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quarta-feira, 5 de junho de 2019

.: "Cultura, O Musical": a gravação da final do reality show brasileiro


Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em junho de 2019



Teatro é a arte do respiro e quando há música tudo fica ainda mais envolvente. Eis que a TV Cultura deu destaque ao fascinante mundo dos musicais no reality show brasileiro, "Cultura, O Musical", que chega ao fim no domingo, dia 9 de maio, às 11 horas, com a revelação do vencedor do programa.

A grande final, gravada na suntuosa Sala São Paulo, na tarde do dia 1º de junho, recebeu público suficiente para lotar o espaço, sendo que a partir das 14 horas, foi tomado por uma
 grande e alvoroçada fila. Afinal, a curiosidade dos ali presentes era a de opinar e acertar o nome do ganhador do reality show. 

Com apresentação de Jarbas Homem de Melo, importante nome do teatro musical -que assisti pela primeira vez em 2003, em "Grease", quando interpretou o anjo da guarda de Frenchy-, teve a parceira de palco, nesse programa decisivo, os jurados Fabi Bang, Jorge Takla, Fernanda Chamas, Leonardo Neiva e Cláudia Raia.


Intervalo de "Cultura, O Musical". Foto: Mary Ellen Miranda Fotografia


Tal qual um espetáculo musical, aos presentes, a gravação transmitiu a mesma sensação de uma montagem cantada e dançada. No entanto, o diferencial maior foi a interação constante com o público, fosse por parte do apresentador, do diretor -por meio das caixas de som- e até dos jurados. Quem não se empolgou com Fabi Bang e a ideia de ouvi-la cantar um trecho de uma música de "A Pequena Sereia"?

Sem poder trazer o grande segredo da final de "Cultura, O Musical", deixo aqui a dica de que a revelação do vencedor é mais emocionante e inesperada possível. Tal qual um verdadeiro musical, o final surpreende. Outro ponto alto, é que além das apresentações dos concorrentes, há um belíssimo número com todos os participantes eliminados que inclui Jarbas Homem de Melo. 

Anote na agenda, coloque o alarme para tocar, pois o programa será exibido no dia 9 de junho, às 11 horas de domingo e reprisado no sábado seguinte, dia 15 de junho, às 17h45. Não perca!!



*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm


domingo, 12 de maio de 2019

.: Entrevista exclusiva com Olavo de Carvalho, por Sérgio Sayeg


Crônica ficcional de Sérgio Sayeg, em maio de 2019.


-  Obrigado, mestre,  por dar essa canja.

-  Tá, depois você me manda uns alunos e fica tudo bem. Nunca deixo de prestigiar profissionais não alinhados aos vermelhos.

- Como foi o processo de apoio ao presidente eleito?

- O Bozo? Sempre desconfiei que a vocação dele era mais para estatista do que para estadista. Quase foi cooptado pelos militares esquerdistas. Se me permite o infame trocadilho, estava ‘PRESTES’. Eu só o apoiei por causa dos meninos. Eles me convenceram de que, durante a campanha, converteriam aquele capitão bronco pra agenda liberal. Estavam certos. Bastou falar que, pra liquidar a esquerda e o MST, era mais eficiente abrir a economia do que armar os fazendeiros, ele topou na hora. Passou até a apoiar a reforma da Previdência. Esses meninos são meu maior orgulho.

- O senhor se refere aos filhos do presidente?

- Claro! O Carlinhos e o Dudu são meus fieis seguidores. Graças a discípulos como eles, minhas aulas estão sempre repletas de otár..., digo, alunos. Eles me ajudaram também a arrecadar fundos para pagar uma multa milionária por sonegação de impostos. Nem mesmo sob Trump, a Receita americana larga do meu pé. Uma ingerência inaceitável do Estado na vida do cidadão.

- E como o senhor avalia os primeiros meses do presidente?

- Meio decepcionado. Ele trocou militantes por militares. A coloração do governo tá mais pra oliva do que pra Olavo. Precisa ‘endireitar’.

