tem seis apresentações gratuitas ao ar livre nos Teatros Arthur Azevedo, Paulo Eiró e Alfredo Mesquita, entre os dias 2 e 17 de julho, sempre aos sábados e domingos, às 17h. A direção é de Sidnei Caria, que também está no elenco ao lado de Dani Theller, Lucas Luciano, Luiã Borges, Nayara Konno e Silas Caria.

Diferentemente das peças anteriores em parceria com Michele Iacocca ("As Aventuras de Bambolina", "Rabisco - Um Cachorro Perfeito" e "Nerina, a Ovelha Negra"), que adaptavam livros infantis sem palavras, desta vez, o grupo transpõe para o teatro uma história voltada para os públicos jovem e adulto.

"Vacamundi" é uma sátira em formato de cartum que discute o comportamento destrutivo do homem consigo mesmo e com a natureza, ao retratar parasitas que se propõem a invadir e colonizar uma vaca. O nome da peça é, segundo o próprio autor, uma espécie de trocadilho com o termo “mapa mundi”, deixando bem claro que os parasitas não estão só na vaca, mas ocupam todos os recantos do planeta Terra.

Publicado pela primeira vez em 1984, o livro tem como protagonistas diversos parasitas - endos, ectos e etc. - que se encontram no processo de colonização de uma vaca. E, apesar de seus quase 40 anos, a obra se mantém bastante atual, pois explora diversas situações relacionadas à finitude de nossos recursos naturais e sua utilização de forma descontrolada. Prova disso é que o quadrinho acaba de ser relançado pela editora Faria e Silva sem praticamente nenhuma atualização.

Para contar essa história, o Maracujá criou um espetáculo cômico-musical adulto, partindo da principal característica de seus outros trabalhos: a plasticidade visual. O grupo explora os traços do cartunista na criação de bonecos de manipulação direta e adereços cenográficos. Além disso, incluir no processo de criação outros elementos já pesquisados pelos artistas, como o teatro físico e a música ao vivo.

Inspirado pelo teatro de revista, o diretor Sidnei Caria criou várias canções originais que retratam de forma irônica aspectos diversos desse processo de colonização, com arranjos instrumentais feitos por Luiã Borges e arranjos vocais criados por Yasmin Olí. Tudo isso é cantado e tocado ao vivo (com instrumentos como violão, acordeon, teclado e percussão) pelo elenco.

Em cena, os artistas ainda se revezam para interpretar os diversos personagens dessa “saga nada heroica”, como o chefe do bando, os parasitas enamorados e os sugadores e mordedores. Completando a composição destes parasitas, os figurinos de Luciano Ferrari propõem uma releitura dos personagens desenhados pelo cartunista, trazendo texturas, cores e desenhos que auxiliam na construção da fisicalidade e comicidades propostas pelo diretor e adaptador do texto.

O espetáculo foi contemplado pelo ProAC 01/2021 de Produção e Temporada de Espetáculos Inéditos de Teatro, realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Economia Criativa. 


Sinopse
Baseado na obra de Michele Iacocca, o espetáculo "Vacamundi" conta a jornada épica-histórica da conquista e ocupação, por “valentes” parasitas desbravadores, de um “território não-civilizado”: uma vaca. Para contar essa saga, o Maracujá Laboratório de Artes criou um espetáculo cômico-musical que mostra, de forma irônica, os parasitas que ocupam não só a vaca, mas o nosso planeta Terra.


Ficha técnica
Espetáculo: "Vacamundi"
Baseado no livro em quadrinhos do autor 
Michele Iacocca
Adaptação, concepção e direção:
Sidnei Caria
Assistente de direção: Lucas Luciano
Elenco: Dani Theller, Lucas Luciano, Luiã Borges, Nayara Konno, Sidnei Caria e Silas Caria
Direção musical: Sidnei Caria
Trilha sonora e arranjos instrumentais: Luiã Borges
Preparação vocal e arranjos vocais: Yasmin Olí
Músicas: Sidnei Caria
Técnico de som: Edézio Aragão
Preparação Corporal (oficina de Commedia Dell’Arte): Lucas Luciano
Direção de arte e cenografia: Sidnei Caria
Equipe de confecção de cenografia, bonecos e adereços cenográficos:
Sidnei Caria, Lucas Luciano, João Caria e Silas Caria
Figurinos e adereços: Luciano Ferrari
Confecção de adereços: Tetê Ribeiro
Coordenação de produção, administração e design gráfico: Camila Ivo
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Fotografias: Cacá Diniz e Maracujá Laboratório de Artes
Ilustrações: Michele Iacocca
Realização: Maracujá Laboratório de Artes (Laboratório de Artes Produções)
Espetáculo contemplado com o ProAC 01/2021, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.