- O senhor não acha que esses embates com os militares podem prejudicar o governo?

- E daí? Não posso abrir mão da minha imagem de polemista desbocado. Bastou chamar o general Santos Cruz de “bosta engomada”, meu livro subiu 3 posições na lista de mais vendidos.

- Mas isso, não pode desgastar Bolsonaro?

- O Mike Pompeo já me orientou a não perder tempo com a América Latrina. Tudo que fica ao sul do Texas é shit. Não temos tempo a perder com essas republiquetas. Só precisamos de muitos quilômetros de muros e arame farpado pra manter essa sub-raça de viralatas de bombachas fora do território americano. Termos ao Sul um vassalo servil quando precisarmos de apoio estratégico, já é alguma coisa.

- O senhor mantém contato direto com o governo Trump?

- Eles me dão um subsídio mensal pra manter a pregação entre os incivilizados do Terceiro Mundo com esse blábláblá de ‘hegemonia da civilização ocidental’, ‘multiculturalismo’, ‘ameaça comunista’ e outras baboseiras. Nosso foco é outro. A única figura imprescindível é o Netanyahu, além das novas lideranças da direita europeia. Aquele cara da Hungria é bom, mas meio fracote com os imigrantes. O da Bulgária também, mas é um cagão: pra fazer média com a comunidade católica recebeu aquele comuna-mor de batina.

- O senhor refere-se ao papa? Mas o senhor não é fiel a Cristo?

- Cristo? Aquele comunistazinho judeu que conspirava com os bárbaros contra o portentoso Império Romano? Um merdinha revolucionário. Meu negócio é direto com o pai. Quero lá saber do filho bastardo. Está na hora de fazer uma revisão do evangelho e valorizar os ensinamentos do Antigo Testamento, pilar da civilização judaico-cristã.

- Como o senhor avalia a influência que exerce sobre o atual governo?

- Bom, o pai zonzão come nas mãos dos filhos que comem na minha mão. Isso basta. Esse negócio de ministério é secundário. O chanceler Ernesto Araújo é nossa grande aposta, um fiel escudeiro do trumpismo num posto chave. Só que não deixam o homem trabalhar. O filho da p(*) do Mourão conseguiu congelar a mudança da embaixada brasileira pra Jerusalém. E a representante da turma do boi, a vaca da ministra da Agricultura ainda preparou um jantar pra bajular os patetas muçulmanos e convencê-los a não barrar a importação de carne. Precisou de um banquete com bastante kibe cru e kafka preparados com a autêntica carne halal pra eles amansarem o discurso.

- O senhor quer dizer kafta...

- É isso! Precisamos apoiar a cruzada de Netanyahu contra os infiéis de turbante. Israel é o baluarte do Ocidente glorioso naquele c(*) de mundo, resolve pra nós o problema dos palestinos da única maneira possível: exterminando todos. Pra cada israelense morto, ele mata 100 filhos da p(*) na faixa de Gaza.

- Voltando ao Brasil, qual sua opinião sobre Lula?

- Longa vida na prisão para o bêbado barbudo. Sem ele, não seríamos nada. O dia que ele morrer, morre junto o PT. E aí, quem vamos martirizar? E ainda ele nos fez o favor de deixar no comando aquela idiota da Gleisi, elogiando o Maduro e o STF. Não podíamos ter inimigo melhor pra bater.

- Pra finalizar, mestre, é verdade que o senhor não acredita em aquecimento global?

- Claro que não. Assim como evolucionismo, teoria da relatividade, heliocentrismo, vacinas e outras asneiras produzidas pelo marxismo cultural. Estou preparando estudos desmascarando a farsa televisiva do homem na Lua e provando pra esses cientistas ateus que o ‘buraco negro’ fotografado há pouco é, na verdade, o c(*) de Deus.

- Algum novo livro em vista?

- Tenho alguns ensaios quase prontos: “Estratégia Gramsciana de Doutrinação Infantil nos Ensinamentos de Dona Benta”, “Benefícios do Tabaco no Combate a Tumores Malignos”, “A Ameaça Globalista dos Médicos Sem Fronteiras” e “Islamização do Ensino: Influência Nefasta dos Algarismos Arábicos na Destruição dos Valores Cristãos da Matemática”

- Obrigado pela entrevista, mestre.

- Leve uns panfletinhos do meu curso de filosofia. Aceito artistas. Órfãos da Lei Rouanet têm desconto. O Lobão e o Roger já são meus discípulos. A Regina Duarte e a Nana Caymmi acabaram de se inscrever. Faço também mapas astrais a preços módicos.

.: Crônica daquela fita K7 que surgiu dentro do meu carro

Em maio de 2019
Por: Mary Ellen Farias dos Santos


Então minha mãe fez faxina em casa e encontrou essa relíquia. Tamanha preciosidade foi deixada de modo sorrateiro dentro no meu carro. Quando vi, liguei querendo saber o motivo e ouvi: Ah! Achei que tu iria gostar?

Eu logo respondi: Só tive um toca-fitas no som que ganhei aos 15 anos, mãe!!

Sabendo que vou fazer 36 anos... Não tenho o aparelho há anos.

Ela: Está lacrada!!

Pois é... mães!!


* Texto escrito e publicado 8 de maio de 2018, no Instagram: @maryellen.fsm


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm




terça-feira, 30 de abril de 2019

.: Crônica: "Por Amor" na telinha e muitas boas lembranças

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em abril de 2019




Um clássico entre as novelas produzidas pela Rede Globo. De fato, "Por Amor", que durou pouco mais de sete meses, entre 1997 e 1998, está de volta na telinha do plim-plim no "Vale a Pena Ver de Novo". Não há o que discutir, até quem torce a cara precisa aceitar de que a produção é uma obra-prima, seja pela boa e mirabolante narrativa que arrancou -e arrancará mais- lágrimas do público, em 2019 ou por ter um elenco marcante, o que não se tem nas produções modernas. 



Gabriela Duarte com Silvio Guindane em "Perfume de Mulher"

Rever a história criada por Manuel Carlos é definitivamente incrível. Personagens que ganharam a torcida do público, assim como o ódio -com direito a site para matar a personagem-, que foi o caso da enjoadinha Maria Eduarda, antes da mudança do perfil da mocinha na história. Para mim, ter algo de primeira classe na televisão, com um enredo de arrepiar é a grande chance de revisitar meus 15 anos. Tão bobinha. Aaaah! Como era apaixonada pelo Fábio Assunção e Eduardo Moscovis. Os dois numa só novela? Sensacional!! Não perdia um capítulo e, claro, que nessa reprise, também não perderei.


Regina Duarte foi a rainha Eleanor de "O Leão no Inverno"

Nessa passagem de tempo, tive a oportunidade de ver os protagonistas e muitos outros desses personagens no teatro. Ano passado, Regina Duarte (Helena) foi a rainha Eleanor de "O Leão no Inverno", no Teatro Porto Seguro, enquanto que ainda há pouco mais de um mês, tive o prazer de ver Gabriela Duarte (Maria Eduarda) nos palcos com a mocinha do belíssimo "Perfume de Mulher", em cartaz no Teatro Renaissance.


Fábio Assunção foi Chuck em "Dogville"

O par romântico da mocinha mimada, Fábio Assunção (Marcelo), o meu amor da televisão que me acompanhou nas capas de cadernos escolares, nesse mesmo ano de 2019, tive a honra de vê-lo em "Dogville", no Teatro Porto Seguro. Até tirei fotos e pedi autógrafo -com direito a muita tremedeira e coração pulsando loucamente. Que sonho realizado!