Serviço
"Vacamundi", do Maracujá Laboratório de Artes
Ingressos:
grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação
Duração: 75 minutos
Classificação: não recomendado para menores de 10 anos

Teatro Arthur Azevedo - Área externa
Apresentações:
2 e 3 de julho, no sábado e no domingo, às 17h
Avenida Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca - São Paulo

Praça do Teatro Paulo Eiró - Área externa
Apresentações:
9 e 10 de julho, no sábado e no domingo, às 17h
Avenida Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro - São Paulo

Teatro Alfredo Mesquita - Área externa
Apresentações:
16 e 17 de julho, no sábado e no domingo, às 17h
Avenida Santos Dumont, 1770 - Santana - São Paulo


“Ninguém sabe de onde eles vieram. E eu também não quero nem saber. Pra mim seria bem melhor se eles nem chegassem a nascer. Tantas estrelas salpicadas no céu, cheias de brilho e cores... Será então que eu sou a única com sete bilhões de sugadores? Não finja que não é com você, nem tente disfarçar. O parasita é só uma imagem mas é de vocês que agora eu vou falar!”

                   (Trecho de abertura da música “A Terra Conta”, abertura do espetáculo Vacamundi)


.: “Poliana Moça”, do SBT: Resumos dos capítulos 71 ao 75

“Poliana Moça”

Resumos dos capítulos 71 ao 75 (27.06 a 01.07)

Otto quer saber se Poliana mentiu para ficar só com Éric (Foto: João Raposo/SBT)




Capítulo 71, segunda-feira, 27 de junho
 

Éric pede para Song deixá-lo sozinho com Poliana; ela manifesta que quer algo em troca. Waldisney, Violeta, Roger acompanha Pinóquio no velório. Semifinal no “Reality dos Estagiários” com mais um eliminado. Formiga cobra Celeste por furto na padaria. Renato reúne os alunos para homenagear Helô com música de namoro do ex-casal. A rádio anuncia que após uma denúncia anônima, a polícia solicitou informações das pessoas que enviaram mensagem para o quadro “Declarações de Amor”. Nanci desconfia que Dona Branca denunciou Waldisney. Sem responder as mensagens do pai, Otto vai atrás de Poliana na escola e se depara com a filha sozinha com Éric. Violeta e Waldisney acreditam que a polícia rastreou o esconderijo. Alguém tenta invadir o covil dos vilões.

  

Capítulo 72, terça-feira, 28 de junho



Pinóquio pensa em um plano para ajudar os comparsas com a polícia. Otto suspeita que Poliana armou para ficar sozinha na escola com o Éric. Bento conta para Ruth que Kessya está chateada com ele e ele envergonhado. Vinícius solta, sem querer, na frente de Claudia, sobre Durval ter ido na faculdade; a esposa questiona o motivo. Éric liga por chamada de vídeo para Poliana, eles batem papo, aproveitam, e estudam química à distância. Bento fala com Kessya e dá um presente para a crush. André briga com Luca Tuber. Song causa discórdia entre Helena e Poliana. Gleyce pega no flagra Roger aprontando.

 

Capítulo 73, quarta-feira, 29 de junho

Any Gabrielly participação na novela (Foto: Lourival Ribeiro/SBT)


Alunos do colegial debatem sobre aprendizado durante a websérie. Davi apresenta Tânia para Gleyce e Dona Branca, e mostra o “Clube do Laço Lilás” para a escritora. Sérgio suspeita de traição de Joana e tenta bisbilhotar no celular da esposa. A cantora Any Gabrielly participa da trama; ela interpreta a si mesma. Luca Tuber chama Any para participar da final do “Reality dos Estagiários” como convidada especial. Equipe da websérie pensa em fazer uma estreia digna de Hollywood. João dá ideia de todos irem à casa dele após a aula para se programarem com a estreia. Poliana deseja que o encontro seja em sua casa, ao invés de ser na residência de João; Song provoca apontando sobre proibição de Otto. Vinícius recebe Raquel em sua casa; o estudante de medicina se oferece para ajudar em matéria da faculdade. Magabelo e Yupecho procuram Pinóquio na rua e se deparam com os malandros Raposo e Gatuno [personagens recentes]; eles falaram que avistaram Pinóquio, mas que desejam um preço pelo informação

  

Capítulo 74, quinta-feira, 30 de junho


Poliana fica na dúvida de ligar para o pai e pedir permissão para ir na casa de João. Gatuno e Raposo anunciam um assalto às crianças. Otto fala com Nanci sobre Waldisney; o dono da Onze acredita que Roger esteja envolvido com Waldisney. Turma do colegial decide jogar “EU NUNCA”, uma brincadeira que cada jogador deve perguntar algo que eles já fizeram ou não; após o anuncio da frase, os outros participantes que já passaram por tal situação devem beber suco com sal. Helô declara sua opinião a Renato sobre comportamento na escola, usando alunos para chamar atenção da amada. Song revela outra mentira do Éric na roda, ele pensa se vai beber, entregando a verdade. Na casa de Vini, Raquel é atingida por uma faca no pé. Família de Durval comenta sobre novo visual do portuga. Pinóquio curte noite na rua. Otto vai atrás de pista sobre denúncia do caso do Waldisney.

 

Capítulo 75, sexta-feira, 01 de julho



Vinícius dá carona à Raquel até faculdade utilizando carro emprestado de Durval; André olha toda cena e sente ciúmes. O caipira grava Luca maltratando Raquel. Éric cobra Song por fofocar segredo dele. Poliana diz para Éric que perdeu confiança nele, mencionando todas as vezes que aprontou com ela. Violeta e Waldisney vão em busca do Pinóquio. Otto fala com Gleyce sobre caso da rádio. Yupechlo procura pista por Pinóquio e Magabelo dá susto neles. Luigi toma atitude e convida Song para sua casa.

Sábado, 02 de julho


Resumo dos capítulos da semana

A novela “Poliana Moça” vai ao ar de segunda a sábado, às 20h30, no SBT


.: "Alice - O Musical" em apresentação extra no Teatro Fernando Torres

O espetáculo "Alice - O Musical", devido ao grande sucesso no dia 2 de julho no Teatro Fernando Torres acontecerá uma sessão extra. A peça tem direção geral de Max Oliveira e no elenco Alex Alves, João Hespanholeto, Pedro Nasser e Sophie Dalamanco

Devido ao grande sucesso, "Alice - O Musical", uma montagem da Voir Produções e Despertar Produções, fará uma nova apresentação, no dia 2 de julho no Teatro Fernando Torres. O espetáculo comemora em 2022 nove anos em cartaz desde a sua estreia e já foi visto por mais de 50 mil espectadores.

Há 157 anos, Charles Lutwide Dodson, sob o pseudônimo de Lewis Carrol publicava o livro "Alice no País das Maravilhas", que viria a ser um dos maiores clássicos da literatura infantil, com diversas adaptações de sucesso para o cinema.

Na montagem Alice está crescida e entediada em seu quarto, até que resolve ler um livro para se distrair. De repente, a ficção das páginas vira realidade e a velha estante da família deixa escapar fantásticas criaturas que transformam o quarto de Alice em um país das maravilhas. Entre os questionamentos da puberdade e os anseios de envelhecer para ser “dona de seu próprio nariz”, ela passa a viver grandes aventuras ao lado do Chapeleiro Maluco, o Gato Sorridente e a Rainha de Copas. 

O espetáculo apresenta efeitos especiais que vão desde a criação de uma Alice gigante em cena, até o surgimento de um gato brilhante na mesma proporção; números musicais (interpretados ao vivo) contam ainda com coreografias acrobáticas, além da manipulação de bonecos, como a Lagarta fumante (que, na versão, aparece apenas com uma tosse intensa e problemas de memória) e um papagaio e um urubu, feitos à base de guarda-chuvas.

Ficha técnica:
Espetáculo:
"Alice - O Musical"
Direção geral: Max Oliveira
Direção residente e letras: Fernando Marianno
Elenco: Sophie Dalamanco, Pedro Nasser, Alex Alves e João Hespanholeto;
Operador de Som: Eduardo Gabriel
Operador de Luz: Isaias Neri
Composição musical e arranjos: Elton Towersey
Trilha sonora: Guilherme Góes
Voz em off: Paula Capovilla (mãe) e Claudio Galvan (gato)
Figurinos: Jota Produções
Execução de Cenografia: Gabriel Gombossy
Assistente de Produção: Jack Viana
Redes Sociais: Victor Grega
Assessoria de imprensa: Fabio Camara
Coordenador de Produção: Jardel Romão
Realização e Produção: Voir Produções e Despertar Produções 