Viviane Pasmanter foi Hanna em "Amor Profano"

No entanto, a que atrapalha o casalzinho, Laura, interpretada por Viviane Pasmanter, a vi atuando no teatro em janeiro, desse ano também, na reflexiva e emotiva montagem de "Amor Profano", no Teatro Renaissance. Bem mais lá no passado, conferi também a interpretação ao vivo de ninguém mais, ninguém menos do que o talentoso Antônio Fagundes (Atílio), em 2015, quando esteve aqui pertinho, no Teatro Coliseu, em Santos, com o filho no espetáculo "Tribos".

E ainda nesse círculo da família poderosa de "Por Amor", os Barros Mota, está o irmão de Marcelo, rejeitado por Branca (Susana Vieira), o Léo (Murilo Benício). Assisti o defensor do tímido e atrapalhado Leonardo, como um advogado recém-separado em "Dois na Gangorra", no ano de 2004, no Teatro do Sesc Santos.


Carolina Ferraz e Otávio Martins em "Que Tal Nós Dois?"

O outro casal sensação de "Por Amor"Milena (Carolina Ferraz) e Nando (Eduardo Moscovis) também já tive a chance de vê-los nos palcos. Ele, foi lá no ano de 2000, grande veio a São Vicente, interpretar o protagonista português Martin Afonso, na Encenação da Fundação da Vila de São Vicente. Ver Carolina Ferraz foi ainda melhor, pois a assisti em "Que Tal Nós Dois", no Teatro Folha, com direito a bate-papo após a apresentação.

Outro grande nome que tive o prazer de assistir no palco do Teatro Folha, foi Umberto Magnani, que interpreta o Antenor de "Por Amor". Em 2014, ele, ao lado de Suely Franco, deram vida aos protagonistas da comédia romântica "Elza & Fred". Por fim, dos atores desse elenco estelar, também está a atriz Ingrid Guimarães, que interpretou Teresa. Assim, digo com todas as letras que tive o presente de vê-la em duas apresentações distintas do super espetáculo, "Annie - O Musical", no Teatro Santander.


Umberto Magnani e Suely Franco em "Elza & Fred"

Enfim, rever "Por Amor", aos 36 anos é uma chance de fazer um balanço. Afinal, naquela época eu nem mesmo imaginava que seguiria para a graduação em Jornalismo ou que um dia, lá em 2003, criaria um espaço virtual para tratar o que me faz bem: o teatro e seus similares!


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm


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sexta-feira, 12 de abril de 2019

.: Crônica: Tem dias que, sem condições, só por Deus

Em abril de 2019


Quem não conhece o desabafo "tem dias que o melhor, é nem sair de casa", que aguarde e confie. Um dia, você mesmo é quem vai dizer em alto e bom som tal frase. Contudo, nem todos os problemas estão na rua, mas eles chegam até você do mesmo modo.

Hoje, logo cedo meu marido foi importunado diversas vezes no WhatsApp -enquanto trabalhava. Motivo? Fiz uma compra no Mercado Livre e a vendedora exige a qualificação dela. Não satisfeita em mandar diversas mensagens, no próprio site, teve o atrevimento de cobrar pelo aplicativo de mensagens. Invasiva é pouco para classificá-la. Ainda não sei o motivo de ter colocado o número do celular dele para contato, mas tivemos aborrecimento dobrado. 

Nem mesmo peguei o pacote. Minhas compras vão para a casa da minha mãe. Prédio com portaria. Somente no sábado é que terei a chance de conferir o produto enviado. A dúvida que fica é, por que, hoje em dia, as pessoas apenas se comunicam de modo agressivo, mesmo precisando do outro? Educação não existe!

No entanto, a surpresa da rua estava por vir, ao levar o carro para a oficina, num cruzamento, o carro da direita, diante de uma valeta, parou e dei a partida. Eis que um rapaz, de bicicleta veio da esquerda para cima do carro. Na hora, entrei em desespero, só tremia e falei para que ele encostasse. Queria saber se estava bem. Não olhei o carro, que depois me dei conta, ficou todo ralado no parachoque. Arrancou até pedaço da pintura.