Serviço:
Espetáculo: 
"Alice - O Musical"
Local: Teatro Fernando Torres
Endereço: rua Padre Estevão Pernet, 588 - Tatuapé. Próximo às estações de Metro Tatuapé e Carrão 
Data: sábado, dia 2, às 16h
Ingressos: R$ 60 (inteira) R$ 30 (meia-entrada). 685 lugares
Informações: (11) 2227-1025
Vendas pela internet: https://bileto.sympla.com.br/event/74006/d/145667/s/952748
Duração: 60 minutos
Classificação: livre, indicado para maiores de cinco anos

domingo, 26 de junho de 2022

.: Crítica: "Golias" é filme-denúncia que não romancea jogo de interesses

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em junho de 2022 


Uma professora de educação física chamada France (Emmanuelle Bercot) e a viúva agricultora Lucie (Chloé Stefani) têm um problema em comum no filme "Golias", produção francesa do Festival Varilux, em cartaz no Cineflix. O longa dirigido por Frédéric Tellier mergulha por meandros delicados que retratam o bem e o mal de uma realidade que se faz presente em todo o mundo. De um lado o objetivo de produzir em larga escala para lucrar mais, na base do custe o que custar, do outro, pessoas morrendo de câncer e mulheres gerando crianças com deformidades.

"Golias" confirma o título ao retratar o enfrentando de pessoas comuns com uma gigante de um conglomerado econômico, produtora de pesticidas. Assim, o público é levado ao tribunal quando há um julgamento sobre o efeito do uso deliberado de agrotóxicos nas plantações. Para o azar de Lucie, viúva de Margot, vítima de câncer em consequência do uso constante do pesticida que atinge tanto lavradores quanto moradores das proximidades. 

Ainda que o filme deixe claro ser uma obra ficcional, "Golias" é nitidamente uma denúncia de uma realidade mundial. Vale lembrar que, só no Brasil, Bolsonaro liberou 1.629 agrotóxicos em 1.158 dias de governo. Entretanto, Frédéric Tellier é ferrenho ao colocar o dedo na ferida e abri-la sem dó e trazer para debate as consequências assombrosas dos agrotóxicos. Tanto é que pouco depois do início, a viúva Lucie não consegue mais lidar com a falta de punição da gigante do pesticida cancerígeno e comete um ato desesperador.

O filme-denúncia francês também remete ao americano "Uma Voz Contra o Poder" protagonizado por Christopher Walken, mais focado ao personagem que quase perde tudo para um gigante agroquímico. A produção inspirada no caso do agricultor canadense Percy Schmeiser também leva originalmente o nome "Golias". Enquanto que o americano é "Percy vs Goliath", o francês foi batizado de "Goliath".

A produção de Frédéric Tellier é completa, pois foca no problema e suas causas, fazendo com os personagens desenvolvam os meandros e o aprofundem. Para tanto, entram em cena diversos personagens. Um advogado inescrupuloso, criador de fake news, em defesa da gigante, Mathias. Outro advogado, especialista em direito ambiental e endividado, que ingressa na causa por Lucie, mas consegue ir além, Patrick. Uma professora que trabalha à noite para complementar a renda, sendo também ativista contra o uso de pesticidas, France. 

Entretanto, há uma luz no fim do túnel quando Vanec (Jacques Perrin, de "Cinema Paradiso" e "A Voz do Coração" falecido em 21 de abril de 2022) entra em cena, durante um voo. "Golias" une drama e suspense na medida exata, além da cruel realidade que precisa ser mais tratada e não abafada. Filmaço imperdível! 

Em parceria com a rede Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - uma oportunidade para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


Filme: "Golias" ("Goliath")

Diretor: Frédéric Tellier

Duração: 2h02

Gênero: drama, suspense

Classificação: 14 anos

Distribuidora: Bonfilm

Elenco: Emmanuelle Bercot (France), Jacques Perrin (Vanec), Gilles Lellouche (Patrick), Laurent Stocker (Paul), Marie Gillain (Audrey), Chloé Stefani (Lucie) 


Mary Ellen Farias dos Santos, editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

Trailer










.: Entrevista: Janaron Uhãy: "Não estou torcendo para ninguém"

Participante indígena do povo Pataxó se destacou no programa "No Limite" pela habilidade nas provas, mas deixou o reality na última terça. Foto: Globo / Fábio Rocha

As habilidades nas provas do "No Limite" surpreenderam: Janaron Uhãy se destacou não só pela força e determinação, mas também pela tranquilidade que demonstrava em momentos de grande tensão. O competidor virou destaque dentro e fora do reality show, chegando a ser um dos favoritos ao prêmio pelos fãs, mas acabou não se saindo tão bem no jogo social, já que deixou de fazer alianças fortes o suficiente para formar maioria em um portal.

Com a união das tribos no programa e o início da dinâmica individual, Janaron se tornou um alvo fácil e terminou eliminado pelos seus companheiros. Na entrevista a seguir, o participante explica a sua estratégia e a escolha de fazer um jogo mais introspectivo. Ele também comenta a mudança de tribos e repercute o carinho que vem recebendo nas redes sociais. 

 
Você foi um dos participantes que mais movimentou torcida nas redes sociais ao longo da temporada. Agora aqui fora, foi surpreendido ou já imaginava que seria um dos favoritos do público?
Janaron Uhãy -
Eu não imaginava essa proporção imensa de ser o favorito ao prêmio nas redes. Eu fui tão surpreendido ao chegar aqui fora e ver essa repercussão, a grandeza com que o povo me acolheu e me considerou um vencedor, não só com o meu povo pataxó, mas também entre outros povos indígenas e as pessoas de todo o Brasil. Fiquei muito surpreendido de ver isso tudo, essa maravilha, acolhimento, carinho e amor. 
  

Algo muito comentado ao longo da sua participação foi a representatividade indígena que você trouxe. Na sua visão, qual a importância disso? 
Janaron Uhãy - 
Eu, como representante do meu povo pataxó, acho que a maior importância é ver a história sendo contada por nós, indígenas. Para mim, é muito importante estar em rede nacional falando um pouco da nossa cultura, mostrar a pintura. O meu povo e outros povos sofreram, foram esquecidos. E ter a oportunidade de levar essa representatividade foi importante para ajudar a quebrar paradigmas. Foi uma descolonização, muito importante para a cultura e para mostrar a história sendo contada pelo indígena. 


Você tinha muitas habilidades que eram importantíssimas nas provas e se destacou em vários momentos. Quais você avalia como os seus pontos fortes e fracos no jogo?
Janaron Uhãy - Dentre os meus pontos fortes, vejo alguns que mais predominam: natação, força, agilidade e tranquilidade. Acho que a tranquilidade foi um ponto muito forte e que fez muita diferença no jogo. Nos pontos fracos, acho que talvez eu precisasse ter formado uma aliança. Não vejo como um ponto fraco, mas faltou uma desenvoltura no programa. 


Apesar de ir muito bem nas provas, você mencionou que deixou a desejar no jogo social, no acampamento. Ser mais observador era uma estratégia?
Janaron Uhãy - 
O meu jogo era eu comigo mesmo. Depois, quando tive noção de que eu precisaria fazer aliança, era tarde, não tive como reverter.


Qual era a sua estratégia no jogo?
Janaron Uhãy - 
A minha estratégia era simplesmente fazer acontecer e ficar na minha, tentar me manter bem, cuidar do meu emocional, não deixar os outros participantes me atingirem. Eu tentei me manter forte mentalmente e cumprir na hora das provas. Manter bem a minha mente para o meu físico poder fazer nas provas. Mas não foi suficiente porque faltou o jogo social. Acho que o meu erro foi esse. 
  

Você foi um dos participantes que trocou de tribo, saiu da tribo Lua e foi para a Sol. Que diferenças sentiu? 
Janaron Uhãy - 
Quando aconteceu a troca, foi um momento do jogo em que me senti acolhido, muito bem, fiquei em paz ali. E nesse sentido, com o enredo que estava acontecendo, eu já estava satisfeito de ter chegado até ali.


O que mudou no seu jogo a partir dessa troca?
Janaron Uhãy - 
Mudou a minha mente. Se eu saísse depois da troca, eu já estava em paz, tranquilo e satisfeito de chegar até o ponto que cheguei. 
 

Você tentou uma aliança com os meninos na tribo Estrela aos “45 minutos do segundo tempo”, mas não foi o suficiente para se salvar. Agora eliminado, você se arrepende de não ter feito alianças mais cedo no jogo?
Janaron Uhãy - 
Realmente, tentei fazer para que eu continuasse no jogo. Não me arrependo, se fosse diferente talvez eu não teria seguido os meus princípios. O social prejudicou, sim, poderia ter ficado mais se tivesse chegado nas panelinhas, mas o meu jogo não era esse, não seria eu, o Janaron, se eu fizesse de outra forma. 