Assim concluo que pensamento negativo é contagioso e atrai coisas ruins, sim. Se querem tanto o seu mal, de um jeito ou de outro, algo não legal pode acontecer. Aos perturbados e perturbadores... muita luz! 


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

quinta-feira, 11 de abril de 2019

.: Um passeio monitorado no Cafezal Urbano do Instituto Biológico

É domingo de manhã e a Avenida 23 de Maio pulsa movimento naquele que é considerado o dia do descanso. Logo ao lado, guindastes de obras também não tiram folga e levantam estruturas que fazem de São Paulo a cidade que nunca dorme. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) vê seus corredores ficarem cheios de gente faminta de cores e formas. O Parque do Ibirapuera recebe aqueles ansiosos por lazer e relax em seu gramado. Em meio a tudo isso, o Cafezal Urbano do Instituto Biológico (IB), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulista, recebe um pouco de cada uma dessas influências em uma visita monitorada que une história, lazer, economia, cultura e agricultura.

Enquanto a cidade é construída, o trânsito escorre pelas ruas e a descontração toma conta do gramado do maior parque da América Latina, um grupo de 30 pessoas de todas as idades se prepara para conhecer um dos principais motores que ditaram esse ritmo frenético de hoje: o café. Conhecer em seu mais amplo sentido, com direito a comer o grão, sentir o cheiro das cerejas que colorem de vermelho os galhos e descobrir como a força da cafeicultura paulista foi construída. A produção dos cafés do Brasil equivale a 36% do total mundial.

A pesquisadora Harumi Hojo guia o grupo ricamente heterogêneo, com estudantes de Comércio Exterior, representantes da indústria, baristas e famílias curiosas por um programa dominical diferente, informativo e divertido. Antes de levar todos para a imensidão verde do cafezal, nesta época salpicada de tons de vermelho das cerejas do grão, familiariza os presentes com uma das mais completas cadeias produtivas do agro.

Nossa guia explica que o café dá no pé uma vez ao ano, que a coloração e o sabor são resultados dos diferentes tipos de torra e que uma maior qualidade da bebida está ligada ao pouco processamento. É a partir de fevereiro que o grão começa a amadurecer – seguindo a sabedoria da natureza que ameniza a temperatura para a chegada do Outono. Mas em um ritmo que precisa ser respeitado para ter bom sabor. "Se o grão amadurece muito depressa interfere na qualidade. O amadurecimento é que faz a mudança dos açúcares", esclarece.

Essa verdadeira aula, à sombra de um abacateiro, à frente de grandes e frondosas filas de dois mil pés de café tipo arábica das variedades Catuaí e Mundo Novo, continua ao ensinar mais uma vez a perfeição da natureza – o pé de café produz apenas onde os raios solares alcançam. Vem daí a necessidade de um manejo constante que libere ao sol aqueles raios que ainda não produziram seus frutos. É preciso luz para que o verde seja lindamente manchado por frutas de rica paleta de vermelhos.

Enquanto o filho ainda pequeno se diverte juntando a grama recém-cortada, Yukari Toyoshima presta atenção às orientações e descobre que são necessários dois quilos de grãos para se fabricar 250 gramas de café em pó. Que os grãos não podem ser colhidos de qualquer maneira porque possuem amadurecimentos diferentes e que alguns cafés são mais caros do que outros justamente por esse cuidado.

Contente por ter uma manhã de domingo educativa e divertida ao mesmo tempo ao lado do marido, dos sogros e do pequenino, ela elogia a iniciativa do IB. "É um lugar muito rico para se conhecer. Vou indicar para a escola do meu filho para trazer os alunos aqui para aprenderem tudo isso". Não é o primeiro contato dela com o Instituto, já que o feijão que a família consome é de uma marca que faz questão de estampar em sua embalagem que seu produto foi analisado pelo Laboratório de Resíduos de Pesticidas.