Como foi a experiência para você, valeu a pena?
Janaron Uhãy - 
Como eu vejo a galera falando na Bahia, valeu a pena e a galinha toda. Valeu demais ter participado dessa experiência, viver isso tudo. Foi bom demais, uma maravilha. Se me chamarem de novo, eu iria. Mas seria eu mesmo, da mesma forma, não teria outra visão de jogo. Não sei o que acontece, quando tem um prêmio envolvido as pessoas mudam de personalidade. Mas eu seguiria sendo o Janaron mesmo. 

Para quem fica a sua torcida?
Janaron Uhãy - 
Na verdade, sendo sincero, vejo que eu não tenho uma torcida definida. Nesse momento, não estou torcendo para ninguém. 

"No Limite" tem exibição às terças e quintas, após "Pantanal", com apresentação de Fernando Fernandes, direção de gênero de variedades de Boninho, direção artística de LP Simonetti e direção geral de Angélica Campos. O reality é mais uma parceria da Globo com a Endemol Shine Brasil, com base no "Survivor", um formato original de sucesso. Ana Clara apresenta o "A Eliminação" aos domingos, após o "Fantástico".

.: Entrevista: Ninha Santhiago rebate as críticas: "Planta, jamais!"

Mesmo com fortes alianças, participante se viu ameaçada com a junção das tribos e foi eliminada do programa. Foto: Globo / Fábio Rocha

O jogo de Ninha Santhiago no programa "No Limite" pode ter dividido opiniões, mas uma coisa é certa: ela teve uma participação marcante e passou longe da possibilidade de ser esquecida. Deu o seu máximo nas provas e mostrou as suas habilidades e força. Ao perceber que a tribo Lua mirava seus votos nas mulheres da equipe, fortaleceu alianças e conseguiu formar maioria na tribo Sol.

Com a fusão, Ninha se viu ameaçada, tentou trazer mais pessoas para o seu grupo e lutou pela sua sobrevivência até o último segundo, mas acabou eliminada na noite da última quinta-feira, dia 23. Na entrevista a seguir, ela revela a própria estratégia na competição, comenta a aliança com as mulheres da tribo e explica o desentendimento com Pedro na reta final do reality show


Logo no início do jogo você teve a iniciativa de formar uma aliança forte com as mulheres da tribo. Por que adotou essa estratégia?
Ninha Santhiago -
Minha aliança com as meninas começou por afinidade, assim como todas as outras alianças que formei no jogo. Fico espantada com essa repercussão negativa em torno desse assunto. Os homens se unem, isso é natural, mas quando nós, mulheres, fazemos é visto de forma negativa. Triste, né? 


Ainda na tribo Sol, você e Pedro tiveram algumas rusgas e isso ficou ainda mais evidente depois que as tribos se uniram. Como você explica o que aconteceu?
Ninha Santhiago - 
Ele era líder; eu também. Ele se sentiu ameaçado e começou a criar mentiras ao meu respeito na tribo Sol para tentar trazer outras pessoas para a nova aliança, mas não conseguiu. Foi para a tribo Lua e continuou a mentir, até que chegou a hora da fusão e o momento de lavar a roupa suja. Ele teve medo e queimou a largada. 


O seu jogo dividiu opiniões, mas uma coisa é certa: foi uma participação marcante, longe de ser esquecida. Como você vê essa repercussão?
Ninha Santhiago - 
Planta, jamais! Sempre fui protagonista da minha vida e ali dentro não poderia ser diferente. Estudei o jogo antes de entrar e fui ali na intenção de ganhar o prêmio. Em relação a repercussão, é um pouco triste ver que quando uma mulher toma uma postura de ter voz ativa, é tratada como vilã, manipuladora... uma coisa ruim. Mas os homens fazem isso a todo momento e é normal. A mulher tem que ser passiva, meiga e submissa, se não, é vista desse jeito. 

 
Você se arrepende de alguma coisa?
Ninha Santhiago - 
A única coisa que, pensando aqui de fora, se eu tivesse feito seria melhor para meu jogo, é o momento em que falo para Lucas, antes da prova, que ele era nossa opção de voto. A honestidade as vezes atrapalha (risos).


Valeu a pena?
Ninha Santhiago - 
Valeu muito a pena! Não me arrependo em nenhum momento de ter me inscrito no programa. Foi incrível! 


Você se destacou em várias provas e mostrou suas habilidades. Quais você considera os seus pontos fortes e fracos?
Ninha Santhiago - 
Meus pontos fortes com certeza são agilidade e equilíbrio. E ponto fraco, sem dúvidas, é a lógica (risos). 


Você foi eliminada no dia do seu aniversário. Como foi passar por esse momento dentro do reality?
Ninha Santhiago - 
Com certeza, é um momento histórico para minha vida. Nunca vou esquecer tudo que vivi ali e o fato de sair no meu aniversário fez isso ficar ainda mais marcado. 


Que aprendizados você leva dessa experiência?
Ninha Santhiago - 
Aprendi muito a controlar minhas emoções. Sempre fui muito impulsiva e isso já me atrapalhou bastante. 


O que foi mais desafiador: as provas ou o acampamento?
Ninha Santhiago - 
O racionamento de comida (risos)! Acampo desde que me entendo por gente, mas sempre tenho o mínimo conforto. Dormir na chuva foi sinistro! 


Aqui fora, se surpreendeu com o jogo de alguém?
Ninha Santhiago - 
Não. Eu me surpreendi com algumas falas, mas não com o jogo. Matheus, por exemplo, só me enganou na questão do nome, porque para mim estava bem claro quem era ele no jogo, e por isso nunca confiei nele. 


Para quem fica a sua torcida?
Ninha Santhiago - 
Para a Déa, minha preta. 


"No Limite"
 tem exibição às terças e quintas, após "Pantanal", com apresentação de Fernando Fernandes, direção de gênero de variedades de Boninho, direção artística de LP Simonetti e direção geral de Angélica Campos. O reality é mais uma parceria da Globo com a Endemol Shine Brasil, com base no "Survivor", um formato original de sucesso. Ana Clara apresenta o "A Eliminação" aos domingos, após o "Fantástico".

.: "Wastwater", montagem inédita no Brasil, traz texto de Simon Stephens

Espetáculo sobre o desespero humano diante de situações limite traz três casais que se encontram diante de uma escolha definitiva sobre seus futuros. Foto: Fernando Vilela

"Wastwater", espetáculo do autor inglês Simon Stephens, ganhou os palcos em 2011, em Londres, e obteve boa crítica. Agora, a peça estreia no Brasil, com direção de Fernando Vilela, em temporada no Teatro Pequeno Ato, na Vila Buarque, em São Paulo.

O elenco é formado por Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho, que já trabalharam com o diretor em outros espetáculos, como "Tragédia: Uma Tragédia", apresentado em 2021.

A peça trata do desespero humano diante de situações limites e de como agimos nas sombras, longe dos holofotes e dos limites da sociedade. Situado ao redor do Aeroporto de Heathrow, Londres, "Wastwater" é um tríptico do instante onde três casais estão fazendo uma escolha definitiva sobre seus futuros.

Frieda e Harry, mãe e filho que têm uma relação possessiva, se encontram pela última vez antes de uma viagem sem volta. Lisa e Mark, casal de amantes, entram num jogo de sedução e limites, mas deixam transbordar dores e traumas antigos. E Sian e Jonathan, longe dos olhos de todos, estabelecem um acordo terrível e sem saída sobre um tema delicado. Assim como um tríptico, as três cenas estão interligadas.

Com essas três duplas, o autor joga luz sobre ações e desejos escondidos e provoca uma discussão sobre o que define nossos valores visíveis e ocultos e sobre como estamos cada vez mais naturalizados diante da violência cotidiana e diária. "Wastwater" é o nome do lago mais profundo da Inglaterra. E ele dá nome à peça justamente por essa dualidade entre superfície e profundeza que o autor propõe. Quem somos e nossos papéis diante dos outros são só a capa superficial que nos envolve. A crítica elogiou a montagem inglesa de 2011 por provocar uma sensação de incômodo e tratar, de maneira atraente, crises existenciais.

O texto chamou a atenção do diretor Fernando Vilela pela potência do jogo proposto em cena, mas ganhou novo sentido a partir da pandemia de covid-19, que aumentou as sensações de solidão e medo. Por isso, ele provoca o público a se questionar como nos comportamos diante de todas essas mudanças de nossa realidade. E o texto de Stephens, mesmo escrito há mais de 10 anos, escancara justamente este incômodo encontro com uma violência silenciosa que se apresenta de diversas formas.