Mas foi sim a primeira vez que seus olhos vislumbraram a beleza de um cafezal, ainda maior nos meses de setembro e outubro – quando a florada do café pinta de branco a área, deixa o ar com um perfume indescritível (que já despertou o interesse de uma grande fabricante de cosméticos) e oferece um show visual para quem visita o local ou tem a sorte de vê-lo em sua totalidade do alto do prédio do MAC.

Mas não é preto?
Olhos e ouvidos continuam atentos para aprender que o café não é semeado. Seu plantio é feito com mudas: une-se duas ou três delas, sadias e de variedade apropriada de acordo com o local, para se formar um pé de café – que pode crescer como qualquer outra árvore se não for realizada a poda de acordo com o que se espera da planta.

Enquanto pisam na terra cheia de matéria orgânica que aduba a plantação – que não utiliza nada químico -, o grupo experimenta o grão in natura para que alguns descubram algo que parece surpreendente para os leigos: o grão recém-colhido não tem o gosto do café que conhecemos – este sabor é conferido pela torra. Café não é preto, é verde. Café não nasce no pacote que compramos na prateleira do supermercado.

É justamente por nascer no solo, à disposição dos humores de um céu aberto e suas intempéries, que o pé de café pode, assim como os animais e outras plantas, ficar doente. Um dos principais focos do Instituto Biológico é justamente a sanidade animal e vegetal, e no Cafezal Urbano esse conhecimento é aplicado no combate à broca, um besouro bem pequeno que, sem ser convidado, entra na cereja, devora o grão e causa muito prejuízo.

Combate-se ainda o bicho mineiro e a ferrugem – ambos responsáveis por danificar as folhas e motivar uma explicação que pode parecer simples, mas é extremamente valiosa para quem vive de vender os grãos: com menos folhas, a fotossíntese também é menor. Com menos fotossíntese, há menos produtividade. Ou seja, menos folhas = menos grãos = menos vendas = tristeza do cafeicultor.

Melhor do mundo
Mas para deixar o clima alegre de novo, nada como um bom elogio. Daqueles de despertar sorrisos: "é o melhor do mundo!". É como o barista Daniel Carvalho classifica o café brasileiro. Cheio de orgulho e conhecimento, dá uma verdadeira aula sobre exportação, beneficiamento e cafés especiais. Conta um pouco da história do famoso grão colombiano, que tomou o espaço das plantações de coca. Explica a formação de preços no mercado internacional e enriquece o passeio/aula/vivência/diversão/tudo isso junto.

Uma experiência como esta pode ser vivida por todo mundo que tem curiosidade sobre um dos principais produtos agrícolas brasileiros. Para se ter a consciência de que a história do café se confunde com a do Estado de São Paulo, toda a população pode agendar uma visita como esta. Pode ainda mais: colher os grãos direto dos pés.

Não, não é algo muito distante de você. Na manhã do próximo 24 de maio, o IB abre suas portas para quem quiser participar do "Sabor da Colheita", evento realizado no Dia do Café para marcar oficialmente mais um início deste trabalho de colher, secar, beneficiar, ensacar e levar o nome do Brasil para grande parte do mundo – com um sabor delicioso, arrancando elogios e dando água na boca.

Quer um gole?

sexta-feira, 5 de abril de 2019

.: Tem dias e dias, além de não dias, por Mary Ellen Farias dos Santos

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em abril de 2019



Tem dia em que nada acontece. Tem dia que já começa cedinho e pegando fogo. Seja a bateria do carro que deu fim ou um quase atropelamento no VLT.

Tem dia que você olha para as paredes, o teto. Nada! Tem dia que de manhã já vem desentendimento e cutucada.

Tem dia de pura pasmaceira. Tem dia que a surpresa é tão surpreendente que nos tira o chão ou quase isso.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

quinta-feira, 4 de abril de 2019

.: Crônica: De amores súbitos ao distante grande amor

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em abril de 2019



Não gosto de amores súbitos. São suspeitos. Vazios. Sem história. Na frenética busca da compensação do tempo que não houve, um passado recente é criado de modo forçado. Massante.