“Como estamos vivendo com a retina sendo bombardeada a todo instante de acontecimentos trágicos? Como estamos vivendo tendo muita morte no ar? Qual a medida que estabelecemos como normal? Em meio a uma escalada brutal do número de mortes e infectados num país que não apresentou planos de controle da doença; em meio às cabeças pretas sendo pisoteadas no asfalto; em meio a protestos, em meio a tudo isso, o texto de Simon Stephens se abre para novas chaves de ressonância”, diz Vilela.

O maior desafio de Vilela na direção e montagem da peça foi adicionar essa carga de atualidade e conexão sem mudar o texto de Simons. Ele optou também por manter o nome original pelo significado que ele traz.

“O mundo mudou muito desde que conheci esse texto. Com a chegada da pandemia, as necessidades, as urgências passaram a ser outras, em escalas maiores. Mas hoje, em 2022, passado o auge da pandemia e com a retomada dos trabalhos, o desafio maior é estar em relação com esse novo mundo, com essa nova configuração - ainda que estranha - de realidade. O texto do Simon Stephens é absurdamente vertiginoso, pois ele dá contorno às perguntas ainda sem respostas. E o que importa não são as respostas e as decifrações, mas os movimentos. As tentativas de movimento. O trânsito entre a superfície e a profundeza. E o reconhecimento de si nesse lugar”, explica o diretor.

O trabalho com os atores se deu em duas partes, uma on-line e a outra presencial. O grupo leu o texto pela primeira vez em março de 2020, “uma sexta-feira, antes do mundo fechar”, conta Vivela. “Passamos dois anos, já que tínhamos tempo, discutindo, lendo muitas e muitas vezes, investigando cada passo, analisando cada frase, cada palavra. E isso ajudou muito quando fomos para o presencial. Estávamos todos muito carregados do texto, querendo testar logo as possibilidades. E a construção, o trajeto do jogo, se deu de forma mais natural, muito por conta desse período extenso de análise”, conta o diretor.

“Eu sempre espero que o nosso trabalho seja uma oportunidade de olharmos para os nossos nós, os nossos vazios, nossas questões, nossos conflitos. Talvez a gente carregue alguma resposta durante esse processo, mas com certeza a gente carrega uma tentativa de início de alguma resposta. E eu espero que a peça consiga, na sua potência máxima, ser um disparador de movimento. Não há lugares estanques. Que a gente consiga ter consciência dos cantos escuros e das tomadas de decisão”, diz Vilela.


Sobre o autor
Simon Stephens é um dos expoentes mais sólidos do cenário atual da dramaturgia inglesa. Com 51 anos, tem mais de 30 peças escritas, entre adaptações de textos clássicos e contemporâneos, como "A Casa de Bonecas", de Ibsen, e "A Gaivota, de Tchekhov", e peças que pensam o mundo atual e suas grandes questões: violência, paternidade, solidão, racismo. Seu trabalho é muito difundido na Europa e nos Estados Unidos. Venceu o prêmio Tony em 2015 com a peça "The Curious Incident of the Dog in the Night-Time".


Sobre o diretor
Fernando Vilela é diretor, designer e artista visual. Formado em atuação pelo Teatro Escola Célia Helena, em Design de Moda pelo Istituto Europeo di Design e em cinema na FAAP, Vilela ministrou aulas de Method Acting/Lee Strasberg com Estrela Straus. Dirigiu as montagens "Dolores", de Edward Allan Baker (2019); "Tape", de Stephen Belber (2019); "O Filho do Moony Não Chora", de Tennessee Williams (2018); "Os Sobreviventes", de Caio Fernando Abreu (2016); e a montagem on-line de "Tragédia: Uma Tragédia", de Will Eno (2021).


Ficha técnica:
Espetáculo: 
"Wastwater". Texto: Simon Stephens. Direção: Fernando Vilela. Elenco: Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho. Cenografia e direção de arte: Fernando Vilela. Iluminação: Gabryel Matos. Direção de produção: Daniele Aoki. Produção executiva: Renata Reis. Realização: FRESTA e Árvore Azul.


Serviço:
Espetáculo: 
"Wastwater"
Temporada:
de 11 de junho a 26 de junho de 2022, sábados às 20h e domingos às 19h.
De 30 de junho a 8 de julho, quintas e sextas às 21h.
Duração: 110 minutos.
Classificação etária: 16 anos.
Teatro Pequeno Ato - Rua Doutor Teodoro Baima, 78 - Vila Buarque - São Paulo
Telefone: (11) 99642-8350.
Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Aceita cartões.
Capacidade: 40 lugares.
Venda: Sympla (ainda sem link) e bilheteria.

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