Quando um dos lados percebe que tudo aquilo de nada vai valer. A fatídica constatação de que aquele amor não chegará a lugar algum, tal qual sua existência, zerada, jamais poderá ser um grande e verdadeiro amor.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

terça-feira, 2 de abril de 2019

.: Crônica da minha primeira passagem na Japan House, em São Paulo

Foto: Divulgação

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em abril de 2019



Há tempos que a minha primeira visita a Japan House está nos planos de quando fosse passear em São Paulo e estivesse na Avenida Paulista. Eis que o momento tão esperando, chegou, ainda na correria -íamos assistir duas peças, sendo que a primeira começaria às 14h30.

Assim, eu e maridão, adentramos o espaço, que oferece entrada gratuita e nos encantamos com a atual exposição "Architecture for Dogs". Muitas obras divertidas, bonitas e, o principal, úteis. Já no primeiro andar, as peças estão disponíveis com uma bela iluminação e de modo extremamente harmônico, mas é no último andar que a outra parte da exposição está.

No entanto, ao descer a escada, para seguir nosso trajeto, um hall com a porta de vidro aberta e permitia que visse mais detalhes da fachada do prédio, com uma plantação de bambus. Claro que tirei fotos minhas com maridão e da @donatellafisherburg

Tal qual um furacão, uma senhora passou por mim em busca de algo exótico, provavelmente. Uma outra, do lado de fora, perguntou esticando a cabeça e passando os olhos por tudo: O que tem aí? Ao retornar e tomar sentido para a saída, respondeu: Só bambus!

Confesso que foi automático. Lembrei da boa e velha piada feita ao apresentador Silvio Santos. O que fazer com aqueles bambus, não é mesmo? O negócio é rir para não chorar!!


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm


quarta-feira, 13 de março de 2019

.: Crônica: Sustos e avisos de 2019, por Mary Ellen Farias dos Santos

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2019



Não posso reclamar. 2019 está sendo um bom ano.

Reencontrei um pendrive mínimo, que de tão pequerrucho ficou perdido, mas não esquecido no bolso de um shorts. A vestimenta foi lavada e guardada, enquanto que o próprio, no bolso permaneceu até que eu optasse por usar o shorts verdinho com um lenço de cinto. Até meu pendrive pink, perdido numa escola, apareceu e fui avisada por WhatsApp para buscá-lo. Quantas coisas revirei em busca deles.

Além da viagem nas férias para Curitiba e esticadinha até Penha, para eu me esbaldar no Beto Carrero World, também tive diversões maravilhosas surgindo, principalmente em São Paulo. E como eu amo teatro. Melhor diversão que essa, não há! É totalmente sensacional subir a serra com uma listinha de afazeres culturais.

E como nem tudo na vida chega com flores perfumadas, nesse ano também tomei alguns sustos. No domingo de Carnaval, quando eu e maridão subimos a serra para assistir "Dogville", na volta, uma empresa terceirizada pela Cometa foi quem fez o trajeto até São Vicente. Pois é! Saímos do espetáculo e queríamos vir direto para São Vicente, ônibus em que descemos praticamente na esquina de casa. Novato e sem informação, o motorista nos deixou perto do Fórum. De lá até o 2º Batalhão de Infantaria Leve é chão, viu!

Eis que a sorte de perambular de madrugada pelo Centro de São Vicente, não se repetiu na quarta-feira de cinzas. Dia em que é a feira aqui no Jardim Guassú. Subindo a nossa rua, bem na esquina, antes da Avenida Antônio Emmerick, um marginal de bicicleta veio nos abordar. 

De onde veio? Divisa, mas tal qual um fantasma, apareceu. Provavelmente o alvo era eu, uma vez que maridão vinha atrás de mim, não andando, mas se arrastando.

A verdade é que ele falou algo, que no dialeto único, nada entendi. Contudo, maridão, mergulhado no próprio universo mágico, deu trela. Acreditou que ele pedia informação. Santa inocência! Notando do que se tratava, embora tudo tenha acontecido em pouquíssimos minutos, apertei o passo para chegar logo na Avenida. Não voltaria para casa! E pertinho, duas mulheres conversavam na porta de casa e nem faziam ideia do que poderia acontecer, quase ao lado delas.

Desistiu! Embora tenha simulado a todo momento estar armado.

Queria a minha aliança? A bolsinha rosa? Ali, não carregava documentos, carteira ou celular. Só levava o porta-níquel com exatos R$ 16,00 e as chaves de casa. É... eu só precisava de bananas e algumas verduras. No entanto, voltamos para casa com o coração acelerado e sem parar de tagarelar confabulando o que, de fato, o vagabundo queria.

O que ele tanto disse para o maridão, fazendo cara de quem comeu e não gostou?

- Tu é polícia? Mostra a tua carteira! 



*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: 
@maryellenfsm


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

.: Como perder tempo e se desgastar no Carrefour São Vicente

Por Mary Ellen Farias dos Santos*
Em fevereiro de 2019  


"Deve haver para tudo isso alguma explicação", está no refrão da canção "As coisas", interpretada por Érika Machado. Contudo, há estabelecimentos que levam isso extremamente a sério. E foi a vez de eu cair numa dessas e levar meu marido para tal experiência. Lá para o fim do mês de janeiro, no Carrefour São Vicente, encontrei camisetas de heróis em promoção. Ué! Sou pequena e caibo perfeitamente nelas, algumas até ficam largas. 

Na quarta-feira, 6 de fevereiro estávamos por lá e lembramos: Será que a promoção continua? Vamos pegar outras. Eis que desta vez a promoção estava em placas amarelas anunciando: "CAMISETA MC MSCL MARVEL", de R$ 25,99 por R$15,97, economize R$ 10,02.

Assim, eu e meu marido procuramos os modelos que me agradavam no tamanho e que cairiam como uma luva em mim e marcando os tais R$ 25,99. Afinal, ali nos anúncios amarelos, não havia qualquer código de barras, logo se conclui que a promoção era para produtos marcando tais preços nas etiquetas.



Eis que no caixa, passou uma, duas, três, dentro do valor do anúncio, mas a quarta marcou R$ 19,99, enquanto que a quinta R$ 25,99 e a sexta e última os R$15,97 das três primeiras. A atendente de caixa prontamente chamou a responsável para identificar o ocorrido, que por duas vezes me informou o valor diferenciado para as camisetas da bancada, embora todas ali tivessem sido retiradas das araras com cabides da loja.

Em tempo, as camisetas da bancada eram bem diferentes das que estava prestes a comprar. Eis que ela conferiu, mas ao retornar pediu para que eu a acompanhasse para mostrar as placas da promoção. Ainda diante dos anúncios em amarelo, fui informada de que as peças estavam misturadas, o que não era verdade, uma vez que ao retirar uma para compra, ficaram outras três idênticas -o que mostrei para ela. Estavam misturadas e juntinhas? Impossível!

Em meio a desculpas descabidas, a atendente alegou descaradamente que a camiseta registrada no caixa no valor de R$25,99, no marcador de preços da arara custava, na verdade R$29,99. Repetindo o mesmo para a outra registrada por R$ 19,99 -na arara em que havia muitas, muitas outras idênticas.

Antes de qualquer dúvida, todas as camisetas eram Marvel e estavam em cabides, não dobradas em qualquer bancada. Delas, cinco eram do "Homem-Aranha" e uma de "Os Vingadores". 

Ao fim, diante de tamanho desrespeito do Carrefour São Vicente, deixei as duas camisetas que havia provado e decidido comprar. Ali, aprendi que é extremamente desgastante perder tempo diante das propagandas enganosas que levam a lugar nenhum.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm


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